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Judith

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Judith

A quietude do prédio me lança dentro de um passado de medo e de dor. As crianças do orfanato podem ser cruéis quando querem. Pensar nisso me faz lembrar da primeira vez que fui propositalmente esquecida dentro de um porão escuro. O medo de ficar sozinha se agigantou roubando o meu ar e o pânico sufocava a minha garganta como se tivesse dedos para apertá-la. As sombras dos galhos das árvores que invadiam a janela davam asas a minha imaginação fértil, dando vida para monstros que pareciam querer me devorar.

Sacudo a minha cabeça e dou graças pelas luzes acesas no longo corredor. Entretanto, ao aproximar-me do elevador, olho para o relógio no meu pulso.

— Merda, Thomas já deve estar apavorado com a minha ausência — resmungo. As portas se abrem, as luzes se apagam e eu grito no mesmo instante que uma lanterna de um celular se acende. E nervosa, dou um passo para trás.

— Judith? — A voz de Thomas me acalma e a minha vontade é de correr para a segurança dos seus braços, porém, não faço.

— Thomas, o que está fazendo aqui?

— Você não chegou em casa e eu fiquei preocupado.

Solto uma respiração audível pela boca.

— Me desculpe, eu estava lendo um manuscrito e não vi a hora passar.

— Vamos pelas escadas. Com a energia desligada duvido que os elevadores funcionem.

— Claro.

Confesso que o meu corpo inteiro ainda está tremendo, mas o fato de Thomas levar uma mão a base da minha coluna traz-me um conforto. Uma sensação de tranquilidade e resolvo aproveitá-la ao máximo. Do lado de fora, ele abre a porta do seu carro para mim e me pergunto onde está o Oscar.

— Espero que se importe, dispensei o motorista.

— Eu não me importo — resmungo mergulhada na imagem da ponte Tower Bridge reflete as suas luzes nas águas calmas do rio Tâmisa. Não demora para os arranha-céus modernos entrarem no meu campo de visão completando a majestade histórica da ponte. — Para onde estamos indo? — pergunto quando ele sai da via principal, entrando em uma BR secundária e depois em uma viela.

— Não vamos para casa.

— Eu percebi, mas você não me respondeu.

— Precisamos de um momento só nosso, Judith...

— Precisamos?

— Nós mal conseguimos conversar hoje. Uma sequência de conversar cortadas e nada esclarecidas, e mal nos olhamos. Para isso dar certo precisamos olhar nos olhos um do outro e dizer tudo que pensamos.

— De onde veio isso?

— Josephine.

— Oh! Eu... continuo não entendendo.

Um Duque Em Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora