ANGELINA
Alguns dias depois...
Raul havia prometido nos buscar para começarmos uma nova vida em sua fazenda. O prazo para sair daquela casa estava quase vencendo, e Rogério Fontes, ex-patrão do meu pai e inimigo de Raul, pairava sobre nós como uma ameaça escura.
Meu coração estava cheio de incertezas, mas sabia que não tínhamos outra escolha.
Minha mãe estava ocupada empacotando nossos poucos pertences enquanto Antônio corria ao redor, animado com a ideia de ter um quarto novo.
— Vou ter um quarto só para mim, mana? — ele perguntou, com os olhos brilhando.
— Não sei, Antônio, mas se não tiver, vamos todos dormir juntos como sempre. Isso nunca foi um problema, né? — apertei seu nariz e ele assentiu, feliz.
Meu irmãozinho era tão compreensivo.
— Vai ter um quarto novo só para você, cheio de brinquedos legais — Raul interveio, bagunçando os cabelos de Antônio, que sorriu largamente com dois dentes faltando na parte de cima.
— Oba! — ele exclamou, radiante.
Raul sorriu para Antônio e depois olhou para mim, seus olhos transmitindo determinação e carinho.
Nos poucos dias que sucederam o pedido de casamento e ao meu "sim", foram poucas às vezes em que vi Raul. Eu sabia que ele era um homem ocupado, mas mesmo assim, veio até minha casa duas ou três vezes para saber como estávamos e deixar algum dinheiro.
Algum dinheiro...
Ele não havia só deixado algum dinheiro, Raul tinha dado uma quantia que minha família e eu só conseguiríamos se juntássemos por uns três ou quatro meses. E isso para que nos mantivéssemos pelos dias que restavam para sair daqui, ou seja, era muita coisa.
Eu até havia tentado negar e devolver boa parte, mas ficou ofendido e disse que não aceitaria devoluções.
Eu ainda não sabia o que pensar de Raul. Eu não sabia se aquela era sua verdadeira face, ou se ele apenas queria nos ludibriar para conseguir algo.
— Pronta para começarmos nossa nova vida, Angelina? — perguntou e eu apenas assenti.
Enquanto Raul ajudava minha mãe a carregar as caixas para o carro, o som dos cascos de cavalo ecoou pela estrada de terra. Olhei para cima e vi Rogério Fontes, ex-patrão de meu pai e inimigo declarado de Raul, se aproximando montado em seu cavalo. Sua expressão era severa e ameaçadora.
— Angelina! — ele gritou, parando seu cavalo perto da casa. — Se vocês não tirarem essas coisas daqui agora, vou colocar todos para fora a pontapés!
Um arrepio percorreu minha espinha com suas palavras. Rogério sempre fora um homem cruel e implacável, e sua ameaça não era vazia.
Raul, percebendo a tensão, deu um passo à frente, posicionando-se entre mim e Rogério.
— Você não vai tocar em ninguém, Fontes. — Raul disse com voz firme, seus olhos fixos no inimigo. — Se tiver juízo, nunca mais ouse ameaçar Angelina ou sua família outra vez.
Rogério riu, um som áspero e desdenhoso.
— Quem você pensa que é, Duarte? Estas terras são minhas, e não me lembro de ter te convidado para pisar nelas.
— Angelina agora é minha noiva, e estou aqui só para recolher seus pertences. Ela nunca mais precisará voltar aqui. — Raul replicou, seu tom firme.
Minha mãe, com lágrimas nos olhos, segurou minha mão com força.
— Vamos sair daqui o mais rápido possível, Angelina. Não quero que esse homem machuque ninguém. — disse ela, olhando com desprezo para Rogério.
Minha mãe nunca havia escondido seu desgosto por ele. Lembro-me disso desde que era muito pequena, mas nunca entendi totalmente o motivo de seu ódio.
— Escutem a mulher. Talvez Luísa seja a única pessoa sensata aqui — Rogério zombou, olhando para minha mãe. — Vou dar vinte minutos. Se não terminarem, mandarei meus homens incendiarem esta casa com tudo dentro.
Engoli em seco, tentando manter a calma.
— Vamos embora daqui o mais rápido possível.
Enquanto Raul e Rogério continuavam a trocar palavras duras, ajudei minha mãe e Antônio a carregar as coisas para o carro de Raul. Minha preocupação agora era garantir que todos chegassem à nova casa em segurança. Sabia que Raul era um homem forte e determinado, mas Rogério era imprevisível e perigoso.
— Estamos prontos. — anunciei finalmente, olhando para Raul.
Ele assentiu e virou-se para Rogério, seus olhos brilhando com determinação.
— Estamos saindo agora, Fontes — avisou. — Mantenha distância deles. Isso não é um pedido.
Rogério observou com uma expressão de desprezo enquanto subíamos no carro, deixando para trás o lugar onde havíamos passado boa parte de nossas vidas.
Uma lágrima escapou de meus olhos, lembrando dos momentos felizes compartilhados com papai ali.
Momentos que agora seriam apenas memórias.
A viagem até a nova casa foi tranquila, mas minha mente estava tumultuada. Raul havia decidido ceder uma de suas propriedades para que pudéssemos morar. A casa ficava a cerca de 40 minutos da fazenda de Raul, um local seguro e próximo o suficiente para visitas frequentes.
Quando chegamos, minha mãe ficou maravilhada com a nova casa.
— É tão bonita! — disse ela, olhando ao redor com os olhos brilhando de alegria.
Raul se aproximou, colocando a mão suavemente em meu ombro.
— Eu sei que você gostaria que sua família estivesse mais perto, mas essa foi a escolha de sua mãe. Ela preferiu ficar na propriedade mais próxima da fazenda para que possam se ver sempre que quiserem. Esta é a mais próxima, e não se preocupe, trarei alguns funcionários da fazenda para ajudar aqui, incluindo um motorista.
Minha mãe assentiu.
— É verdade, Angelina. Eu senti que seria melhor assim. Raul é um homem bom, e sei que cuidará bem de você. E estaremos apenas a poucos minutos de distância sempre que precisar de nós.
— Eu pensei que íamos morar juntas, mãe. — reclamei. — Este não era o acordo.
Olhei para Raul, procurando uma resposta.
— Confie em mim, Angelina. — disse ele suavemente. — Confie apenas um pouco em mim.
Eu sabia que precisava confiar nele, e as palavras de minha mãe também me trouxeram conforto. Abraçando-a com força, prometi visitá-la sempre que pudesse. Antônio, com seu sorriso inocente, parecia animado com a nova casa e a perspectiva de novas aventuras.
— Vamos só organizar tudo aqui e logo eu ficarei com você até o dia do casamento. — sussurrou ele em meu ouvido.
— Está bem. — tentei sorrir, limpando minhas lágrimas e as dele.
Durante a viagem de volta, Raul segurou minha mão, transmitindo uma sensação de segurança e apoio.
Era estranho. Eu não senti vontade de afastar sua mão da minha.
— Angelina, há algo mais que preciso lhe dizer — ele começou. — Nosso casamento está marcado para daqui a dois dias.
Olhei para ele, sentindo uma onda de emoções.
— Dois dias? — perguntei, tentando processar a informação.
— Sim — ele confirmou. — Quero começar nossa vida juntos o mais rápido possível.
Assenti, sentindo uma mistura de nervosismo e expectativa.
Ele sorriu, apertando minha mão com firmeza.
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Comprada pelo Fazendeiro Milionário [Paixões Rurais - Vol.1]
RomanceRaul Duarte Faria tem 45 anos e é dono de quase toda Campo Lindo, pequena cidadezinha no sul do país. Possuidor de terras, gados e várias empresas, tem o poder de controlar tudo e todos. Bom, quase tudo. Angelina é uma jovem humilde de 21 anos, que...