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ANGELINA

No dia seguinte, Raul estava sentado à mesa com a xícara de café ainda quente entre suas mãos. Ele olhava fixamente para o líquido escuro, como se estivesse perdido em seus próprios pensamentos. O peso do silêncio entre nós era quase insuportável. Eu sabia que precisava quebrá-lo, mas as palavras me escapavam, presas em algum lugar entre o coração e a garganta.

Tomei um gole do meu próprio café, tentando reunir coragem. Finalmente, com um suspiro profundo, falei:

— Eu vou sair com a mamãe hoje.

Ele parou de beber o café, levantando os olhos para mim com uma expressão que eu não conseguia decifrar de imediato. O que quer que ele estivesse pensando, não era o que eu esperava.

— Aonde? — Ele disse, a voz firme.

— Não vou demorar. — Respondi. — Na verdade, vamos ao médico. A mamãe ficou preocupada com o que aconteceu ontem e acha que eu devo ser examinada.

Meu marido franziu o cenho, colocando a xícara sobre a mesa.

— Você voltou a se sentir mal? — A preocupação na voz dele era inegável, e por um momento, isso me tocou profundamente. Ele ainda se importava comigo.

— Não, não é isso. — Tentei acalmá-lo, mas ele parecia ainda muito preocupado. — É só por precaução, para ter certeza de que está tudo bem.

— Eu vou com você. — Ele disse, sem qualquer hesitação.

Balancei a cabeça antes mesmo de considerar a possibilidade.

— Não precisa, Raul. Eu posso cuidar disso sozinha. Minha mãe vai comigo.

Mas ele não parecia disposto a aceitar a minha negativa.

— Não adianta você negar, Angelina. Eu vou com você. — Sua voz não deixava espaço para discussão. Raul estava decidido a me acompanhar.

Um silêncio se instalou entre nós enquanto eu tentava processar a situação. Por que ele estava tão determinado a ir? Será que era apenas preocupação? Ou...?

— Você está indo apenas para me vigiar, Raul? — As palavras saíram antes que eu pudesse contê-las. Eu precisava saber.

Ele piscou, surpreso com a minha pergunta, mas sua expressão suavizou rapidamente.

— Não. — Respondeu com uma firmeza que quase me convenceu. — Eu realmente estou preocupado com a sua saúde e quero ter certeza de você está bem... esposa.

Pela primeira vez em vários dias, Raul tinha me chamado de "esposa", como tinha o costume.

Sorri para ele, mas era um sorriso triste, carregado de todas as mágoas que haviam se acumulado entre nós.

— Raul, nós precisamos conversar quando eu voltar. — Eu disse, tentando manter minha voz firme. — Sobre nós. Essa situação não pode continuar assim. Se for para continuar desse jeito, então é melhor cada um seguir o seu caminho.

Ele me olhou com o que pareceu ser tristeza. Eu sabia que ele não queria ouvir isso, mas era a verdade que precisávamos encarar. A nossa relação estava à beira do precipício, e eu não sabia se ainda havia algo que pudesse salvar ela.

Se eu estivesse grávida, nem mesmo isso me faria ficar ao lado de Raul, se ele insistisse em me acusar e levar aquele casamento a ruína.

Por mais que eu amasse aquele homem com todo o meu coração, isso tinha que ser mútuo. Eu não queria dar algo a Raul que não pudesse receber dele... e a confiança estava inserida nisso.

Comprada pelo Fazendeiro Milionário [Paixões Rurais - Vol.1]Onde histórias criam vida. Descubra agora