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_ Judith? _ A chamo ofegante, assim que adentro o nosso quarto, mas para a minha decepção o encontro vazio. _ Judith? _ Volto a chamá-la quando abro a porta do banheiro, mas ela também não está lá.
Perturbado, volto para o quarto e ligo para ela. Nada. A ligação persiste até cair na caixa postal.
_ Merda! _ xingo esperado e apresso os meus passos direto para a sala. _ Vocês viram a Judith? _ pergunto para as minhas irmãs, que ainda parecem confusas com toda essa situação.
_ Pensei que ela estivesse no quarto. _ Josephine responde, enquanto as outras meneiam a cabeça em um não.
Apavorado, tento mais uma ligação.
_ Merda, Judith! Atende essa droga.
_ Até que a garota não é tão burra. _ Escuto a voz ácida de Rebecca e os meus olhos correm imediatamente para o topo da escadaria.
_ O que pensa que está fazendo? _ rosno uma indagação violenta, encarando-a possesso e dou alguns passos na direção do primeiro batente. Josephine intervém, parando bem na minha frente.
_ O que acha? Estou voltando para o meu lugar de direito nessa casa...
_ Você não tem...
_ Thomas, por favor! _ Josephine pede cautelosa, fazendo-me olhar nos seus olhos. _ Não perca a sua razão. Vá e esfrie a cabeça.
_ Ela não pode...
_ Eu sei. _ Ela sibila preocupada. _ Você precisa focar e fazer a coisa certa. _ Seus dedos fazem uma leve pressão no meu peitoral, me fazendo desistir do meu ataque e eu me afasto um pouco,acenando um sim sutil com a cabeça para ela.
No entanto, olho para a mulher em pé no topo.
_ Você não perde por esperar. _ Aponto-lhe meu indicador de forma ameaçadora.
_ Onde você pensa que vai? _ Rebecca rosna alto quando lhe dou às costas. _ Thomas Elliot, volte aqui! _ ordena. Contudo, passo pela porta e a fecho comais força do que o necessário
_ Leve-me ao palácio, Alfred! _ ordeno, acomodando-me no banco de trás. _ Judith amor, atenda só telefone. Nós precisamos conversar. _ Deixo uma mensagem para ela e me concentro na conversa mais complicada que terei em alguns minutos. _ Mia, preciso de uma audiência a sós com a rainha.
_ No momento, a rainha...
_ Diga-lhe que é urgente.
_ Oh! Aguarde um instante, sua graça.
Olho para o lado de fora através da janela de vidro escuro. E é exatamente assim que encontro a minha visão. Ela está escura. Se perspectivas, tão distante de um futuro feliz, que eu mal consigo vê-lo.
_ Sua graça?
_ Sim, Mia.
_ A rainha irá recebê-lo.
_ Obrigado!
Em alguns minutos consigo ver as lindas e rústicas torres do castelo, com suas bandeiras pontiagudas a balançar no vento, como se ele brincasse com elas. E quando finalmente o veículo para, eu desce, ajeitando o meu terno no meu corpo e dou alguns passos firmes para dentro do imponente prédio.
_ Por aqui, sua graça. _ Mia guia-me para o terceiro piso, direto para uma das salas onde a rainha costuma receber pessoas importantes para reuniões sigilosas.
Isso me diz que ela já deve estar a par de tudo. Não é surpreendente. É como se ela tivesse olhos e ouvidos por todos os lugares. Mesmo Londres sendo tão grande.
_ Sua majestade! _ A cumprimento com o devido respeito, adentrando o ambiente espaçoso, com suas enormes janelas, cobertas parcialmente por cortinas grossas e com uma decoração rústica que eu conheço bem.
_ Thomas! _ Ela me recebe como recebe a um filho, com abraços carinhosos e beijos cálidos e curtis no rosto. _ Sente-se! _ pede, oferecendo-me um lugar no sofá colonial. _ Você parece... afobado.
_ Um pouco.
_ Quer beber alguma coisas?
_ Rebecca está viva. _ Vou direto ao ponto. Mas ela não esboça qualquer reação de surpresa.
_ Soube que foi vista no aeroporto. A princípio pensei que estavam loucos, mas agora você está aqui perdido e angustiado.
_ Como ela pôde? Ela... ela contratou uma sósia. Colocou outra mulher na minha cama. E enquanto isso, disse estar aproveitando um pouco de liberdade.
_ Ela disse? E imagino que você gravou isso.
Balbucio.
_ Não.
_ Pelo que entendi Rebecca está disposta a tudo para voltar para casa.
_ Ela não pode. Eu estou casado com outra mulher.
_ Entendo. Mas Rebecca é a sua legítima esposa...
_ Com sua licença, majestade, mas Judith é a minha legítima esposa e não ela. Para tudo e todos, essa mulher está morta e eu sou viúvo.
_ Não mais, sua graça. _ Uno as sobrancelhas.
_ O que quer dizer com isso? Essa mulher forjou a própria morte. Ela abandonou o lar e o marido...
_ Entendo as suas frustrações, Thomas. Mas terá que provar isso diante dos tribunais. Como eu disse, ela parece estar disposta a tudo. Inclusive chamá-lo de mentiroso.
_ Não estou entendendo.
_ Você é inteligente, Thomas. E sim, está entendendo exatamente onde eu quero chegar. Rebecca pode criar uma história para a mídia e transformá-lo em um vilão. Papéis, sepultamento. Você nunca contou para a mídia o que realmente aconteceu. A morte de Rebecca sempre foi uma pauta de curiosidades para aqueles abutres. E de repente essa mulher ressurge transbordando vida para todos os olhos curioso da Inglaterra. Entende o que eu quero dizer?
Um calafrio se apossa do meu corpo e trêmulo, passo as mãos pelos meus cabelos.
_ Judith seria uma das pessoas mais atingidas nessa guerra.
Engulo em seco.
_ Não posso aceita-la de volta, Margareth _ sussurro sôfrego. _ Pensar em perder Judith é... como sucumbir ao inferno.
_ Então não a perca, querido. _ A rainha diz com voz doce. _ Descubra onde ela esteve. Vá até lá e faça a sua lição de casa. Prove a traição de Rebecca e se livre dela sem jogar muita sujeira nj o ventilador.
De repente me sinto esperançoso.
_ Farei isso. Mas não irei pessoalmente ou ela descobrirá sobre a minha trama. Isso lhe dará panos para agir antes de mim.
_ Faça como quiser, Thomas. Mas deja rápido. Se ela voltou com certeza trouxe uma carta na manga.
_ Farei isso, majestade. Obrigado por me escutar! _ Faço-lhe uma reverência e saio imediatamente.
_ Collin? _ falo assim que adentro o meu carro.
_ Thomas? Está tudo bem? Você parece nervoso.
_ Podemos nos encontrar?
_ Agora? Eu tenho uma reunião em alguns minutos.
_ É urgente. _ Ele faz silêncio. Suspira alto.
_ Me encontre no café do Plaza.
_ Ok.

***
_ Me desculpe a demora! _ Meu amigo diz arrastando uma cadeira e se acomoda nela. _ Tive um pequeno problema na saída. _ Seu olhar vem para a minha face e ele me avalia. _ Nossa, você está péssimo!
_ Rebecca está viva.
_ O que?
_ Exatamente isso que você ouviu. _ Collin franze o cenho, enquanto absorve essa informação.
_ Isso é algum tipo de brincadeira?
_ Estou com cara de quem está brincando? _ Sua face se endurece para a minha resposta.
_ Merda! E a Judy?
Meneio a cabeça em um não, segundo de uma respiração sútil.
_ Ela saiu de casa antes de conversarmos...
_ Isso é bom.
_ Me diga o lado bom disso que eu não sei.
_ Com a Judy longe da mansão Birmingham será mais fácil agir sem atingi-la. Me diga, onde essa escrota do caralho andou todos esses meses?
_ Não faço ideia. Mas você descobrirá para mim. _ Hill ergue as sobrancelhas com uma interrogação.
_ Eu?
_ Não posso fazer isso pessoalmente e não posso ter contato com algum detetive. Não quero que Rebecca preveja os meus passos, Collin. E não conheço ninguém melhor do que você para fazer isso.
Ele bufa.
_ Ok, então me convença a fazer o que me pediu.
Após pedirmos um café conto para Collin sobre a minha conversa com Rebecca e Adam dentro do meu escritório, na minha casa. E como imaginei, ele analisa o perfil da nossa conversa chegando a um denominador comum.
_ Começarei pelo aeroporto. Colocarei alguém de olho nela. E enquanto isso, fique longe da Judy!
O que?!
_ Não chegue perto dela ou os jornais serão implacáveis, Thomas. Você tem a obrigação de protegê-la de tudo e de todos.
Dito isto, o homem se levanta da sua cadeira, largando uma nota em cima da mesa e sai, me dando as costas.
Inferno!

***
No dia seguinte...
Sinto-me ilhado, sufocado, aprisionado pelos meus desejos e  ânsia de saber como ela está. Dormir não foi um dia privilégios concedidos a um homem  a beira do abismo. Então eu simplesmente assisti a noite brincar com as estrelas, enquanto uma fina nevasca construía uma camada de gelo pelas ruas. O dia clareou e eu saí nas primeiras horas, antes que todos acordassem e dirigi o meu carro por horas, parando sempre no mesmo lugar. Em frente ao seu prédio.
_ Sua graça? _ Desperto com a voz de Doris, que adentra o meu escritório com algumas sacolas nas mãos. _ Aqui está o que me pediu.
_ Obrigado, Doris!
_ Por nada! _ A garota me lança um sorriso curto, porém estranho e se vira para sair. _ Doris? _ A chamo.
_ Sim, sua graça!
_ Desmarque os meus compromissos...
_ Oh, mas...
_ Não volto mais para o escritório hoje. _ Pego as sacolas e vou para dentro do banheiro  sem esperar a sua resposta.
Uma calça de moletom, um casaco com capuz, luvas e tênis. Isso deve respeitar os paparazzi. Penso obstinado e saio, solicitando um táxi. Não pego um elevador e desço apressado as dezenas de batentes direto para o os fundos do prédio, onde o motorista já me aguarda. Passo o endereço de Judith e aguado ansioso o momento de pôr os meus olhos em cima dela.
Preciso saber se ela está bem.
Ela precisa saber que nada mudou entre nós.
Não demora e eu pago a corrida e saio do veículo, enfiando as mãos nos bolso do casaco. Os meus pés se apressam a caminhar ao seu encontro.
_ Pois não? _ O porteiro pergunta na entrada.
_ Desejo ver a Senhora Birmingham. _ O homem me olha com estranheza.
_ A duquesa não mora mais aqui.
_ Ora vamos, sou eu o Duque de Birmingham _ rosno baixo para não chamar a atenção.
_ Eu sei...
_ Então não me venha com essa! Eu sei que a minha esposa está aqui e eu desejo vela!
O homem respira fundo, dando-me passagem.
Três... dois... um.
Fiz uma contagem regressiva até obter coragem para bater na sua porta. Entretanto, prendo a respiração quando a maçaneta começa a girar e a visão de Judith me dilacera completamente.
Olhos vermelhos e inchados, boca trêmula, cabelos bagunçados e as suas olheiras me perturbam.
É tarde demais, ela já foi atingida.

******
Ola pessoal! Demorou mas chegou. Então, hoje meu computador não quis conversa comigo e o capítulo foi todinho escrito pelo celular. Mas está aí. Espero que goste.
Beijinhos!!!

Um Duque Em Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora