44

4.8K 299 3
                                    

RAUL

Estava em meu escritório tratando de assuntos relacionados a fazendo quando o telefone tocou, interrompendo meus pensamentos. O som ecoou pela sala, cortando o silêncio de forma abrupta. Olhei para o aparelho com uma leve irritação, mas me levantei da cadeira e atendi.

— Alô.

— Senhor Duarte Faria, aqui é o delegado Mendes.

O tom grave do delegado imediatamente me colocou em alerta. Sempre que ele ligava, era porque algo ruim estava prestes a acontecer, ou porque precisavam de minha cooperação em algum assunto relacionado a Teresa e Rogério Fontes.

— O que foi agora, delegado? — perguntei, tentando manter a calma.

— É sobre Teresa. Ela será transferida amanhã para uma cadeia na cidade vizinha, onde aguardará o julgamento em regime fechado.

— E o que eu tenho a ver com isso? — retruquei, sentindo o familiar desprezo subir dentro de mim. A menção ao nome de Teresa sempre fazia meu sangue ferver. 

— Ela pediu para falar com o senhor antes de ser transferida.

Soltei uma risada amarga.

— Não tenho nada para falar com aquela mulher, delegado. Ela já fez estragos suficientes.

O delegado fez uma pausa.

— Eu entendo, senhor. Mas acredito que pode ser bom vocês conversarem. Teresa mencionou que tem mais a dizer sobre a participação de Rogério Fontes no crime. Se ela cooperar, podemos ter provas suficientes para também acusar Fontes e garantir que ele pague pelo que fez.

Aquele desgraçado era tão culpado quanto Teresa.

Passei a mão pelos cabelos, tentando pensar com clareza. Não queria, nem por um segundo, ver Teresa novamente. Porém, o pensamento de Fontes saindo impune, como sempre fazia, me enojava.

— Você acha que ela realmente pode dizer algo que incrimine Fontes? — perguntei, tentando manter a voz firme.

— Não custa nada tentar. Se conseguirmos essa confissão, Fontes terá um processo difícil de escapar.

Fechei os olhos e respirei fundo. Eu sabia que se visse Teresa, todo o rancor e a raiva que eu guardei poderiam vir à tona, e eu não sabia do que seria capaz. Mas também sabia que era necessário. Se eu quisesse derrubar Rogério Fontes, precisaria ouvir o que Teresa tinha a dizer.

— Tudo bem, delegado. — Finalmente cedi. — Eu vou encontrá-la, mas saiba que estou fazendo isso unicamente porque quero que Fontes também pague pelas consequências dos seus atos. Eu não estou indo lá para ouvir pedidos de desculpas ou arrependimentos falsos.

— Entendido, senhor Duarte. Vamos marcar o encontro para amanhã cedo, antes da transferência.

— Estarei lá. — Respondi antes de desligar o telefone.

Fiquei parado por um momento, ainda com o telefone na mão, tentando processar tudo o que acabara de acontecer. Voltar a encarar Teresa era a última coisa que eu queria, mas não podia deixar essa oportunidade passar. Não quando havia a chance de finalmente derrubar Rogério Fontes.

Soltei o ar devagar, colocando o telefone de volta no gancho e me sentando novamente na cadeira. Apoiei os cotovelos na mesa e enterrei o rosto nas mãos. A raiva que eu sentia por Teresa era como um fogo que nunca se apagava, e agora eu teria que manter esse fogo controlado, ao menos por tempo suficiente para obter o que eu precisava dela.

Peguei um copo de uísque e o levei aos lábios, tentando acalmar os nervos. A bebida desceu queimando pela garganta, mas não apagou a tensão que eu sentia.

Meus pensamentos voltaram para Angelina. Ela não sabia que Teresa tinha pedido para me ver, e eu sabia que teria que contar a ela antes de ir. Não queria esconder nada de minha esposa, não depois de tudo o que passamos juntos. Sabia que ela ficaria preocupada, talvez até com medo do que eu poderia fazer. Mas eu precisava que ela confiasse em mim.

Terminei o uísque de um gole e me levantei. Precisava sair do escritório e esfriar a cabeça.

Fechei a porta do escritório atrás de mim e comecei a caminhar pela casa, procurando Angelina. Ela estava na varanda, e assim que me viu, sorriu. Aquele sorriso sempre conseguia derreter qualquer tensão que eu sentisse, que acalmava meu coração cheio de ódio.

Caminhei até ela e a envolvi em meus braços, puxando-a para perto.

— Preciso conversar com você sobre uma coisa, meu amor. — Disse suavemente, tentando manter minha voz calma.

Ela se virou para me olhar.

— O que foi? Aconteceu alguma coisa?

Balancei a cabeça, tentando acalmar seus medos antes que se intensificassem.

— O delegado Mendes ligou. Teresa quer me ver antes de ser transferida para a cadeia na cidade vizinha, mas quer falar comigo antes disso.

Os olhos de Angelina se arregalaram levemente.

— E você vai? — ela perguntou, a voz quase um sussurro.

Eu segurei suas mãos e apertei levemente, tentando transmitir a ela toda a segurança que eu sentia naquele momento.

— Vou. — Respondi com firmeza. — Mas estou fazendo isso por nós. Teresa pode ter algo a mais a dizer sobre Fontes e quero que ele pague por tudo o que fez, por todas as vidas que destruiu. Não estou fazendo isso por ela, e certamente não estou indo lá para ouvir pedidos de desculpas.

Ela assentiu lentamente, mas ainda vi a preocupação em seus olhos.

— Só tome cuidado. — Havia preocupação em suas palavras. — Não faça nada que possa te prejudicar, ouviu? Não quero meu marido atrás das grades por causa daquela mulher.

Levei minha mão ao seu rosto, sentindo a suavidade de sua pele sob meus dedos, e deixei o polegar deslizar levemente por sua bochecha.

— Eu prometo, Angelina. — Meus olhos encontraram os dela. — Farei o que preciso fazer, e depois voltarei para você e nosso bebê.

Minha mão deslizou de seu rosto para a curva de seu pescoço. Inclinei-me um pouco mais, de forma que nossos rostos estavam a poucos centímetros um do outro, e continuei a falar, minha voz agora apenas um sussurro:

— Nada vai nos separar, nem Teresa, nem Fontes, nem ninguém.

Ela olhou para mim, e um pequeno sorriso começou a se formar em seus lábios.

— Eu confio em você, Raul. — Sua voz era quase um suspiro.

Eu me aproximei ainda mais e a beijei. Nossos lábios se encontraram e a doçura de seu gosto me envolveu, preenchendo cada canto de meu ser com a certeza de que eu faria qualquer coisa por ela.

Comprada pelo Fazendeiro Milionário [Paixões Rurais - Vol.1]Onde histórias criam vida. Descubra agora