ANGELINA
O trajeto até a cidade foi tranquilo, mas meu coração batia rápido no peito. Matilde havia ficado instruída para não dizer nada a Raul sobre minhas suspeitas. Eu não queria que ele soubesse de nada até ter certeza. Não queria criar mais incertezas entre nós.
Minha mãe estava sentada ao meu lado, silenciosa, mas eu podia sentir a ansiedade dela, e eu não estava diferente.
Diante de tudo o que Raul e eu estávamos vivendo, eu tinha medo.
Eu não sabia como ele iria reagir, se iria querer esse filho tanto quanto eu, se iria ficar feliz com isso.
Quando chegamos ao consultório, fomos chamadas quase imediatamente. O médico era um senhor que tinha por volta de sessenta anos, de fala calma e segura, o que de certa forma me trouxe algum conforto.
Ele começou o exame fazendo perguntas rotineiras, mas logo focou em detalhes sobre minha menstruação e sintomas que eu vinha sentindo.
— E a senhora tem notado algum atraso na menstruação, Angelina? — Perguntou ele, enquanto anotava as informações que eu havia fornecido.
— Sim, doutor, já tem um tempo que está atrasada... e eu tenho me sentido muito cansada ultimamente. — Respondi, sentindo a apreensão crescer.
Ele assentiu, fazendo mais algumas perguntas sobre os sintomas que eu vinha experimentando, como náuseas matinais e sensibilidade nos seios. Eu respondia a cada uma delas com sinceridade, tentando me manter calma. Após isso, ele se levantou e pediu que eu o seguisse até uma sala onde faria um exame mais específico.
Me deitei na maca e ele começou a me examinar cuidadosamente. O gel gelado sendo aplicado na minha pele me fez arrepiar, mas tentei me concentrar na respiração, tentando acalmar meu corpo e mente. O médico utilizou um aparelho para realizar uma ultrassonografia. Ele analisava atentamente o monitor enquanto deslizava o transdutor sobre minha barriga.
O tempo pareceu se arrastar enquanto ele examinava. Eu queria tanto saber o que estava acontecendo dentro de mim, mas o medo de ouvir uma resposta negativa também me paralisava. Até que, de repente, ele parou, ajustando o monitor e sorrindo levemente.
— Olha só o que temos aqui... Parabéns, mamãe, você está grávida.
Por um momento, eu não consegui processar o que ele havia dito. Eu levei as mãos à boca, sentindo a emoção subir por minha garganta.
Grávida? Eu estava realmente grávida?
Uma onda de surpresa tomou conta de mim, seguida por uma alegria intensa que eu jamais havia sentido antes. Era como se, em um instante, todo o meu mundo tivesse mudado. A notícia de que um pequeno ser estava crescendo dentro de mim, fruto do amor que eu e Raul compartilhávamos, era algo que parecia quase impossível de acreditar. Eu levei a mão ao meu ventre, ainda plano.
O pensamento de que eu estava gerando uma parte de nós fez meu coração se encher de emoção. Um turbilhão de sentimentos me dominou: amor, proteção, medo, esperança. Como seria nosso filho? Teria os olhos penetrantes de Raul? Ou talvez seu sorriso tão bonito? Eu me peguei imaginando, com uma doçura que até então me era desconhecida, como seria segurá-lo nos braços pela primeira vez, ver seu rostinho, ouvir seu choro, sentir seu cheiro de bebê.
Mas, ao mesmo tempo, uma preocupação se instalou em mim. Esse pequeno ser mudaria nossas vidas para sempre. Eu sabia disso. Nada mais seria igual, e embora essa ideia me trouxesse uma felicidade imensa, também trazia um peso de responsabilidade que eu nunca havia sentido antes. Eu e Raul estávamos preparados para isso? Seríamos bons pais?
E assim, em meio a lágrimas e sorrisos, uma certeza se formou em meu coração. Eu já amava esse pequeno ser, mais do que jamais pensei ser possível. E faria qualquer coisa para protegê-lo e garantir que ele crescesse cercado de amor.
Minha mãe, que estava ao meu lado, me envolveu em um abraço apertado. Ela também estava emocionada, e pude sentir suas lágrimas molhando meu ombro.
— Ah, minha filha... — Disse ela, sua voz abafada pela emoção. — Isso é uma bênção!
As lágrimas fluíam livremente, como se cada gota estivesse carregando consigo todo o medo, a dor e a angústia que haviam se acumulado em meu coração nos últimos dias. Eu estava exausta, física e emocionalmente. A briga com Raul tinha me consumido de maneiras que eu nunca imaginara. As noites sem dormir, os pensamentos torturantes de que nosso amor talvez estivesse desmoronando... Tudo isso me deixara à beira do colapso.
Mas agora, diante dessa notícia inesperada, algo dentro de mim começou a mudar. A exaustão que havia me mantido presa em um ciclo interminável de dúvidas e inseguranças começou a se dissipar.
Esse bebê... Era um sinal. Um sinal de que, talvez, Raul e eu pudéssemos superar tudo o que havia acontecido. Que o amor que compartilhávamos ainda era forte o suficiente para vencer qualquer obstáculo. Meu coração, que antes estava pesado e machucado, agora se enchia de uma nova força que me dizia que eu não estava sozinha, que Raul também faria de tudo para salvar o que construímos juntos.
Após o exame e as orientações do médico, voltamos para a casa e seu Raimundo, o motorista, nos levou de volta à fazenda. Ele era um senhor simpático, sempre preocupado com nosso bem-estar. Eu estava tão absorta em meus pensamentos que mal consegui conversar durante o caminho. Meu coração estava aquecido pela ideia de contar a Raul sobre o bebê.
Quando chegamos à casa da minha mãe, eu me despedi dela com um abraço apertado.
Ao chegar à fazenda, desci do carro com um sorriso que eu não conseguia esconder. Meu coração estava acelerado, e eu estava ansiosa para ver a reação de Raul. Sabia que ele ficaria feliz. Me aproximei da porta principal e a abri, entrando na casa e chamando por ele.
— Raul? — Chamei, sorrindo. — Precisamos conversar!
Mas, para minha surpresa, a casa estava estranhamente silenciosa. Continuei andando pelos cômodos, esperando encontrá-lo a qualquer momento.
— Raul, onde você está? — Perguntei, ainda com um sorriso no rosto, mas já sentindo uma leve inquietação crescer em meu peito.
Continuei andando pela casa até chegar ao escritório de Raul. A porta estava entreaberta, e eu a empurrei lentamente, esperando encontrar Raul trabalhando, como de costume. Mas assim que meus olhos captaram a cena à minha frente, o sorriso desapareceu instantaneamente do meu rosto.
Fiquei estática, incapaz de processar o que estava vendo. Teresa e Mário estavam no escritório, ambos segurando armas que estavam apontadas para Raul e Matilde. O tempo parecia ter parado, e a única coisa que conseguia fazer era respirar de forma irregular.
— O que... o que está acontecendo aqui? — Minha voz saiu trêmula, quase um sussurro.
Raul, que estava de costas para mim, se virou lentamente. Seus olhos estavam cheios de tensão, e pude ver que ele estava tentando se manter calmo. Matilde estava pálida, com uma expressão de puro pavor no rosto. Ela mal conseguia levantar os olhos.
— Angelina, não se mova, meu amor. — Raul disse, sua voz firme, mas havia um medo claro em seus olhos.
Minha mente parecia incapaz de processar o que estava acontecendo. O que Teresa e Mário estavam fazendo ali? Por que estavam apontando armas para Raul e Matilde? Nada fazia sentido, e o pânico começou a se instalar dentro de mim.
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Comprada pelo Fazendeiro Milionário [Paixões Rurais - Vol.1]
DragosteRaul Duarte Faria tem 45 anos e é dono de quase toda Campo Lindo, pequena cidadezinha no sul do país. Possuidor de terras, gados e várias empresas, tem o poder de controlar tudo e todos. Bom, quase tudo. Angelina é uma jovem humilde de 21 anos, que...