ANGELINA
A festa de casamento estava chegando ao fim, e os convidados começavam a se despedir, mas Raul ainda não tinha voltado, e eu me encontrei sozinha recebendo os últimos votos de felicidade.
Caminhei pelo jardim, trocando sorrisos e agradecimentos, tentando não deixar transparecer a tristeza que crescia no meu peito, apesar de saber que ele precisava resolver o problema com o potro.
— Angelina! — chamou Dona Sofia, uma das vizinhas da fazenda de Raul, que ele havia me apresentado ainda no início da festa. — Foi tudo maravilhoso, minha querida. Desejo a você e ao Raul toda a felicidade do mundo.
Dona Sofia era uma senhora simpática na casa dos 60 anos e pelo pouco que pude observar, era muito respeitado ali. Atuava com uma espécie de "líder" entre as mulheres da alta sociedade.
— Muito obrigada, dona Sofia. — respondi, retribuindo o seu sorriso e lhe dando um abraço. — Fico muito feliz que tenha gostado.
— Tenho certeza de que Raul é um homem de sorte por ter encontrado alguém tão encantadora como você, minha jovem — disse ela, apertando minha mão com carinho antes de se despedir. — Quero você no próximo chá da tarde das senhoras de Campo Lindo, viu?
Fiquei surpresa com o convite. Não sabia que havia esses eventos sociais entre as esposas dos fazendeiros da região. Enquanto agradecia, me perguntei o que Raul pensaria disso. Ele tinha pouco contato com o resto das pessoas da cidade e era visto como um homem reservado e até um tanto estranho.
Conforme o jardim esvaziava, eu olhava em volta, procurando pelo meu marido.
Com um pequeno suspiro, finalmente decidi que era hora de me retirar. Subi os degraus da varanda e entrei na casa. Caminhei pelos corredores, observando os detalhes da casa que agora seria meu lar.
Cheguei ao quarto que Raul havia designado para mim.
Na verdade, o quarto que eu havia insistido muito para ele, pois Raul discordou até o último minuto, mas no fim, fez a minha vontade.
Era um espaço aconchegante e bem decorado, mas, de alguma forma, parecia vazio sem ele e por um segundo, me culpei por ter insistido em ter um quarto só para mim.
— Será que ele já voltou? — perguntei a mim mesma num murmuro.
Sai do meu quarto e subi a escada até o andar superior, caminhando pelo corredor até a porta do quarto dele. Bati suavemente, esperando uma resposta.
Nada.
Bati novamente, um pouco mais forte desta vez.
— Raul? — chamei, minha voz ecoando no silêncio do corredor. — Está aí?
Será que o problema ainda não tinha sido resolvido?
Ao me virar rapidamente, dei de cara com Teresa. Ela apareceu de repente, falando alto:
— Ele não está no quarto. — disse Teresa, sua voz fria. — Raul ainda está no estábulo. Você deveria voltar para o seu quarto, Angelina. Esse é o lugar dele, não é o seu.
Respirei fundo, tentando manter a calma.
— Eu só queria falar com ele antes de dormir. — expliquei, tentando ignorar o tom hostil de Teresa.
— Entendo. — respondeu ela, com um sorriso forçado.— Mas agora, é melhor que você vá para o seu quarto. Ele estará de volta quando o problema for resolvido, mas creio que vá demorar muito ainda e vai estar cansado para receber alguém.
Senti um nó na garganta, mas assenti, sabendo que não adiantava discutir. Voltei pelo corredor, sentindo os olhos de Teresa nas minhas costas. Quando entrei no meu quarto e fechei a porta, me senti pequena e sozinha novamente.
Sentei na beirada da cama, removendo lentamente o véu e a grinalda do meu cabelo. A insegurança que eu sentia era uma sombra constante, e as palavras de Teresa ecoavam na minha mente, aumentando minha sensação de isolamento.
Por que eu simplesmente não rebatia? Por que eu me sentia tão fraca perto dela?
Eu detestava a forma como ela me tratava, mas não queria fazer fofoca para o Raul e ser a responsável por alguém perder o emprego.
Até pouco tempo atrás, eu sabia bem o que era estar na rua da amargura. E não desejava isso para ninguém, nem mesmo para Teresa.
Olhei para o anel em meu dedo, lembrando das promessas que Raul tinha feito.
Ele tinha dito que aquela pedrinha na ponta era um diamante, um diamante de verdade.
Mas nesse momento eu trocaria todos os diamantes pela presença de Raul nesse quarto. Me abraçando, beijando a minha testa, sussurrando seus costumeiros elogios no meu ouvido.
Sem nem tirar o vestido de noiva, deitei na cama, puxando os cobertores ao meu redor, tentando encontrar algum conforto no calor da cama. Fechei os olhos bem apertado, desejando abrir eles e ver Raul bem ali na minha frente.
Foi então que ouvi um leve bater na porta. Meu coração disparou com a esperança de que fosse ele. Me levantei rapidamente e abri a porta, mas para minha surpresa, era minha mãe.
— Mamãe! — exclamei, abraçando ela com força. — Pensei que já tivesse ido embora.
Ela me segurou pelos ombros, olhando diretamente nos meus olhos.
— Eu já estava de saída, mas pensei ter visto algo de errado entre você e aquela governanta. — disse ela, com um olhar preocupado. — O que aconteceu?
Antes que eu pudesse responder, ouvimos a voz de Teresa.
— Preciso avisar algo a você. — chegou falando, sem notar a presença da minha mãe.
Quando Teresa viu que eu não estava sozinha, parou de supetão, parecendo assustada.
— Ela está falando comigo agora. — disse minha mãe, seu tom firme e autoritário. — Tem algo de errado aqui, Teresa? O que quer avisar a minha filha, posso saber?
Ela olhou para minha mãe e depois para mim, nervosa.
— Não era nada, senhora. — respondeu Teresa, finalmente. — Não tem nada de errado. Só queria deixar avisado a Angelina que se ela estiver com fome, posso preparar algo para ela comer.
— Ótimo. — disse minha mãe, sem desviar o olhar. — Ela não está. Então pode nos deixar a sós. A sua patroa está ocupada, não está vendo?
Teresa se retirou rapidamente com o rosto vermelho de raiva. Quando ela desapareceu pelo corredor, minha mãe voltou sua atenção para mim.
— Não gosto nem um pouco dessa mulher. — disse ela, sua voz baixa e preocupada. — Tem que tomar cuidado com ela, Angelina. Não é boa gente. — Balançou a cabeça para os lados.
— Ela trabalha para Raul há anos.
Minha mãe suspirou, passando a mão pelo meu cabelo.
— Só estou avisando, minha filha. Fique de olho nela. Agora, eu preciso ir. O motorista já está esperando, e Antônio pegou no sono no carro. — disse ela, com um sorriso cansado.
— Claro, mamãe. — disse, abraçando ela novamente. — Dá um beijo no Antônio por mim.
— Darei, minha querida. — respondeu ela, beijando minha testa. — E lembre-se, se precisar de qualquer coisa, eu venho no mesmo instante.
Quando minha mãe saiu, fiquei parada na porta por um momento, absorvendo suas palavras. Fechei a porta e caminhei pelo quarto, agora imenso e silencioso.
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Comprada pelo Fazendeiro Milionário [Paixões Rurais - Vol.1]
RomanceRaul Duarte Faria tem 45 anos e é dono de quase toda Campo Lindo, pequena cidadezinha no sul do país. Possuidor de terras, gados e várias empresas, tem o poder de controlar tudo e todos. Bom, quase tudo. Angelina é uma jovem humilde de 21 anos, que...