RAUL
Eu me dirigi ao quarto de Teresa, onde ela estava, agora, recolhendo suas coisas com as mãos trêmulas. Ao me ver entrar novamente, ela parou, seus olhos cheios de lágrimas.
— Teresa! — chamei, a voz soando mais alta e mais dura do que eu pretendia.
Ela se virou para mim, os olhos arregalados.
— Você não apenas desrespeitou a minha esposa, mas também disse que esse não era o lar dela, que o lugar dela não era comigo. — comecei, sentindo a raiva aumentar a cada palavra. — Isso é inadmissível. Angelina é a minha esposa e o lugar dela é ao meu lado. Nunca mais repita uma besteira dessas, porque ela nunca irá me deixar. — Eu falava pausadamente, cada palavra carregada de uma fúria que eu mal conseguia conter.
Teresa tentou se justificar mais uma vez, balbuciando algo sobre mal-entendidos e nunca ter tido a intenção de ofender. Mas eu levantei a mão, a silenciando com um gesto brusco.
— Eu não quero ouvir mais desculpas! — interrompi, a voz ressoando pelo quarto. — Sua atitude foi inaceitável e não há justificativa para o que fez. Você fez minha esposa, a mulher que eu amo, se sentir uma intrusa em sua própria casa. Isso é imperdoável. — continuei, a raiva fervendo em minhas veias.
— Por favor, senhor Raul, eu não tenho para onde ir. Minha família depende de mim... — implorou ela, a voz quebrada, quase um sussurro de desespero.
Eu não era um homem cruel, mas quando se tratava de Angelina, eu poderia virar até o próprio diabo. Ninguém jamais tiraria a minha esposa do meu lado. Ela era minha, e só minha. Cada olhar, cada toque, cada suspiro dela pertencia a mim. Eu sabia que havia uma linha tênue entre proteger e dominar, mas quando se tratava de Angelina, eu estava disposto a cruzar qualquer limite.
Desde o momento em que ela entrou na minha vida, uma chama de possessividade se acendeu dentro de mim. Eu a amava com uma intensidade que me assustava às vezes, mas nunca permitiria que alguém a fizesse se sentir menos do que a rainha que ela era para mim.
Quando ouvi as palavras de Angelina sobre o comportamento de Teresa, senti meu sangue ferver. O simples pensamento de alguém fazendo minha esposa se sentir desconfortável ou indesejada em nossa casa era insuportável. Minha casa era o lugar dela, ao meu lado. E quem ousasse desafiar isso, enfrentaria a minha ira.
Eu estava determinado a deixar claro para qualquer um que cruzasse nosso caminho: Angelina era intocável.
— Você receberá cada centavo do que lhe é devido. Mas não pode mais trabalhar aqui. Não depois do que fez. — reiterei, a voz ainda firme.
— Meu sobrinho continuará trabalhando para o senhor? — Teresa soluçava. — Ele não tem nada a ver com os meus erros, seu Raul.
— Tudo bem, Teresa. Mário pode continuar aqui, mas não quero que se aproxime de Angelina de novo, entendeu?
— O senhor esqueceu daquela noite?
Fiquei perplexo por um momento. Eu sabia bem a qual noite Teresa se referia, a uma que nunca deveria ter acontecido. O gosto amargo da culpa e do arrependimento ainda estava fresco em minha memória.
— Eu nunca sequer pensei nela. — fui duro nas palavras. — Faz tantos anos, Teresa. Éramos jovens, eu bebi demais e acabamos... na cama, mas foi só isso. Eu disse a você e realmente pensei que estava tudo bem, mas parece que não, não é mesmo?
Ela me olhou com olhos cheios de dor, uma dor que eu sabia que, de certa forma, eu tinha causado.
— Eu amava o senhor. Eu amo. — confessou, tentando se aproximar, mas dei um passoo para trás e pude ver a dor nos olhos dela. — Nós fizemos amor e...
Senti a necessidade de ser claro, de colocar um fim definitivo naquela história.
— E eu amo a minha esposa. — respondi.
Ela me olhou com incredulidade e raiva, como se eu tivesse acabado de destruir suas últimas esperanças.
— Ela não merece o senhor. — disse Teresa, sua voz carregada de rancor e desespero.
Minha paciência começava a se esgotar. A possessividade e a proteção que sentia por Angelina faziam meu sangue ferver. Quem era Teresa para julgar o amor que eu tinha pela minha esposa?
— O que está dizendo? — perguntei, tentando manter a calma.
— Ela só está com o senhor por conveniência, por causa do seu dinheiro. — Teresa disparou e suas palavras me atingiram com força.
— Cale a boca. — ordenei.
— O senhor morre de amores por ela, vive se declarando, dando presentes... e ela? Ela ao menos diz que lhe ama?
Fiquei calado. Aquilo me atingiu de forma inesperada. A insegurança começou a se infiltrar em minha mente.
Será que Teresa estava certa? Será que Angelina realmente não me amava da mesma forma que eu a amava?
— Ela não diz, porque não sente. Ela não diz porque na primeira oportunidade, se pudesse e tivesse dinheiro o suficiente, lhe deixaria. — continuou Teresa, suas palavras ecoando na minha mente como um tambor incessante.
Eu precisava acreditar no amor de Angelina, na sinceridade de seus sentimentos. E mesmo que ela não dissesse "eu te amo" com a mesma frequência que eu, seus atos, sua presença ao meu lado, eram prova suficiente, deveriam ser.
— Não se atreva a falar assim da minha esposa novamente. — falei, minha voz baixa e ameaçadora. — Angelina é minha e nada nem ninguém vai mudar isso. Agora sou eu quem exijo que deixe essa casa. Vá embora agora mesmo.
Vi a derrota nos olhos dela, mas Teresa havia tocado em algo que deveria ser intocado e isso não merecia sequer a minha piedade.
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Comprada pelo Fazendeiro Milionário [Paixões Rurais - Vol.1]
RomanceRaul Duarte Faria tem 45 anos e é dono de quase toda Campo Lindo, pequena cidadezinha no sul do país. Possuidor de terras, gados e várias empresas, tem o poder de controlar tudo e todos. Bom, quase tudo. Angelina é uma jovem humilde de 21 anos, que...