Epílogo

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RAUL

Alguns anos depois...

Nesses anos a minha vida deu uma verdadeira reviravolta. Hoje, enxergo o mundo de uma maneira totalmente diferente. O que antes era cinza e sem graça, agora ganhou vida, cheio de cor e significado. Aqueles dias monótonos, em preto e branco, ficaram no passado.

Angelina.

Miguel.

Olivia.

A razão que eu tinha para continuar vivendo.

Eu estava ao lado do cercado, ajustando as rédeas do cavalo enquanto observava Miguel que estava todo empolgado.

Com apenas sete anos, ele estava montando sozinho pela primeira vez. Embora fosse tão jovem, já mostrava uma determinação impressionante e, constantemente, pedia para cavalgar com um pouco mais de "liberdade", sem ninguém guiando.

Ainda assim, era claro que eu não o deixaria totalmente livre para guiar o cavalo, pelo menos não por enquanto. Talvez daqui a alguns anos. Agora, eu ficaria bem perto, acompanhando cada movimento e garantindo que nada de errado acontecesse.

— Tá pronto, filho? — perguntei, segurando o cavalo firme pelas rédeas, enquanto olhava Miguel com orgulho. Ver ele ali em cima, todo concentrado, me fazia lembrar de quando eu era da idade dele, e tudo o que eu queria era montar um cavalo sozinho, como ele está fazendo agora.

Miguel ajeitou o chapéu de cowboy, que ainda era um pouco grande para sua cabeça pequena. O jeito como ele mexia no chapéu, com cuidado e tentando parecer mais adulto, me arrancava um sorriso toda vez. Aquele menino tinha tanto de mim.

— Pronto, pai! — Ele respondeu firme. 

Eu me aproximei um pouco mais e olhei diretamente nos olhos dele. 

— Tem certeza, campeão? — perguntei, rindo um pouco enquanto fingia ajustar as rédeas, só para prolongar o momento. — Esse aí é um cavalo forte, precisa de coragem. Acha que dá conta?

Ele bateu de leve com as duas mãos no lombo do cavalo, como se estivesse tentando mostrar que já sabia lidar com o animal.

— Eu dou conta, pai. Já montei com você várias vezes! — respondeu ele.

Eu levantei um pouco o chapéu da sua cabeça e olhei diretamente nos seus olhos.

— Sei que você dá conta, Miguel. Mas não é só sobre montar, filho. — Falei, com a voz baixa e firme, querendo que ele prestasse atenção. — O cavalo precisa sentir que você tá calmo, que tá no controle. Se ele perceber que você tá nervoso, ele também vai ficar. Entendeu?

Miguel ficou sério por um momento, refletindo sobre o que eu disse. Ele sempre levava minhas palavras a sério, e isso era algo que me orgulhava muito. Depois, assentiu.

— Tô calmo, pai. Eu prometo. — Ele disse, agora com mais convicção.

Eu sorri, sabendo que ele estava pronto.

— Então, lembra: pé firme nos estribos, joelhos fortes, mas os braços soltos, tá? O cavalo precisa sentir que você tá tranquilo, que tá no comando. — Falei, fazendo o movimento com as mãos, enquanto ele observava atentamente, tentando imitar o gesto.

Não tinha preço ver aquele brilho nos olhos dele, essa vontade de ser como o pai, de aprender o que eu sabia. Afinal, tudo isso seria dele e da Olívia.

— Vai devagar, tá? Confia em mim e no cavalo. Eu tô aqui do seu lado. — acrescentei, passando a mão no ombro dele.

Ele olhou para mim com um sorriso.

Comprada pelo Fazendeiro Milionário [Paixões Rurais - Vol.1]Onde histórias criam vida. Descubra agora