Sacrifícios

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Newt

Acordei sem controle algum do meu corpo, não conseguia raciocinar muito menos distinguir nada que aquelas pessoas de branco estavam falando, eles me deitaram em uma espécie de máquina de metal, meu corpo não me obedecia, senti prenderem minhas mãos e pés, e minha cabeça estava presa ali também com vários fios conectados, eu estava assustado, queria fugir dali, por que nem de longe aquilo parecia algo bom, senti a máquina subir me deixando na vertical e um homem se aproximou.

-Vamos começar, vamos entender um pouco mais como o cérebro dele funciona quando em contato com vírus.

-Então é ele que esperamos esse tempo todo? A5?

-É ele, o garoto que testamos no labirinto, imune ao fulgor, pode ser a salvação de muitos.

- Diz o que foi atingido por uma lâmina com o vírus e não teve nenhuma reação?

- Ele mesmo! eu estava louco pra encontrá-lo.

- Ele é uma gracinha.

Eu realmente não entendia nada do que aqueles dois médicos estavam falando, meu raciocínio estava lento, tentei puxar a as mãos e olhei o homem ligar aquela espécie de máquina, senti um barulho zunir como se fosse explodir meus tímpanos, minha cabeça doía, muito, era agonizante, e a única coisa que podia fazer era me contorcer de dor, enquanto gritava, estava doendo tanto, que se continuasse eu tinha certeza que provavelmente explodiria meus neurônios, o barulho ia aumentando aos poucos cada vez mais, e a dor estava me consumindo, apenas gritava sem ter nenhuma saída, podia sentir as lágrimas escorrerem automaticamente, a agonia só aumentava.

De repente eu estava no meio do labirinto, apavorado, verdugos atrás de mim, corri, e seguia correndo tentando fugir, e de repente eles estavam na minha frente, gritei voltando pra sala branca com aquelas pessoas todas ali, havia sido coisa da minha mente? o barulho amenizou e eu não tinha mais controle nem da direção em que estava olhando, minha cabeça ainda latejava e se não estivesse preso naquela máquina eu não conseguiria segurar meu próprio corpo.

- Para...por..favor

Implorei quase em um sussurro, sem sucesso algum, eles repetiram aquilo mais vezes do que pude contar, até porque me perdi na contagem três, era como se eu não soubesse o que era realidade e o que era a minha imaginação, não conseguia segurar o próprio pescoço, a dor agonizante continuava ali me lembrando que aquele procedimento aconteceria novamente em seguida.

-Ele é forte, ainda consegue voltar pra realidade sem que eu permitisse, isso me intriga, será alguma atividade diferente do que já vimos no cérebro de outros imunes ou ele só é teimoso? O que me diz?

-Não sei dizer, o que fica evidente é que assim que aplicado, o vírus até tenta se aderir ao corpo, mas é como se o sistema imunológico o expulsasse antes que chegasse ao cérebro.

-interessante, Teresa! Melhor deixar ele se recuperar um pouco, amanhã podemos continuar o processo.

Teresa, talvez fosse familiar, estava tentando assimilar o que estava ouvindo, mas eu já não sabia o que era realidade ou cenas criadas pela minha própria mente.

-Acho que devemos continuar tentando agora, o corpo quando está sob grande estresse naturalmente tende a reduzir o sistema imunológico, vamos ver até que ponto ele é imune.

-Você quer que a gente torture o garoto até ele não aguentar mais, é isso?

-Eu não diria torturar, é tudo pelo bem maior, eu chamaria de sacrifícios Doutor.

-Sacrifícios? Ele é só uma criança!

-Sim, todo mundo tem que sacrificar algo na vida, eu por exemplo sacrifiquei a confiança da pessoa que eu realmente gostava trazendo ele aqui.

All for you - Maze RunnerOnde histórias criam vida. Descubra agora