ANGELINA
Raul estava sentado ao meu lado, segurando uma tigela de sopa quente nas mãos. Ele tinha insistido em me alimentar pessoalmente, como se isso fosse uma missão de grande importância para ele. Enquanto eu estava encostada nos travesseiros, Raul cuidadosamente trazia a colher até meus lábios.
— Eu posso me alimentar sozinha. — protestei suavemente, tentando pegar a colher.
Ele apenas balançou a cabeça, ignorando meu gesto com um sorriso.
— Eu faço questão, amor. — A firmeza em sua voz não deixava espaço para discussão. — E não adianta protestar. Você sabe que eu não vai adiantar de nada.
Suspirei, rendendo-me ao seu cuidado. No fundo, uma parte de mim estava secretamente contente por ele estar ali, cuidando de mim. Era uma sensação profundamente reconfortante. Ele estava cuidando de mim como se eu fosse a coisa mais preciosa do mundo, e naquele momento.
— Eu estou feliz, Raul. — murmurei enquanto ele trazia mais uma colherada à minha boca, meus olhos encontrando os dele. — Feliz porque você está aqui, ao meu lado.
Ele parou por um instante, a colher ainda em sua mão, enquanto seus olhos fixavam nos meus. Seus lábios se curvaram em um sorriso, e ele se inclinou para frente. Então seus lábios finalmente tocaram os meus em um selinho.
Quando ele se afastou, seu rosto ainda estava próximo ao meu, e eu podia ver o brilho nos olhos dele, algo que não via há muito tempo.
— Eu também estou feliz, meu anjo. — ele murmurou, sua voz rouca de emoção, ainda perto de mim. — Mais feliz do que eu nunca poderia imaginar.
Enquanto ele falava, seus olhos se desviaram para minha barriga, ainda plana, mas carregando o nosso futuro. Meu marido moveu a mão, quase hesitante, e a colocou suavemente sobre minha barriga, seus dedos acariciando minha pele.
— Ainda é difícil acreditar que vamos ter um filho. — ele disse, sua voz baixa, quase como se estivesse falando para si mesmo. — Um filho, Angelina. Vamos ter uma família.
Ele fez uma pausa, suas palavras se perdendo no ar enquanto ele continuava a acariciar minha barriga. Eu podia ver a mistura de maravilha e incredulidade em seus olhos, como se ele estivesse tentando processar a ideia de que em breve seríamos três, não apenas dois.
— Eu pensei que nunca teria isso de novo. — Raul continuou, sua voz carregada de emoção. — Uma família... uma família completa.
Eu sabia que, por trás da fachada dura, Raul carregava uma dor imensa, a perda de sua família sendo uma cicatriz que ele tentava esconder.
— Você já tem uma família, Raul. — sussurrei, levando minha mão para cobrir a dele sobre minha barriga. — Eu e esse bebê somos sua família.
Ele se inclinou novamente, desta vez para me dar um beijo mais profundo, um beijo que transmitia todas as emoções que ele parecia incapaz de expressar em palavras. Quando seus lábios se encontraram com os meus, senti uma onda de calor e segurança, como se, naquele momento, tudo estivesse exatamente como deveria estar.
— Eu vou cuidar de vocês dois, Angelina. — ele murmurou contra meus lábios, seu tom era uma promessa solene.
A forma como ele falou, com tanto compromisso e amor, fez meu coração se encher de alegria. Eu sabia que, não importava o que o futuro nos reservasse, Raul estaria ao meu lado, lutando por nós, por essa família que estávamos começando a construir juntos.
Ele então se afastou ligeiramente, seus dedos ainda traçando círculos suaves em minha barriga, como se estivesse se conectando com o nosso bebê, mesmo antes de sentir qualquer movimento. O olhar em seu rosto era de pura adoração, e eu soube naquele instante que ele já amava aquela vida que mal começava a se formar.
— Nossa família. — ele repetiu, mais para si mesmo do que para mim, seu sorriso suave nunca deixando seus lábios.
Eu sorri de volta.
O momento de tranquilidade foi interrompido por duas batidas suaves na porta. Raul se afastou um pouco, mas ainda mantinha sua mão sobre a minha. Era um policial.
— Como você está se sentindo, senhora? — perguntou ele, com um tom cordial, mas preocupado.
— Estou melhor, obrigada.
O policial então se virou para Raul, sua postura ficando um pouco mais rígida.
— Raul, precisamos esclarecer algumas coisas sobre a morte de Mário. Peço que me acompanhe até a delegacia.
Aquelas palavras me atingiram como um choque.
Morte?
Mário estava morto? Meus pensamentos começaram a girar.
— Morto? — Minha voz saiu quase como um sussurro, incrédula.
Raul não respondeu imediatamente. Ele olhou para o policial, como se estivesse ponderando sobre o que dizer.
— Você precisa ficar calma. — ele disse, sua voz baixa, quase suplicante. — Eu vou resolver isso.
Havia algo mais acontecendo, algo que Raul não estava me contando, e eu precisava saber.
— O que está acontecendo?
Raul apertou minha mão um pouco mais forte, como se estivesse tentando me passar segurança, mas também como se estivesse tentando reunir forças para o que teria que dizer.
— Mário... — ele começou, hesitando por um momento, procurando as palavras certas. — Mário estava armado, Angelina. E... durante o confronto... precisei agir em legítima defesa.
— Você explicou isso para eles, não é? — murmurei, tentando colocar meus pensamentos em ordem. — Então, por que querem te levar, Raul? Eles não podem te levar, você não fez nada!
Eu me virei para o policial.
— Raul não fez nada de errado! Foi legítima defesa, ele não tinha escolha! — Eu sabia que minhas palavras vinham do coração, mas o policial parecia inabalável, se mantendo impassível diante da minha súplica.
Raul me puxou para um abraço apertado, seu corpo firme contra o meu, e sussurrou em meu ouvido.
— Nosso bebê precisa que você fique calma. Eu vou resolver isso rápido, prometo. Você só precisa descansar e cuidar dele... e de você, amor.
As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto enquanto ele falava. Eu queria acreditar em suas palavras.
Raul se afastou ligeiramente e beijou minha testa, um gesto que sempre me trazia conforto, mas agora parecia carregado de despedida.
— A sua mãe virá ficar com você enquanto eu resolvo isso. — ele continuou, sua voz baixa e suave. — Mas eu prometo que não vou sair mais do seu lado quando voltar. Prometa que fará o máximo para ficar bem e tranquila enquanto eu estiver fora?
Assenti, as palavras presas na garganta, incapaz de expressar o turbilhão de emoções dentro de mim. Raul olhou para mim uma última vez antes de se levantar e seguir o policial até a porta.
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Comprada pelo Fazendeiro Milionário [Paixões Rurais - Vol.1]
RomansRaul Duarte Faria tem 45 anos e é dono de quase toda Campo Lindo, pequena cidadezinha no sul do país. Possuidor de terras, gados e várias empresas, tem o poder de controlar tudo e todos. Bom, quase tudo. Angelina é uma jovem humilde de 21 anos, que...