Thomas
— Soube que o Barão Collin Hill vai se casar. — Magnólia, minha governanta comenta enquanto arruma a minha cama.
— Bom para ele — resmungo ajeitando a minha gravata, pedido para os céus que ela não continue com essa conversa.
— Devia ir sua graça!
Reviro os olhos para essa sugestão.
A verdade, é que desde que perdi a Chloe e o meu filho tudo ao meu redor perdeu o seu significado para mim. A morte é mesmo uma víbora traiçoeira, que roubou a dona do meu coração e o pior, o levou consigo. Portanto, amar outra vez nunca será uma possibilidade, embora eu saiba muito bem que preciso de uma mulher aqui dentro para me ajudar a pôr ordem e a cuidar de cinco irmãs.
Não é catastrófico que a morte insista em me rondar?
Primeiro os meus pais e a agora a minha pequena família.
— O convite é a coisa mais graciosa que vi na minha vida e dizem que a rainha estará presente.
— Não me admira. A rainha sempre o viu como um filho — retruco, me afastando do espelho. — Preciso ir ver umas questões com alguns fornecedores, avise para as minhas irmãs que podem começar sem mim.
— Oh, espere sua graça! — magnólia para bem na minha frente e com um sorriso, a garota começa a ajeitar alguns detalhes do meu terno, depois, atenciosamente ela arruma a gravata que julguei impecável. — Pronto! — Ela sibila arrastando a palma da sua mão pelo meu peitoral. Contudo, percebo um vislumbre de um brilho sonhador em suas retinas quando fita os meus olhos.
— Não faça mais isso! — rosno um tanto frio, arrancando o seu sorriso e consequentemente apagando o seu brilho também.
— Me desculpe, vossa graça, eu não tinha a intenção...
— Saia!
— É claro, sua graça! — A observo curvar-se ligeiramente e logo ela sai do meu quarto.
Ainda não sei por que aceito certos abusos seus.
A verdade, é que Magnólia é a filha da antiga governanta dos meus pais e que ela foi criada praticamente junto a minhas irmãs, já que ela tem a mesma idade da minha irmã do meio. E após se afastar dos seus afazeres, Magnólia assumiu o lugar de sua mãe. Devo dizer que ela é um desastre com as minhas irmãs, mas com a casa a garota até que dá conta.
— Sua graça! — Violet, a mais velhas das meninas me cumprimenta assim que me vir descer as escadas.
— Bom dia, querida irmã! — sibilo, beijando a sua testa, recebendo um lindo sorriso seu.
— Recebi um convite para ir a uma peça com algumas amigas...
— Não!
— Mas, Thomas...
— Você não tem aula essa manhã?
— Eu poderia faltar hoje.
— Não! — Ela resmunga algo e se retira.
— Sua graça!
— Bom dia, Alfred, já podemos ir — falo, saindo de casa no mesmo instante.
Devo dizer que ando cansado de tudo isso. Quer dizer, eu gostaria de ter uma vida normal, ou pelo menos um dia comum como uma pessoa normal. Sem empregados o tempo todo me rodeando, sem tamanhas responsabilidades e sem tantas cobranças. Respirar ar puro sem pressa para começar. Era assim que eu me sentia com Chloe. Ela sabia me fazer sorrir, me dava a liberdade de me livrar das minhas armaduras e de mostrar quem realmente sou por dentro e por fora. Dentro de quatro paredes era mais fácil sorrir e sentir a leveza de não ter que carregar o mundo em minhas costas...
— Chegamos, Senhor! — Alfred avisa, mostrando-me que estou longe de viver o meu grande sonho.
Vossa graça isso! Vossa graça aquilo!
Como Collin Hill consegue conviver com isso?
— Olha você, aí!
E falando no Barão...
— Como vai, vossa graça?
Reviro os olhos.
— Ah vamos, pare com isso! Não estamos no castelo e não tem ninguém aqui que nos obrigue a usar nossos títulos — retruco com nítido mal humor para o meu amigo de infância.
O fato é que tanto o Barão de Luxemburgo quanto o Duque de Birmingham nunca almejaram carregar tais títulos, porém, o fim dos nossos pais nos obrigou a aceitá-los com todas as suas regras e responsabilidades.
— Soube que vai se casar — comento à medida que entramos no palácio para uma conferência com os ministros. — E com uma brasileira?
— Com a mulher da minha vida.
— Cale-se! Temo que a morte não goste de casais estupidamente apaixonados e felizes.
— Do que você está falando, homem?
— Não consegue ver? Primeiro os meus pais, depois os seus e depois a minha família...
— Não está acreditando nisso, não é?
— E por que não?
Collin respira fundo, parando de andar, me fazendo parar também.
— Como você está? — Collin pergunta segurando nos meus ombros. Em resposta apenas puxo uma respiração alta.
— O meu mundo se acabou, Collin! — sussurro com amargor. — Não existe mais a sua alegria e nem o seu brilho...
— Você precisa superar, Thomas.
— Superar? — Arqueio as sobrancelhas de forma irônica. — É o que todos me dizem para fazer. Você precisa superar, Thomas, precisa se casar outra vez e constituir família. Mas que droga, acha que não estou tentando?!
— Ok, eu sei que é difícil. Eu sofri quando perdi os meus pais e tive que encarar a minha realidade logo em seguida. E eu sofri quando pior um instante pensei que a Ellen havia morrido, e todas as minhas esperanças se esvaíram.
— Como conseguiu? Como saiu desse maldito inferno?
Meu amigo apenas me olha nos olhos.
— Eu lutei e você precisa lutar também.
— Estou cansado, Collin! — confesso.
— Venha para o meu casamento... — penso em protestar, mas ele continua. — Leve as suas irmãs.
— A Josephine, Lydia e Sophie ainda são muito crianças para participar desses eventos, mas... acredito de que Violet e Abigail vão gostar de ir.
— Perfeito!
— Mas não prometo ficar muito tempo.
— Tudo bem!
Capítulo de degustação. Já guarda na sua biblioteca!
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Um Duque Em Minha Vida
RomanceApós perder os seus pais de forma repentina e trágica, Thomas Elliot tornou-se o mais jovem e poderoso Duque de Birmigham. Cobiçado pelas moças da alta sociedade inglesa, Thomas escolheu a mais linda e delicada filha de um conde para se casar e não...