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Judith

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Judith

Mãos hábeis e quentes. Hálito suave e morno. Corpo forte e ardente.

Uh! Como vou trabalhar com esses pensamentos preenchendo a minha mente o tempo todo? Resmungo mentalmente, fitando o manuscrito volumoso bem na minha frente. Manuscrito esse que eu já deveria ter lido pelo menos a metade.

... Você gosta quando eu faço assim?

O delírio me entorpece quando me lembro do seu toque íntimo demais. E o meu coração acelera ao perceber que estou sentindo as mesmas sensações que ele me infligiu durante a madrugada.

— Que merda, Judy, se concentre no seu trabalho! — retruco áspera e abro o manuscrito.

"Ele segurou-a firme nos seus braços e tomou-a em um beijo tão envolvente, quase profano, arrancando-lhe alguns gemidos..."

Fecho imediatamente o livro e me levanto exasperada da cadeira, para aproximar-me de uma parede de vidro. E ao contemplar a linda cidade, puxo a respiração algumas vezes.

— O que você está fazendo comigo, Senhor Duque? — ralho baixinho e levemente ofegante, deslizando uma mão atrás da minha nuca, sentindo um suor de desespero começar a borbulhar em minha pele.

Lembranças de uma adolescente sozinha, sentada em um banco de um pátio movimentado vem a minha mente. Uma Judith Evans sem autoestima, sem alegrias e sem sorrisos. Uma jovem que amadureceu cedo demais e assumiu responsabilidades cedo demais para aprender a viver no mundo fora dos muros do orfanato.

... Eu juro que nunca amarei alguém e que nunca formarei uma família.

Essas palavras ecoaram dentro do meu ouvido em um momento de agonia e de solidão. Não quero correr o risco amar alguém e de perdê-la assim como os meus pais. Não quero ter filhos, e empurrá-los para dentro do mesmo abismo que vivi a minha vida inteira.

... Pare de pensar, Judith e olhe pelo lado bom.

... Qual é o lado bom? Isso que fizemos é...

... Sexo. Homens e mulheres fazem essas coisas e não necessariamente quando são casados.

... O que quer dizer?

... Que podemos aderir ao nosso acordo. Sexo, quarto e camas separadas. Pode dar certo para nós dois.

— Estou começando a pensar que isso não vai dar certo, sua graça.

Bufo, esfregando o meu rosto, como se esse gesto pudesse clarear as minhas ideias.

Algumas batidas na porta do meu escritório, resgata-me dos meus pensamentos sufocantes e eu olha na sua direção. Daly abre a porta e um sorriso logo em seguida.

— Falta meia hora para o almoço. Você vem? — Em resposta, olho para o manuscrito intocado e desanimo.

— Não vai dar.

Um Duque Em Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora