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Judith
Não consigo deixar de pensar que estou vivendo um sonho acordado. Penso quando sinto o toque dos seus dedos arrastando-se pelas minhas costas, enquanto fazem pequenos círculos em minha pele. O calor do seu corpo colado no meu me aquece, enquanto a neve cai impiedosamente lá fora. A sua respiração morna está batendo contra a minha nuca, causando-me leves arrepios por todo o meu corpo e me pego sorrindo quando lembro que fui amada nessa cama não só pelo seu corpo, mas pela sua alma também.
Devo dizer que essa sensação de felicidade que me absorve agora é incrível. Mas eu sei que tudo está por um fio de se acabar.
— Eu sinto muito pelo ocorrido, querida! — Thomas sibila baixinho, quando o seu rosto se enfia entre os meus cabelos e ele aspira o meu cheiro sem pressa, deixando-me arrepiada. No entanto, estou confusa.
— Ocorrido? — pergunto um tanto curiosa, virando-me de frente para ele. E sou imediatamente arrebatada pelo brilho dos seus olhos.
— Pela mentira na manchete — esclarece.
— Mas, ela não mentiu — sussurro, arrumando algumas mechas dos seus cabelos, porém, sem desviar os meus olhos dos seus. — Eu sou a sua amante, Thomas — confesso. Ele pensa em abrir a boca. Provavelmente  para protestar, mas continuo. — E eu gosto de ser a sua amante! — confesso.
E não estou mentindo. Amar e ser amada por esse homem está me proporcionando um sentimento que eu jamais julguei sentir por alguém na vida.
— Judy…
— Ela só não percebeu que você também é meu. — digo, o fazendo parar de falar. — Que você também é meu amante. — Thomas franze o cenho. Contudo, abro um sorriso pequeno. — E a maneira como ela conduziu a manchete está... um tanto equivocada. Mas sim, eu sou sua, Thomas. Eu sou sua esposa. Sua mulher. Sua amiga. E eu sou sua amante. — A compreensão lhe cai e Thomas me lança um olhar cheio de admiração.
— Eu te amo, sabia? — Ele confessa com um  sussurro e me beija calmamente.
Não seguro um sorriso, mas quando algo se passa na minha cabeça fico séria de novo.
— Eu não quero perder você, Thomas! — Expressar os meus medos em voz alta causa-me um desespero. Pensar que sou completamente  dependente do amor que ele tem para me dar me deixa em panico. Entretanto, ainda assim não quero ficar sem ele. E automaticamente Thomas segura na minha mão para beijá-la calidamente.
— E você não vai. Porque eu vou lutar com todas as minhas forças para isso não acontecer. Mesmo que a coroa se oponha. Irei contra tudo e contra todos por você, minha Duquesa.
Diante da sua declaração, não seguro o desejo de lhe beijar. Me esqueci de tudo. Das perseguições, dos nossos encontros escondidos, dos jornalistas que estão sempre a espreita e da louca da sua esposa. Esqueço-me até de que dia é hoje. Até o seu telefone começar a tocar e somos obrigados a parar.
— É o Collin.  — Thomas sibila agitado.
— Eu vou tomar um banho — aviso apenas para deixá-lo a vontade na ligação. E ao entrar no meu banheiro me pego sorrindo feito uma boba.
Demoro um pouco no banho e logo após me secar retorno para o quarto. Contudo, encontro o meu marido ainda no cômodo, perto de uma janela e de costas para mim. Ele parece curioso enquanto olha algo. Portanto, ajeito a toalha no meu corpo e decido quebrar o silêncio.
— O que você está fazendo? — questiono leve e até com um tom divertido.
Thomas se vira para mim e os meus olhos param em cima do caderno de capa dura na sua mão.
A Garota Atrás do Muros do Orfanato? — Ele indaga com curiosidade, revelando a capa de couro escura, que tem algumas letras cursivas cor de prata no seu título.
Engulo em seco, erguendo os meus olhos para os seus.
— Você... o leu? — questiono cheia de inseguranças.
— Um pouco. E devo dizer que estou fascinado pela história.
— Você... está? — Aperto o pano macio entre os meus dedos.
— Você escreveu isso?
Balbucio.
— São apenas... pensamentos.
— É bem mais do que isso, Judy.
Suspiro alto.
— Sabe quantas pessoas você poderia ajudar se...
— Não! — Nego firmemente. Seu sorriso se desfaz. Então ele percebe que essa conversa está me incomodando. Cuidadoso, Thomas larga o livro em cima da mesinha de cabeceira e se aproxima um pouco de mim.
— Está tudo bem, Judy. — Thomas garante.  No entanto, eu sei que não está.
Pois mesmo sem saber o quanto ele leu, sinto-me nua diante dele, mas de um jeito diferente. Thomas acabou de conhecer um pouco do que guardo somente  para mim. Ele viu as minhas cicatrizes. E, por Deus, eu não queria que ele conhecesse a Judy presa nas linhas daquelas páginas.
— Vem cá! — Ele pede baixinho, abraçando-me antes que eu consiga me afastar dele e logo me sinto confortável e segura outra vez. — Eu não pensei que não podia ler. Ele estava ao meu alcance e comecei a ler enquanto a esperava sair do banho.
— Nós... temos que ir — falo, evitando tocar nesse assunto.
— Tudo bem. Estou indo para a editora me encontrar com o Collin. Eu te dou uma carona.
— Tá! — sibilo ainda sem jeito, pressionando os meus lábios.
— Vou esperá-la na sala — avisa com um olhar e gestos inseguros. E eu sei que ele quer se afastar para eu me recompor.
E, é claro que ele está inseguro. Céus, ele deve estar vendo em mim aquela garota fodida das páginas que acabara de lê.
— Como você é burra, Judy! — grunho frustrada e encaro o livro. No entanto, me forço a vestir uma roupa para ir trabalhar. Entretanto, antes de sair do quarto resolvo colocar o livro dentro da minha bolsa.
Quem sabe assim o tiro das vistas de certos olhares curiosos?
***
Algumas horas depois...
— Judy, seu motorista pediu para você ir até a garagem. Parece que ele está com algum problema. — Darly avisa, entrando na minha sala de repente.
Contudo, franzo a testa.
— Que estranho! Por que ele não ligou direto para mim? — A garota faz um gesto de desdém.
— Vai saber! — Ela resmunga, saindo logo em seguida.
Ignorando a estranheza desse fato, saio da minha sala direto para um dos elevadores e aperto o botão da garagem. Enquanto sinto o leve pulsar da máquina debaixo dos meus pés, olho para o relógio no meu pulso e penso que está quase na hora de ir para casa.
As portas se abrem e eu ponho os meus pés fora da caixa, analisando o local extremamente silencioso.
— Bóris? — O chamo cautelosa, mas não o encontro aqui. — Bóris, onde você está? — Dou alguns passos para longe do elevador e para perto do carro. — Que estranho!
De repente me vejo cercada por um pequeno grupo de jornalistas e uma onde de flashes ilumina o meu rosto. Assustada, procuro uma saída e bufo ao perceber que estou distante demais do elevador.
— Senhorita Evans, uma pergunta! — Eles pedem ao mesmo tempo e com alvoroço, impedindo a minha passagem.  — Senhorita Evans, por favor! — insistem, enquanto luto para me livrar deles. Com passos rápidos tento alcançar o elevador, mas paro bruscamente quando a vejo em pé bem na entrada da garagem.
Rebecca.
— Senhorita Evans é verdade que você é a amante do Duque de Birmingham?
— A Senhorita foi a causa da separação do jovem casal?
— Onde conheceu o Duque, Judith Evans?
Irritada, me viro para sair dali quanto antes e assim que consigo alcançar o elevador, vejo Boris atrás de uma pilastra.
Uno as sobrancelhas.
As portas do elevador voltam a se abrir e eu entro apressada nele. Contudo, encaro uma jovem com o seu microfone na mão apontado para mim.
— Nos dê uma chance de saber a verdade, Judith. — Ela pede e antes que as portas se fechem, ela joga um cartão aos meus pés.
***
... Não dê entrevistas.
... Fique longe dos jornalistas.
Não sei se essa é uma boa opção. Penso.
... Nos dê a chance de saber a verdade, Judith.
... Ela pode me acusar de enganá-la. A final, eu escolhi não  falar sobre a sua morte.
Bufo alto.
— Droga, o que eu faço? — ralho frustrada.
A droga toda é saber que Rebecca elaborou uma armadilha para me lançar nas mãos dos jornalistas. Porquê? 
E o Boris? Ele a esta ajudando?
Puxo a respiração e esfrego o meu rosto, tentando pensar com clareza.
— Por que você quer tanto que eu dê uma entrevista, Rebecca? Qual é o seu plano? — questiono com sussurro quando lembro que ela estava lá. Sempre a espreita. Esperando algum vacilo meu... ou do Thomas?
Encaro o cartão da moça.
— Preciso falar com o Collin. Ele saberá o que devo fazer — digo, saindo do meu escritório direto para a sala dele. No entanto, ela está vazia. — Droga! — resmungo, parando de frente para a sua mesa. Contudo, algo me chama a atenção e curiosa, seguro alguns papéis e começo a ler.
Rebecca tem uma filha com outro homem?!
E o Thomas? Ele sabe disso?
Mas obstinada, pego o meu telefone e saio do escritório do meu sócio, fazendo uma ligação logo em seguida

 
Rebecca tem uma filha com outro homem?!
E o Thomas? Ele sabe disso?
Mas obstinada, pego o meu telefone e saio do escritório do meu sócio, fazendo uma ligação logo em seguida

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Gente, o babado está focando cada vez mais forte. Qual será o plano da Judy para isso? E será que vai dar certo? E esse Livro? Quantas novidades, hein?


Um Duque Em Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora