ANGELINA
O sol batia forte em meu rosto enquanto eu voltava para casa, carregando o peso da decisão que acabara de tomar no escritório de Raul Duarte Faria.
Cada passo parecia um fardo sobre meus ombros, a responsabilidade da escolha que moldaria o futuro da nossa família pesava como chumbo.
"Era algo que precisava ser feito", eu pensava, tentando me conformar.
Quando entrei na modesta casa onde morávamos, fui envolvida pela atmosfera acolhedora que sempre me confortava. Mas havia uma tensão no ar, uma tensão que só poderia ser aliviada compartilhando a notícia com minha mãe.
— Mãe! — chamei com firmeza, adentrando a pequena sala onde minha mãe estava sentada, concentrada na costura das roupas que vendíamos no mercado local.
Ela ergueu os olhos, preocupação estampada em seu rosto.
— O que foi, filha? — perguntou, imediatamente notando a seriedade em minha voz.
Respirei fundo, sentando ao lado dela e segurando suas mãos com firmeza.
— Fui ver ele. — comecei, escolhendo cada palavra com cuidado. — O senhor Duarte Faria me fez uma proposta...
Luísa franziu a testa, vislumbrando o pior.
— Que tipo de proposta?
Elevei meu olhar para encontrar o dela, decidida a enfrentar a realidade.
— Ele quer que eu me case com ele.
Os olhos de minha mãe se arregalaram em choque. Ela soltou um suspiro pesado, apertando minhas mãos com carinho materno.
— Angelina... Não... — sua voz tremia de preocupação. — Casar com um homem como ele...
Concordei com um aceno, sentindo o peso da responsabilidade sobre meus ombros.
— Eu sei, mãe. Mas não vejo outra opção. Se não fizermos isso, seremos despejadas e não teremos para onde ir.
— Filha...
— Pensa no Antônio, mãe. — pedi. — Ele precisa de um tratamento adequado e a gente finalmente vai poder fazer isso.
Ela baixou os olhos por um momento, lutando com suas próprias emoções antes de olhar novamente para mim com determinação.
— Se é isso que você decidiu fazer, minha filha. — disse com voz firme, apesar do medo palpável em seus olhos — Então faremos isso juntas.
Uma onda de alívio misturada com tristeza inundou meu coração.
Eu sabia o quão difícil essa decisão seria para minha mãe, mas também sabia que ela estava pensando no bem de toda a família.
— Obrigada, mãe. — disse com gratidão sincera, abraçando-a com força. — Prometo que farei tudo o que estiver ao meu alcance para proteger vocês.
Minha mãe acariciou meus cabelos com ternura, uma mistura de orgulho e apreensão refletida em seu olhar.
— Vamos enfrentar isso juntas — disse suavemente. — Como sempre fizemos.
***
Nos dias que se seguiram, trabalhamos lado a lado para preparar o casamento e organizar os detalhes necessários para a mudança para a mansão de Raul.
Apesar das preocupações e dos momentos de hesitação que surgiam, sabíamos que estávamos juntas nessa jornada, apoiando uma à outra com amor e cumplicidade.
Entre os afazeres, mamãe e eu encontrávamos momentos para conversar e refletir sobre o que estava por vir. Sentadas à mesa da cozinha, entre xícaras de café quente, compartilhávamos lembranças da nossa vida simples e as esperanças que tínhamos para o futuro.
— Você lembra, mãe... — comecei um desses momentos, o calor do café me aquecendo enquanto aconchegava a xícara entre as mãos, então continuei:
— Lembra de quando papai nos levava para passear no centro da cidade aos domingos? E de como ele sempre nos dizia que a família é o nosso maior tesouro?
Luísa sorriu suavemente, os olhos brilhando com ternura.
— Como poderia esquecer? Seu pai amava vocês mais do que tudo.
— Eu sinto tanto a falta dele... — murmurei, a saudade apertando meu coração.
Ela apertou minha mão com carinho.
— Ele estaria orgulhoso de você, Angelina. De como você está cuidando de nós.
Respirei fundo, sentindo um nó se formar na garganta.
— Eu só queria que as coisas fossem diferentes. Que não tivéssemos que passar por isso.
— Às vezes, a vida nos coloca diante de desafios que não escolhemos. — disse ela com sabedoria, seus olhos buscando os meus. — Mas o que importa é como escolhemos enfrentá-los. E você está fazendo o que precisa ser feito para proteger sua família.
Aquelas palavras foram um bálsamo para minha alma cansada.
Saber que minha mãe confiava em mim, mesmo diante de uma decisão tão difícil, era reconfortante.
— Eu sei que será difícil. — disse eu com sinceridade, as lágrimas ameaçando escapar, — Estaremos juntas nisso, não é, mãe?
Ela sorriu, os olhos brilhando com determinação.
— Sempre estaremos juntas, minha filha. Você não está sozinha.
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Comprada pelo Fazendeiro Milionário [Paixões Rurais - Vol.1]
RomanceRaul Duarte Faria tem 45 anos e é dono de quase toda Campo Lindo, pequena cidadezinha no sul do país. Possuidor de terras, gados e várias empresas, tem o poder de controlar tudo e todos. Bom, quase tudo. Angelina é uma jovem humilde de 21 anos, que...