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Judith

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Judith

Inquietude, insônia, irritação. Desde quando isso acontece comigo? Já algumas horas que estou me revirando de um lado para o outro da cama e sequer consigo pregar os meus olhos. O motivo? Eu não sei. Talvez o fato de estar em uma casa estranha, ou por causa do convite que Lydia me fez.

Salto para fora da cama e me dirijo para a sacada. Lá fora o céu escuro tem algumas poucas estrelas tímidas e o frio é quase insuportável. Decido voltar para dentro do quarto e olho para as quatro paredes em silêncio.

— Chocolate quente, isso deve me ajudar.

Penso alto e pego um sobretudo felpudo, e um par de pantufas macias e quentinhas para enfim, sair do cômodo. Enquanto desço as escadas percebo que a casa toda já está dormindo. Melhor assim. Penso e caminho na direção da sala de jantar na esperança de encontrar uma cozinha nessa casa que parece não ter tamanho.

— Achei você — ralho, adentrando um cômodo imenso com uma quantidade exagerada de portas nos móveis e balcões, e me pergunto por onde começar? — Hum, deixe-me ver... — Vasculho, abrindo porta por porta, mas não encontro nada além de louças e utensílios de prata de toda sorte. — Quantas bocas eles alimentam? — resmungo, desistindo dos móveis e vou até a geladeira. — Hum, frutas, torta, iogurtes...

Bufo.

— O que está fazendo? — Uma voz grossa e imponente me faz soltar um grito alto e agudo de susto e inevitavelmente levo uma mão para o meu peito, respirando fundo para me acalmar.

— O que você pensa que está fazendo? — retruco malcriada. Mas Thomas parece não se importar. Ele adentra o cômodo e para do outro lado do balcão.

— Por que não está no seu quarto?

— Eu... perdi o sono. — Ele arqueia as sobrancelhas.

— Por quê?

— Não tem um porque, sua graça. Eu só perdi o sono e ponto final.

— Entendi, mas não entendi por que você está aqui na cozinha.

Puxo mais uma respiração.

— Chocolate quente. Eu preciso de um, isso me ajudará a dormir. — Agora ele une as sobrancelhas.

— Você é engraçada.

— Engraçada eu?

— Adora torta de avelã, mas não gosta de balas de coco e, chocolate quente a faz dormir.

— O que há de engraçado nisso? — resmungo, porém, ele contorna o balcão e para o outro lado da cozinha onde tem uma porta.

— Deve ter algo que a interesse aqui. — Thomas gira a maçaneta e eu reviro os olhos internamente.

É claro, uma dispensa.

— Leite condensado, creme de leite, leite em pó, cacau e barras de chocolate. — O duque segura um montante e leva para cima do balcão. Contudo, ele parece confuso e me olha. — Você sabe fazer chocolate quente?

Um Duque Em Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora