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Judith
Às vezes o medo nos faz recuar. Eu tinha a felicidade na palma da minha. Ei aprendi a sorrir sem esconder a minha dor. Aprendi a deixar o meu coração bater sem ser controlado pela tristeza. Aprendi a apreciar o calor de um sentimento tão forte e bonito. Então veio a gravidez e tirou essa cortina de brilho dos meus olhos. Mostrou-me que tudo não passou de ilusão. Que eu continuo perdida no escuro.
_ Pare de chorar, Judy. _ Ellen pede docemente, se afastando um pouco para me olhar nos olhos. _ Por que você está chorando, querida? _ Ela pergunta ainda com voz doce e antes de respondê-la, fungo algumas vezes, secando as minhas lágrimas.
_ Aconteceu, Ellen. Tudo o que ué mais temia aconteceu. O que eu faço agora?
_ O que aconteceu?
_ Eu... estou esperando um bebê. _ A minha voz falha, quando um nó aperta a minha garganta. _ Me diga, o que eu faço agora?
Minha amiga sorrir.
_ Sério? Você está chorando por isso? Ah meu Deus, Judith Evans! Não era para você está pulando de alegria com o seu marido? Esperar um bebê de uma amor tão lindo é motivo para comemoração e não para lágrimas.
_ Pulando e alegria? Por Deus, Baronesa, você sabe o que eu penso sobre isso! _ protesto.
_ Eu sei? O que eu sei é que você acredita em fantasmas, Judy. Mas para o sei governo eles não existem, querida.
Uno as sobrancelhas.
_ Veja o caso do Barão Collin Hill. Ele perdeu os pais ainda muito jovem, mas ele ganhou o Antony. E o nosso filho é a luz da sua vida.
Respiro fundo para conter as lágrimas.
_ Judy, você não pode construir a sua vida bom base no seu passado e nas suas perdas. Você precisa erguer os seus olhos e fitar o horizonte, precisa deixar a felicidade que já está no seu sistema te dar a vida que ela preparou para vocês.
_ Mas, como eu faço isso?
_ Só deixe as coisas acontecerem naturalmente, amiga. Olhe para você. Você se tornou a Duquesa de Birmingham. Uma mulher jovem e linda que tem um homem que te ama com todas as suas forças. Acredita mesmo que o destino vai querer destruir tudo isso?
_ Eu estou com medo, Ellen _ confesso baixinho.
_ Mas não devia, porque Thomas está bem ali, atrás daquela porta e ele está transtornado por você. Com medo de te perder. E você está aqui com medo do seu passado? Não acha que já está na hora de virar essa página, Judith de Birmingham?
Puxo uma respiração profunda e encaro a porta fechada.
_ Meu Deus, eu o culpei _ lamento. _ Eu disse coisas... eu o mandei ir embora!
_ Mas ele não foi. Isso é o mais importante agora.
Me deixo cair na cama estreita e encaro o teto, bufando em seguida.
_ Eu fui horrível com ele, Ellen. _ Volto a lamentar.
_ Você foi mesmo. Mas sabemos que quando estamos com medo, fazemos coisas horríveis, não é?
Engulo em seco e volto a me sentar na cama.
_ Será que você pode chamá-lo para mim? _ Minha amiga abre um sorriso largo.
_ Pode apostar que eu posso. E, parabéns pelo bebê! _ Sorrio.
_ Obrigada, Ellen! Por tudo. Você como sempre é maravilhosa comigo.
_ Assim como você foi generosa comigo um fia. E você sabe que eu te adoro você, não é?
Sorrio.
_ Eu sei. Eu também te adoro!
_ Ok, agora eu vou chamar o papai do ano. _ Ellen pisca um olho para mim e me pego sorrindo outra vez.
No segundo seguinte a observo passar pela porta e quando ela volta a se abrir, o meu coração dispara dentro do meu peito. Thomas adentra o quarto silencioso e cauteloso. E os seus olhos passeiam pelo meu rosto, avaliando-me calmamente.
_ Oi! _ sibilo baixo, porém, ansiosa que ele se aproxime de mim.
_ Oi! _ Meu marido fala no mesmo tom. _ Como você está se sentindo?
_ Carente. _ Thomas faz um gesto engraçado com as sobrancelhas.
_ Carente?
_ Eu... preciso do meu marido _ confesso, lançando lhe um olhar pidão.
Então ele solta o ar pela boca, como se o tivesse segurando todo esse tempo. Thomas não mede distância e ele vem imediatamente para perto sim. E como se ele tivesse urgência, me segura nos seus braços, apertando-me demoradamente neles.
_ Me desculpa! _ sussurro. _ Eu fiquei com medo.
_ Shiiii! Eu sei, meu amor. Eu sei.
_ Promete que nunca vai me deixar sozinha?
_ Eu não vou. Nunca a deixarei sozinha.
_ Eu te amo tanto! _ sussurro sofregamente e Thomas se afasta só um pouco. Seus dedos se ocupam em arrumar algumas mechas dos meus cabelos, enquanto os seus olhos molhados me fitam.
_ Também te amo, Judy! Deus sabe o quanto eu te amo!
Um beijo. Um beijo calmo e trêmulo me acalma por dentro, e as minhas mãos tomam posse de sua nuca para aprofundar o nosso beijo.
_ Você vai ser pai _ sibilo tão baixo em sua boca, sentindo-o sorrir em seguida.
_ Eu vou. Obrigado, Judy! Obrigado pelo nosso bebê! _ Emocionado, ele volta a me beijar, deixando-me fervorosa e quando tudo começa a ficar mais envolvente, alguém solta um pigarro dentro do quarto, nos obrigando a se afastar.
_ Estou vendo que está se sentindo melhor, sua graça. _ O médico fala e eu sinto as minhas bochechas queimarem no ato.
_ Ah, sim. Eu... estou mais calma agora.
_ Que bom! Será que podemos conversar um pouco agora?
_ É claro, doutor. _ Thomas responde, se acomodando só meu lado e segura na minha mão, cruzando os seus dedos nos meus.
_ Eu gostaria de marcar a primeira consulta de pré-natal com um dos nossos obstetras para a próxima semana.
_ Está perfeito, certo, querida? _ Apenas meneio a cabeça em concordância.
_ Ótimo! E, sua graça, se não for inconveniente da minha parte, seria interessante se fizesse um acompanhamento com uma psicóloga.
Receosa, encaro o Thomas, mas ele espera que eu diga algo.
_ O evento que vimos aqui me diz que você precisa se preparar para receber o seu bebê. Mas só se a Senhora concordar, é claro.
_ Eu concordo. _ Me pego dizendo.
_ Tem certeza, amor?
_ Eu vivi muito tempo escondida na sombra do meu passado, Thomas. Está na hora de deixar tudo isso para trás e viver a minha verdadeira felicidade com a minha nova família.
_ Que seja como você quiser, meu amor.
_ Ótimo! Deixarei uma consulta agendada para a mesma semana. Pode ser?
_ Tudo bem!
***
Uma semana depois...
_ Soube que o Duque está investindo em um projeto hospitalar em sociedade com alguns brasileiros. _ Ellen comenta erguendo um conjunto de pijama infantil na altura da sua cabeça.
_ Parece que a médica e sua equipe virá para a Inglaterra apenas para fechar esse negócio. Ele está bem animado.
_ Collin comentou. O que acha desse?
_ Não é para menina?
_ É sim.
_ Acho que o Antony não vai gostar da cor.
_ Hum, não é para o Antony.
_ Ah não? _ inquiro, parando de mexer nas araras de roupas infantis para olhá-la. _  Para quem então?
_ Eu ainda não dei nomes para elas. _ Arqueio as sobrancelhas.
_ Para elas?
Ellen leva o indicador aos lábios, pedindo o meu silêncio.
_ Oh meu Deus! _ Arfo. _ Você está...
_ Hum, ele ainda não sabe. E eu quero fazer uma surpresa.
_ Oh meu Deus! _ Vibro, abraçando-a no mesmo instante. _ Espera. Você disse, elas? _ A Baronesa abre um sorriso largo. _ Ellen! _ ralho animada demais, abraçando-a outra vez.
_ Quando soube?
_ Ah poucos dias, antes de você chegar de viagem.
_ Meu parabéns, Baronesa! _ Volto a abraça-la.
_ Acho que esse seria o ideal. O que acha? _ Ellen parece radiante quando ela ergue um macacãozinho cor de rosa com o título: Sou a princesa do papai.
_ Ele vai pirar!
_ Ótimo! Então seria dois desse. _ Rio da sua travessura. _ Quando vai saber o sexo do bebê, duquesa?
_ No próximo mês, acho. Ele ainda está pequeno e não dá para ver.
_ Espero que seja um menino. Assim o Antony terá companhia para brincar.
_ Eu não tenho preferências. Mas o Thomas até já comprou uma bola de Futebol para o filho.
_ Homens!
_ Hu, estou em cima da hora. Preciso voltar para a editora.
_ E eu para a livraria. Eu posso te deixar lá, se quiser.
_ Não precisa. O Boris virou a minha sombra desde que Thomas descobriu a gravidez.
_ Nesse caso, vou com você.
Espero Ellen pagar a conta e logo que entramos no carro, ele ganha movimento. _ Como estão as coisas com o psicólogo?
_ Estão indo bem. Quer dizer, nunca pensei que conversar com alguém sobre o meu passado iria me ajudar tanto.
_ Não entendo porque você nunca teve um acompanhamento. Isso teria te ajudado tanto.
_ Quer saber? Estou focada nessa minha nova fase da minha vida. Eu vou ser mãe, tenho um marido lindo que me ama e cinco cunhadas maravilhosas, que são como irmãs para mim. Eu nunca tive uma família de fato e agora tenho uma bem grande.
_ Fico feliz por você, Judy! _ Ellen segura na minha mão e olha dentro doseis olhos.
_ Obrigada! Tudo isso só foi possível por causa da sua insistência. Você sabe. Vir morar aqui na Inglaterra. As tarde de chás.
_ Na verdade, você e o Thomas armaram todo isso. Se fizeram de amantes e acabaram caindo na própria armadilha.
_ Ainda me lembro do dia que nos para debater aquele contrato ridículo. _ Rio.
_ Bom, cheguei ao meu destino. _ Ellen resmunga, se despedindo com um beijo e minutos depois, estou entrando na editora. Contudo, encontro Collin Hill dentro do meu escritório, segurando um livro que eu conheço muito bem. O seu olhar firme encontra o meu e me forço a fechar a porta, largando a minha bolsa em cima do sofá de três lugares.
_ Collin? _ falo, mas ele ergue o livro de capa preta na altura dos meus olhos.
_ Estava escondendo o melhor escritor apenas para você, Duquesa? _ Ele ralha com um tom levemente firme.
_ Ah, esse não é um... _ gaguejo.
_ A história da garota do orfanato é simplesmente maravilhosa.
Engulo em seco.
_ Você... leu a história?
_ Eu li.
_ Onde o encontrou?
_ Ele estava esquecido em cima da minha mesa. Eu pensei que seria mais um exemplar a ser analisado. O título me deixou curioso e comecei a ler. Judy, você precisa publicá-lo. Seria um crime guarda-lo apenas para você.
_ Eu não sei...
_ Eu nunca errei ao olhar para um bestseller. E a garota do orfanato com certeza é um.
Respiro fundo.
_ Eis a minha proposta para você, Senhora Birmingham. Assine um contrato conosco e leve a sua linda história para o mundo. Ajude outras garotas sem perspectivas de vida com essa sua linda história de superação e amor. E ganhe muito dinheiro com isso.
Balbucio completamente sem ação.
_ Eu... preciso pensar _ gaguejo.
_ Eu não tenho dúvidas disso. E acredite, vou aguardar ansioso pela sua resposta, minha querida. _ Dito isto, Collin deixa o meu diário em cima da minha mesa e sai.
Trêmula, me aproximo do objeto e o fito por alguns segundos.
Fitar a sua capa me faz lembrar do dia que comecei a escrevê-lo. Foi com esse livro que encontrei uma maneira confortável de sobreviver ao meu caos, mas agora ele promete ajudar outras pessoas. E acho que esse é o meu caminho para a minha absolvição. Talvez Thomas tenha razão. Talvez o Collin esteja certo. Está na hora de tirá-lo da gaveta e levar paz para alguns corações quebrados.

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⏰ Última atualização: 6 days ago ⏰

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