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ANGELINA

Um ano depois...

Era um dia perfeito. Um daqueles que parece ter sido feito sob medida para momentos de paz e felicidade. E ali estávamos, Raul, Miguel e eu, em um piquenique que, para mim, era mais do que apenas uma refeição ao ar livre. Era uma celebração de tudo o que havíamos conquistado, de todos os desafios que havíamos superado juntos.

Miguel, nosso pequeno tesouro, estava deitado na toalha estendida sobre a grama macia, brincando com as pequenas flores que havia arrancado com suas mãozinhas curiosas. Ele ria sozinho, encantado. Era impossível olhar para ele e não sentir um profundo senso de gratidão. Há pouco mais de um ano, eu não poderia imaginar que estaríamos onde estamos hoje. E, no entanto, aqui estávamos, uma família unida, finalmente em paz.

Raul estava sentado ao meu lado, o semblante relaxado enquanto observava Miguel. Suas mãos, sempre firmes e protetoras, estavam pousadas sobre a toalha, quase tocando a minha. Raul havia mudado tanto ao longo do último ano. De um homem frio e distante, ele se transformara em alguém que eu jamais imaginaria conhecer. Alguém capaz de amar com uma intensidade que eu jamais julgara possível. E o amor dele por Miguel era a prova viva disso.

Meu marido estava, pouco a pouco, saindo do casulo em que vivia, dando passos curtos em direção à felicidade. A transformação não foi instantânea, mas cada pequeno gesto, cada esforço para se abrir mais ao mundo, era notável e significativo. Raul havia prometido que tentaria ser mais sociável, mais aberto às pessoas ao nosso redor, e ele estava cumprindo essa promessa com muita dedicação.

Passamos a ser convidados com frequência para festas e encontros nas fazendas vizinhas, algo que antes ele teria evitado sem hesitação. Mesmo que ainda houvesse certa relutância em seus olhos, ele fazia questão de aceitar os convites, se permitindo viver e experimentar momentos que antes lhe eram desconhecidos. Essas ocasiões se tornaram momentos preciosos para nós, onde podíamos relaxar, conversar com outras pessoas, e apresentar Miguel para a sociedade, para pessoas além dessas cercas que rodeavam a fazenda.

Além disso, Raul também começou a sugerir passeios na cidade, algo que antes só fazíamos quando havia necessidade. Agora, sem qualquer motivo específico, apenas pelo prazer de sair e estar em um ambiente diferente, íamos juntos à cidade, caminhando pelas ruas, visitando lojas, e aproveitando a companhia um do outro.

— Ele está crescendo tão rápido, não é? — Raul comentou, a voz suave, como se tivesse medo de quebrar a tranquilidade daquele momento.

Eu olhei para ele, sorrindo, e assenti. 

— Sim, às vezes parece que foi ontem que o segurei nos braços pela primeira vez.

As lembranças do nascimento de Miguel ainda estavam frescas em minha memória. Me lembro de como o mundo pareceu parar no instante em que ouvi seu primeiro choro, e de como tudo mudou no momento em que Raul o segurou pela primeira vez, seu olhar era de um amor tão profundo e verdadeiro que não pude deixar de me emocionar. Naquele momento, eu soube, com toda a certeza, que Miguel sempre teria o amor e a proteção incondicional de seu pai.

Eclipse estava próximo, pastando tranquilamente. A presença dele ali era simbólica para mim. Ele era muito importante, mais que um simples cavalo.

— Ele se parece tanto com você. — Eu disse, quebrando o silêncio.

Raul riu baixinho, balançando a cabeça. 

— Não sei se isso é uma coisa boa. Espero que ele herde mais de você do que de mim.

Eu o olhei. Raul sempre fora tão crítico consigo mesmo, sempre achando que não era bom o suficiente, que seus erros do passado eram maiores do que suas conquistas. Mas eu sabia a verdade. Sabia que o homem que estava ao meu lado tinha um coração enorme, capaz de amar com uma profundidade que poucos conheciam.

Comprada pelo Fazendeiro Milionário [Paixões Rurais - Vol.1]Onde histórias criam vida. Descubra agora