CAPÍTULO 35

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“Devemos julgar um homem mais pelas suas perguntas que pelas respostas.”

─ Voltaire


O dia no trabalho estava tranquilo, pelo menos na superfície. Spencer e eu estávamos sendo discretos, como sempre, mas não conseguíamos evitar trocar olhares. Eu sentia meu coração aquecer a cada vez que nossos olhos se encontravam, uma faísca que apenas nós dois conhecíamos. Era quase um jogo, essa troca silenciosa de olhares e sorrisos contidos.

Quando Morgan e Garcia começaram a cochichar entre si, eu já sabia que algo estava prestes a acontecer. Eles estavam planejando alguma coisa, e pelo jeito como Morgan olhava para mim e Spencer, percebi que nós éramos o alvo.

─ Ei, Princesa ─ Morgan chamou, casualmente, enquanto se aproximava de mim. ─ Pode vir aqui rapidinho? Precisamos da sua ajuda com uma coisa na sala do lado.

Eu arqueei uma sobrancelha, mas segui sem hesitar. Spencer vinha logo atrás, ainda absorto em seus pensamentos como de costume, murmurando algo sobre estatísticas e a probabilidade de que Garcia estivesse tramando algo.

Quando entramos na sala, Morgan saiu e, antes que eu pudesse reagir, ouvi a porta se fechar com um estalo. Spencer, como esperado, começou a falar rapidamente, tentando entender o que estava acontecendo.

─Florence, eles… eles nos trancaram aqui, não foi? Deve haver algum motivo estatístico ou um tipo de experimento social em andamento. Talvez seja um teste de confinamento psicológico, mas as chances disso serem menores que 5%...

Eu não pude deixar de sorrir, me encostando na parede enquanto ele falava, observando-o se perder em seus próprios pensamentos. Ele era adorável quando ficava nervoso, e eu não conseguia evitar aquele sentimento de querer protegê-lo do mundo, mesmo que ele fosse mais do que capaz de se cuidar.

─Spencie, ─ interrompi, suavemente. Ele parou de falar, os olhos fixos em mim, claramente tentando entender o que eu estava pensando. ─Eles querem que a gente confesse ou que role alguma coisa, mas acho que podemos jogar um pouco com eles, não acha?

Spencer piscou algumas vezes, processando minhas palavras.

─Você quer dizer... fingir que estamos confessando o que sentimos...?

─Exatamente ─ respondi, um sorriso travesso surgindo no meu rosto.

Nós nos aproximamos um do outro, os corpos tão perto que eu podia sentir sua respiração. Mantendo um olhar sério, mas com o coração acelerado, inclinei-me um pouco mais perto, como se estivesse prestes a confessar algo muito importante.

Do lado de fora, eu sabia que toda a equipe estava assistindo pelas câmeras, esperando ansiosamente por um momento que eles achavam que seria revelador. Era difícil não rir ao pensar nisso.

─Spencie ─ sussurrei, mas alto o suficiente para que as câmeras captassem. ─Eu preciso te contar algo... muito importante.

Ele assentiu, jogando-se no papel, apesar de ainda parecer um pouco confuso.

─ Sim, Birdie?

Eu levei a mão ao peito, dramatizando.

─ Eu… eu perdi seu livro de física quântica favorito.

Por um segundo, Spencer congelou. Ele não sabia se deveria rir ou entrar na brincadeira, mas quando percebeu o que eu estava fazendo, relaxou e entrou no jogo.

─Isso é terrível ─ disse ele, fingindo surpresa. ─ Mas... Eu posso ajuda-la a encontrar, tudo bem?

Eu o segui, fazendo um gesto exagerado de alívio.

𝐅𝐋𝐎𝐑𝐈𝐃𝐀!!! | 𝘈 𝘊𝘳𝘪𝘮𝘪𝘯𝘢𝘭 𝘔𝘪𝘯𝘥𝘴 𝘍𝘢𝘯𝘧𝘪𝘤Onde histórias criam vida. Descubra agora