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TERESA

Eu estava no meu quarto, imersa em um mar de frustração e raiva. As malas estavam espalhadas pelo chão, e eu as enchia com uma determinação frenética. Cada peça de roupa que eu dobrava e colocava dentro da mala parecia pesar mais, não apenas pelo seu material, mas pela carga emocional que carregava. 

Meu coração batia forte, e minha mente girava em torno da mesma cena que se repetia incessantemente. 

Raul, aquele idiota, me jogou fora como se eu fosse um simples objeto descartável. Tudo por causa daquela vagabunda, Angelina. Eu tinha dedicado anos da minha vida a esta casa, ao bem-estar e à ordem dela, e agora, tudo isso não tinha me valido de nada.

Havíamos feito amor. Ele tinha me beijado, tocado o meu corpo... e isso não tinha significado nada para ele.

As lágrimas escorriam pelo meu rosto, se misturando com a maquiagem borrada, mas eu não permitiria que isso me derrotasse. Eu tinha um plano. Angelina me pagaria bem caro por tudo aquilo.

Enquanto eu lutava para dobrar uma blusa de seda, o som da porta do quarto rangendo me fez erguer a cabeça. Mário entrou no quarto com um olhar preocupado. Seus olhos estavam cheios de preocupação ao me ver naquele estado lamentável.

— Tia, o que aconteceu? — Mário perguntou, seus passos lentos e hesitantes ecoando no quarto enquanto se aproximava de mim. Seu olhar estava fixo em mim, cheio de preocupação e confusão, mas eu estava tão imersa na minha própria raiva que mal percebi.

Eu solucei, tentando controlar a respiração enquanto um nó doloroso se formava na minha garganta. O simples ato de respirar parecia um desafio, com cada inspiração trazendo consigo a onda esmagadora de frustração e indignação. Minha voz saiu entrecortada, tremendo com a intensidade do que eu estava sentindo.

— Aquela vagabunda da esposa do Raul me mandou embora. — As palavras saíram de minha boca como um veneno, carregadas com a raiva. — Não teve um pingo de compaixão, Mário. Ela simplesmente fez a cabeça  dele para me tirar do meu lugar, como se eu fosse nada.

Eu estava furiosa, não apenas com Angelina, mas com Raul também. Ele estava completamente sob o controle daquela mulher.

— Eu trabalhei aqui durante anos, Mário. Dediquei minha vida a este lugar, à ordem e ao bem-estar desta casa. E agora, olha só! Ela me joga para fora, como se eu fosse um pedaço de lixo. E essa mulher... essa intrusa, simplesmente fez o que quis.

Minha voz se elevava, eu  precisava descarregar todo ao meu ódio.

— Ela teve o descaramento de me olhar nos olhos e me dizer que eu não tinha mais lugar aqui.

Eu estava furiosa, cada palavra carregada de uma intensidade que parecia quase insuportável.

— Mas eu não vou deixar isso assim, Mário. — Minha voz desceu para um sussurro feroz. — Não importa o quanto eles tentem me desprezar ou me afastar. Eu vou garantir que essa... rameira pague. E Raul... Raul vai se arrepender profundamente de me ter jogado fora como se eu fosse nada. Eles vão pagar por isso, e eu vou fazer com que eles sintam cada pedaço da dor que eu estou sentindo agora.

Eu olhei para Mário, sabendo que ele era a chave para meu plano.

— O que você quer dizer com isso, tia?

Mário era o único em quem eu podia confiar nesse momento, e era nele que eu depositava todas as minhas esperanças.

— Você vai ficar aqui, Mário. — A minha voz se tornou um sussurro. — E vai garantir que aquele casamento não dure muito. Raul pode ter me mandado embora, mas eu plantei a semente da desconfiança na cabeça dele. Agora, será sua vez. Quero que destrua esse casamento.

Mário olhou para mim, um pouco atordoado, mas logo seu semblante se tornou sério. Ele sabia que eu não estava falando apenas por falar.

— O que você quer que eu faça? — perguntou ele, com a voz carregada de um tom de lealdade.

Eu sabia que ele não me desapontaria.

— Faça Raul acreditar que você e Angelina estão tendo um caso. — sussurrei. — Já insinuei que ela não é confiável, que só está com ele pelo dinheiro. Agora, você vai confirmar isso. Vai fazer ele acreditar que ela é uma traidora, uma mentirosa.

Mário estava em pé, a atenção dele total. Seu olhar estava fixo no meu, e eu vi um sorriso sombrio começar a se formar em seus lábios.

— Farei de tudo para que ela seja escorraçada daqui pelo próprio marido. — prometeu ele, com uma voz fria e calculada. — Pode deixar comigo, tia. Isso não vai ficar assim.

Um sorriso satisfeito se espalhou pelo meu rosto.

— Eu sabia que podia confiar em você, meu sobrinho querido — disse eu, sentindo um pouco mais de alívio. — Voltarei para esta casa, mas dessa vez como esposa do Raul. E Angelina... ela não será ninguém.

— Vou garantir que Raul tenha desconfianças — disse Mário. — E depois disso, quando ele já não confiar mais tanto assim nela, armarei uma situação para que ele flagre nós dois.

Eu assenti, satisfeita com a resposta dele. Me levantei e comecei a organizar os últimos itens.

— Isso mesmo, querido. — continuei, minha voz agora era um murmúrio. — Você deve criar a impressão de que o envolvimento com Angelina é algo que está se desenvolvendo naturalmente. Nada de forçar a barra. O que eu quero é que Raul veja, sinta e acredite.

Mário concordou com a cabeça, tomando nota mentalmente de cada instrução. 

— Confie em mim, tia. — ele disse, com um tom firme. — Eu farei com que Raul veja exatamente o que você quer.

Eu sorri. 

Não havia mais dúvidas na minha mente: Raul e Angelina teriam seu casamento destruído e eu retornaria a essa casa, vitoriosa.

Eu estava pronta para garantir que Raul se arrependesse de me descartar e que Angelina pagasse por ter se metido no meu caminho. O jogo estava apenas começando.

Comprada pelo Fazendeiro Milionário [Paixões Rurais - Vol.1]Onde histórias criam vida. Descubra agora