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ANGELINA

Após Raul me levar ao êxtase, me sentia envolta em uma nuvem de prazer e felicidade.

Eu estava deitada ao seu lado, repousando minha cabeça em seu peito enquanto ouvia as batidas do seu coração.

De repente, não consegui conter uma risada baixa e espontânea

Eu era uma farsa! Poucos meses atrás eu havia dito na cara de Raul que ele nunca teria o meu corpo... A menos que me tomasse a força.

E hoje, eu ansiava pelas noites em que ele deixava o seu quarto ao lado do meu e sorrateiramente entrava no meu, deitando em minha cama e acendendo o meu desejo.

Esse pensamento me fez soltar uma pequena gargalhada.

Raul, surpreso com o som, inclinou a cabeça para olhar para mim com um sorriso curioso.

— O que foi? — perguntou ele, sua voz cheia de diversão e interesse. — O que te fez rir assim?

— Sabe, Raul... — comecei, tentando controlar a risada que ainda escapava dos meus lábios. — Há dois meses, eu estava aqui, dizendo que você nunca tocaria em um fio de cabelo meu. E agora... olhe para nós. Estamos aqui, nus na cama, e eu mal posso acreditar no quanto as coisas mudaram.

Raul arqueou uma sobrancelha, seu olhar divertido e intrigado.

— Eu continuaria tentando de novo, e de novo, e de novo, e de novo...  — disse ele, seu tom brincalhão.

Balancei a cabeça, ainda rindo suavemente.

— Então já estava nos seus planos me seduzir desde o começo, senhor Duarte Faria? — bati no seu ombro. — Naquele dia, nunca me passaria pela cabeça que hoje eu estaria aqui, com você, dessa maneira.

Ele me puxou mais para perto, seu braço envolvendo minha cintura com firmeza.

— Talvez, senhora Duarte Faria. — riu, beijando a minha boca.

— Olha só! — fingi indignação.

— Mas me diga, como você se sente sobre isso, esposa? — perguntou ele, sua voz agora mais suave e séria.

Havia tantas emoções misturadas dentro de mim: medo, excitação, desejo, e até mesmo uma sensação de segurança que eu nunca havia sentido antes.

Raul tinha se tornado o meu porto seguro.

— Eu... — comecei, hesitante. — Me sinto feliz. Feliz por estar aqui com você, apesar da forma como nos casamos.

Ele se inclinou para beijar o topo da minha cabeça.

— Eu também estou feliz, Angelina. Muito feliz.

— Sabe, Raul... — falei finalmente, quebrando o silêncio. — Eu gosto do seu jeito, calmo e carinhoso.

Ele riu baixo, um som profundo e agradável.

— Só para a minha esposa.

— Eu pensei que você era diferente. Você sabe a fama que tem na cidade...

Ele riu mais alto dessa vez, a risada dele se misturando com a minha. Raul passou a mão carinhosamente pelo meu cabelo.

— Eu ser totalmente obcecado por você, não desmente os boatos sobre mim, você sabe. — murmurou no meu ouvido, forçando um tom ameaçador.

— Está dizendo que você realmente é o fazendeiro cruel e misterioso que assombra os moradores de Campo Lindo? — perguntei, ainda rindo.

— Falando isso, parece que sou o personagem de algum filme de terror. — caçoou ele, um sorriso travesso brincando em seus lábios.

— E não parece? — desafiei, com um olhar provocador.

— Pode até parecer, mas não sou tão monstruoso quanto a cidade faz parecer. — disse ele, sua expressão se tornando mais séria. — Eles criam tantas histórias sobre mim só porque costumava viver sozinho em uma casa grande e sou reservado. Falam como se eu fosse uma lenda urbana que é usada para assustar crianças.

— E você não se importa com o que pensam? — perguntei, curiosa sobre seus sentimentos em relação aos rumores.

— Sinceramente, não. — respondeu ele, com um tom decidido. — Mas tem uma coisa que eu não tolero: mentiras e enganações. A pior coisa que podem fazer comigo é me enganar, me tratar com desonestidade. A verdade é algo que valorizo mais do que qualquer outra coisa.

Senti um frio na espinha com a intensidade das palavras dele. Havia algo muito sério e profundo em seu tom.

Senti uma curiosidade súbita, então perguntei:

— E se eu te enganasse, Raul? — o receio tingindo minha voz. — Você me odiaria?

Raul me olhou com uma expressão grave, sua voz baixa e carregada de peso.

— Isso é algo que eu nunca esperaria de você. — respondeu ele, a seriedade em seus olhos. — Mas se algum dia você me enganasse, teria que lidar com um outro Raul,  aquele homem que todos falam e temem, seria a realidade de quem eu me tornaria.

A atmosfera ao nosso redor mudou de leve e brincalhona para algo muito mais profundo e carregado. A sinceridade em suas palavras fez meu coração acelerar.

Eu não conseguia imaginar Raul como o monstro que diziam que ele era. Bom, antes eu costumava compará-lo aos fazendeiros dessa região, que não se importavam com nada além do dinheiro e que tratavam os funcionários como objetos descartáveis. Antes eu o via como um homem distante e frio, alguém que jamais se importaria com os sentimentos alheios. Eu o via como alguém incapaz de demonstrar qualquer tipo de afeto ou ternura.

Mas Raul, o meu marido, não era assim.

Raul era bom.

Raul se importava comigo, com meu bem-estar e o da minha família, fazia questão de mostrar isso todos os dias. Quando ele se deitava ao meu lado à noite, quando me abraçava com força, ou quando me olhava com aquele olhar intenso que fazia meu coração acelerar, eu via um homem completamente diferente daquele que eu imaginava inicialmente.

Mesmo assim, naquele momento, eu via um vislumbre daquele fazendeiro cruel nos olhos dele, especialmente quando falava sobre traição ou desonestidade. Era como se ele tivesse um lado sombrio, escondido bem no fundo, que só emergiria se eu quebrasse sua confiança.

Eu não conseguia imaginar Raul se transformando nesse monstro.

— Por que me perguntou isso? Acha que isso poderia acontecer? — perguntou ele, sua voz quase um sussurro.

— Não, claro que não. — assegurei, olhando-o com sinceridade. — Eu nunca faria isso com você.

Ele me observou com um olhar investigativo, buscando a verdade em meus olhos.

— Eu acredito em você, Angelina. — disse ele, suavizando um pouco a expressão. — A confiança é a base de tudo isso. Se alguma vez eu sentir que você não está sendo honesta, isso mudaria tudo entre nós.

Coloquei minha mão sobre a dele, apertando.

— Eu prometo ser honesta com você, sempre. — disse eu, minha voz firme e sincera.

Raul soltou um suspiro profundo, seu olhar se suavizando gradualmente. Ele me envolveu em um abraço apertado, como se quisesse se assegurar de que o que havia entre nós era real.

— Você é a única coisa que me mantem são, Angelina. — murmurou ele, sua voz carregada de emoção. — Sem você eu ficaria fora de mim. Me tornaria outro. Se você me traísse de alguma forma, eu me transformaria em um homem que você não reconheceria.

Comprada pelo Fazendeiro Milionário [Paixões Rurais - Vol.1]Onde histórias criam vida. Descubra agora