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ANGELINA

Sete meses depois...

Eu empurrei a porta do quarto devagar, tentando não fazer barulho, apesar de saber que Raul era um homem de sono pesado. Com um sorriso travesso, comecei a cantar baixinho.

— Parabéns pra você... nesta data querida... — minha voz ecoava com suavidade, e eu podia ver Raul se mexendo na cama, começando a despertar. Seu rosto estava parcialmente coberto pelo travesseiro, e seus cabelos estavam desarrumados.

Ele piscou, ainda meio sonolento, e ao ver o bolo em minhas mãos, seu rosto se iluminou com um sorriso. Não era o tipo de surpresa que ele esperava, disso eu tinha certeza. Ele se apoiou nos cotovelos, se endireitando devagar.

— Bom dia, dorminhoco. — Eu sorri para ele, me aproximando da cama. — Olha só quem decidiu comemorar o aniversário hoje.

Coloquei o bolo na cama, bem em frente a ele, e sentei ao seu lado. Raul olhou para mim, seus olhos escuros ainda brilhando de sono, mas eu podia ver a felicidade escondida por trás daquele olhar meio perdido.

— Assopre a vela e faça um pedido. — Pedi, com um tom brincalhão.

Raul olhou para a vela, depois para mim, e eu podia ver a pergunta em seus olhos antes mesmo de ele falar.

— Como você soube que era meu aniversário? — Ele perguntou, ainda surpreso. Sua voz estava rouca de sono.

Eu ri baixinho, sentindo um calor no peito ao lembrar de Matilde.

— Matilde comentou comigo na semana passada. E se dependesse de você, esse dia tão especial passaria em branco, não é? — Fingi uma cara brava, franzindo a testa enquanto o encarava, tentando parecer séria.

Raul sorriu, e antes que eu pudesse reagir, ele desfez meu bico com um beijo.

— Eu nunca me importei muito com o meu aniversário. — Ele admitiu quando nos separamos, os lábios ainda perto dos meus.

— Pois agora vai ter que se importar. — Eu disse. — Esse dia vai ser comemorado com muita alegria. A partir de agora, vai ser assim, todos os anos. — Enfatizei, acariciando seu rosto.

Raul suspirou, mas havia um sorriso escondido nas bordas de seus lábios. Ele sabia que, quando eu decidia algo, era difícil me fazer mudar de ideia.

— Não adianta negar, não é mesmo? — Ele perguntou, mas já conhecia a resposta.

— Não. — Respondi, rindo suavemente, enquanto ele finalmente se inclinava para assoprar a vela do bolo.

Observei com atenção enquanto Raul fechava os olhos por um breve momento, provavelmente fazendo um pedido, embora eu soubesse que ele não era um homem de superstições. Mas naquele instante, enquanto ele assoprava a vela, o que quer que ele tenha desejado, eu sabia que também desejava.

— Então, o que você pediu? — Perguntei, tentando não parecer muito curiosa, mas minha vontade de saber era evidente.

— Se eu te contar, não vai se realizar. — Ele respondeu com um sorriso malicioso, seus olhos brilhando de diversão. Eu sabia que ele estava apenas brincando comigo, mas ainda assim, fiz uma careta de desapontamento fingido, que logo se transformou em uma risada.

— Vou fingir que acredito. — Disse, pegando um pedaço do bolo e colocando na boca dele. Ele aceitou com um sorriso, mordendo suavemente e depois me beijando de novo, dessa vez com o gosto doce do bolo misturado ao nosso beijo.

Nós dois rimos, e naquele momento, era apenas nós dois na nossa bolha de felicidade, comemorando algo que ele nunca tinha dado muita importância, mas que para mim, era mais um motivo para celebrar a vida que estávamos construindo juntos.

— Feliz aniversário, meu amor. — Sussurrei, enquanto ele me puxava para mais perto. — Eu sou tão grata por ter você na minha vida.

Raul me puxou para mais perto, deitando a cabeça no meu ombro. Eu senti o bebê mexer na minha barriga, como se estivesse nos lembrando que não estávamos sozinhos naquele momento. Raul deve ter sentido também, porque ele sorriu, a mão descendo até minha barriga.

— Ele já até está participando das comemorações. — Ele comentou, o sorriso largo e orgulhoso no rosto. — Mal posso esperar para ver o rostinho do meu filho e segurar nos meus braços.

Raul rolou na cama com um sorriso largo e orgulhoso no rosto, deixando o bolo de lado por um momento. Ele se aproximou de mim e levantou a minha blusa, expondo a curva da minha barriga de sete meses.

Ele se inclinou e depositou um beijo  na minha barriga. Raul permaneceu com os lábios colados à minha pele por um instante, e em seguida começou a falar com uma voz doce, quase sussurrando.

— Oi, Miguel. Aqui é o papai de novo, filhote. — Ele disse, o tom de sua voz carregado de carinho. — Seu papai mal pode esperar para te conhecer, meu filho.

— Estou contando os dias para ver seu rostinho e segurar você nos meus braços. — Ele beijou minha barriga de novo.

Enquanto ele falava, eu não pude evitar acariciar seus cabelos, sentindo a textura suave sob meus dedos. Eu sabia que ele seria um pai maravilhoso.

— Você tem sorte, sabia, Miguel? — Raul continuou, ainda conversando com nosso filho. — Sua mãe é a pessoa mais incrível que eu já conheci, e mal posso esperar para que você também a conheça.

Eu continuei acariciando seus cabelos, sentindo uma conexão ainda mais forte entre nós três.

— Ele já te ama tanto quanto eu. — sussurrei, minha voz embargada pela emoção. — Ele vai ser o melhor presente que poderíamos receber. — Concordei, minha voz um pouco trêmula pela emoção. — E eu sei que você vai ser o melhor pai que esse bebê poderia ter.

Raul me beijou novamente e quando nos separamos, ele encostou a testa na minha, nossos olhos fechados, e respiramos juntos, em perfeita sintonia.

— Não sei o que fiz para merecer vocês dois na minha vida, mas sou o homem mais sortudo do mundo.

Depois de um tempo, ele finalmente se afastou um pouco, pegando o garfo para cortar um pedaço do bolo. 

Enquanto terminávamos o bolo, rindo e conversando sobre os planos para o dia, eu me sentia completa de uma maneira que nunca tinha experimentado antes. A simplicidade daquele momento, a intimidade compartilhada entre nós, era tudo o que eu sempre quis e mais.

Ele brincou sobre como seria o próximo aniversário, com um bebê correndo pela casa e talvez até tentando soprar as velas com ele. A ideia me fez rir, e ao mesmo tempo, meu coração se encheu de felicidade.

— Espero que os próximos aniversários sejam tão felizes quanto esse. — Eu disse, com uma emoção que não cabia no peito. 

Raul me olhou com ternura, segurando minha mão e a apertando suavemente.

— Serão. — afirmou. — Porque estaremos juntos.

Comprada pelo Fazendeiro Milionário [Paixões Rurais - Vol.1]Onde histórias criam vida. Descubra agora