Wei Wuxian

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WUXIAN

VOCÊ PENSARIA QUE A PALAVRA ‘CASUAL’ era bastante fácil de entender. Seis letras.
Duas sílabas. Bastante simples no significado.
Casual (adj.): relaxado, não regular ou permanente.
Lan Zhan claramente não recebeu o memorando.
—O que diabos são isso?
Olho para a mão de Lan Zhan e tento entender o que estou vendo.
— Centáureas — ele diz. — Também conhecidas como varejeiras, aparentemente.
Você sabia disso?
Ele passa por mim e entra no apartamento e vai até a cozinha, onde pega uma jarra de vidro vazia, coloca um pouco de água nela e coloca a jarra no canto do balcão da cozinha.
Não me movo um centímetro porque estou muito ocupado olhando para ele. Que porra é essa insanidade? Fecho lentamente a porta e volto para o canto da cozinha, olhando o tempo todo para as flores. Talvez seja uma pegadinha? Só se for, eu realmente não entendo.
Eventualmente, desisto de tentar descobrir do que se trata.
— Por que há centáureas no meu apartamento? — Eu pergunto.
— Passei pela floricultura e as vi — diz ele, encolhendo os ombros. — E então eu as comprei.
—Por quê?
—Como pesquisa. — Ele levanta a jarra e a segura perto da minha cabeça.
— Sim. A mesma cor dos seus olhos.
Eu olho para ele um pouco mais. Que porra?
Balanço a cabeça para clareá-la e cruzo os braços sobre o peito.
— Você não pode me trazer flores.
— Por que não posso trazer flores para você? — ele pergunta com a mais leve curiosidade.
Meu estado emocional vai de perplexo a confuso.
— Quem traz flores para alguém? — Eu exijo.
Ele me envia um olhar pensativo. —Imagino que muitas pessoas tragam flores para alguém. Ou aquela floricultura já teria falido há muito tempo.
—Mas isso é... — Eu mastigo suas palavras por um tempo e não encontro nada, então passo para a próxima questão. — Nós conversamos sobre isso!
Ele franze a testa. — Flores? Acho que nunca falamos sobre flores antes. Nunca. O Que é interessante porque conversamos muito. Sobre tudo, se você pensar bem. Mas nunca flores.
— Não as malditas flores — eu reclamo. — Isso! Nós conversamos sobre isso! 
Faço um gesto entre nós dois.
Ele olha para trás com uma expressão vazia.
—Como estamos mantendo isso casual? — Eu aceno.
— Sim. Eu me lembro — diz ele, ainda com aquele olhar vazio, como se não entendesse como trazer flores para mim tem alguma coisa a ver com isso.
Só… Meu Deus, isso só pode ser uma pegadinha, certo? Certo?
—Então o que há com essas malditas flores? — Eu grito.
Ele se serve de um copo de água e toma um longo gole. — Acabei de te falar. Pesquisa.
Eu olho para ele com cautela.
— Tente não hiperventilar — diz ele. — São algumas flores, não uma... — Ele franze os lábios por um momento. — Eu ia dizer não aliança de casamento, mas isso já está feito, não é? — Ele estala os dedos. — Não é uma hipoteca conjunta.
Seus lábios se contraem.
Eu mando para ele um olhar sujo. É tão bom que podemos brincar sobre isso. Mas ele está me olhando com curiosidade, como se estivesse observando um vulcão prestes a entrar em erupção, e não, não vou fazer isso porque sou tranquilo, calmo e controlado, droga.
— OK. — Esfrego as pontas dos dedos na testa. — OK. Bem. Eu te escuto. Apenas flores.
Ele acena com a cabeça, um olhar divertido no rosto.
—Obrigado — murmuro.
—De nada — ele diz facilmente.
Ainda me sinto meio desequilibrado. Mais ou menos como se eu tivesse sido enganado, mas não tenho certeza de como. Ou por quê.
É um lugar desconfortável para se estar, mas pelo menos sei como nos levar de volta a um território familiar.
Engancho meus dedos na cintura de seu moletom e o puxo para frente. Ele se encosta em mim com um movimento divertido dos lábios e levanta a sobrancelha para mim.
— O que você está fazendo? — ele pergunta, com riso em sua voz.
— Se você ainda não entendeu, não sou tão memorável quanto gostaria de pensar.
— Eu seguro seu pau através das calças. Ele está ficando duro contra a palma da minha mão, e um arrepio de antecipação percorre meu corpo.
Movo minha mão para cima e para baixo algumas vezes. Ele deixa cair os braços sobre meus ombros, enrolando-os frouxamente em volta do meu pescoço. Há um sorriso preguiçoso em seu rosto que é estupidamente atraente. Sua boca desce sobre a minha e eu derreto contra ele por um momento porque é bom. É sempre tão bom com ele. Ser beijado por Lan Zhan é como ser saboreado. Lábios macios. Respirações quentes. Língua talentosa. Se beijar fosse uma competição, ele venceria todas as vezes.
Começo a enfiar a mão em suas calças, mas antes que eu possa fazer isso corretamente, ele segura meu pulso.
— O que você está fazendo? — pergunto, os lábios ainda contra os dele, então minha voz sai estranhamente abafada.
— Não posso agora — diz ele.
Afasto minha boca e olho para baixo, depois para cima. — Eu peço desculpa, mas não concordo.
Ele bufa e beija a ponta do meu nariz, o que é de alguma forma insanamente sexy e inaceitavelmente doce, embora realmente não devesse ser nenhuma dessas coisas. — Tenho um jogo esta noite.
— Uh… eu sei. E daí? — Eu digo.
—Essa é uma daquelas coisas estranhas de atleta em que você não pode foder antes de competir?
— É uma daquelas coisas estranhas de atleta em que tenho que estar no rinque em aproximadamente duas horas e preciso tirar uma soneca antes disso.
Eu pisco para ele.
—Uma soneca — repito.
—Sim — ele diz alegremente.
— Quer fazer isso comigo?
Eu olho e pisco um pouco mais.
—Um cochilo? — Eu confirmo.
— Você está dizendo isso como se nunca tivesse tido um antes.
— Não desde que eu tinha três anos — eu digo. — Ou daquela vez que tive pneumonia quando tinha quinze anos, mas de qualquer maneira eu dormia o dia todo, então não acho que isso contasse como um cochilo.
De alguma forma, enquanto eu falava, ele me levou até a cama.
— Você está perdendo — ele diz. Ele puxa minha camisa pela minha cabeça e depois começa a trabalhar no meu short, e eu não protesto porque um cara gostoso está me deixando nu, então gosto do rumo que isso vai dar. Depois que ele termina comigo, ele agarra a parte de trás da camisa e a tira também. Segue-se o moletom dele, e então ficamos ambos nus, o que é ainda mais promissor, e eu aprovo absolutamente.
Ah. Cochilo era um eufemismo. Agora eu entendi.
Só então ele me puxa para a cama e, em vez de, ah, não sei, me arrebatar até o fim da minha vida, ele nos arruma para que eu fique do meu lado, se envolve em mim por trás, e filho da puta nos aconchega. Muito platonicamente, devo acrescentar. Menos o pau duro que está me cutucando na bunda, mas ele não está fazendo nada com isso. Apenas meio que descansando entre as nádegas da minha bunda.
Ele solta um suspiro de satisfação e enterra o nariz no cabelo da minha nuca.
Demoro muito para perceber que estamos...
— Estamos abraçados? — Pareço totalmente escandalizado.
Deus do céu! Abraços! Alguém pegue os sais aromáticos.
— Mm-hmm — Lan Zhan cantarola sonolento.
— Isso não é... — eu começo a dizer.
Ele dá um beijo suave na minha nuca. Um arrepio involuntário percorre meu corpo e me aproximo antes que possa pensar melhor. E então, quando o bom senso entra em ação, tento me afastar, mas seu braço está em volta de mim, prendendo-me contra ele com tanta força que mal consigo respirar.
—É meio do dia — eu digo.
Ele boceja.
—Então levante-se — ele murmura.
Certo.
Vou me levantar.
Eu absolutamente irei. É só que tenho que esperar até que ele esteja dormindo adequadamente. Caso contrário, vou simplesmente acordá-lo e ele poderá não conseguir adormecer novamente. E ele tem um jogo, então se ele disser que precisa tirar uma soneca, ele precisa tirar uma soneca, e eu não vou impedi-lo. Este sou eu fazendo a minha parte pelo espírito escolar.
Mas assim que ele dormir, vou embora daqui.
Meu olhar pousa nas flores, dispostas alegremente no canto do balcão.
Meu coração dá um solavanco violento.
Eu aperto meus olhos fechados.
Não. Não vou pensar nisso agora.
Vou apenas... manter os olhos fechados, manter o pânico sob controle e esperar.
.......
Acordar é desorientador. Eu nunca durmo durante o dia, então abrir os olhos quando está claro lá fora é estranho. Pisco lentamente, mas não tenho pressa de me levantar porque estou muito confortável e quente. Meus olhos se fecham novamente e depois se abrem.
Alguém está beijando minha nuca.
Sim. Chega de não ceder à tentação.
— É você quem está se preparando para o jogo?  Murmuro sonolento.
Seus longos dedos descem e envolvem meu pau.
— Tenho que fazer meu sangue bombear. Obrigado pela ajuda.
  Seus lábios vibram sobre minha pele quando ele fala. O ar sai dos meus pulmões e eu me pressiono contra ele. Ele começa a mover a mão para cima e para baixo, me tocando lenta e vagarosamente como se fosse uma preguiçosa manhã de domingo e tivéssemos todo o tempo do mundo.
Minha respiração acelera até que estou ofegante. O braço esquerdo de Lan Zhan está enrolado firmemente em volta do meu peito, me segurando contra ele. Ele levanta a Palma da mão e cospe nela, e então sua mão volta. Sua boca vai para o lado do meu pescoço e ele suga a pele entre os dentes.
Não demora muito para meus quadris avançarem e meu pau pulsar em sua mão.
Eu caio contra ele, o coração batendo descontroladamente no peito, a garganta seca. Lan Zhan cai de costas e eu me viro para encará-lo. Seu sorriso é largo e brilhante.
— Dê-me um segundo — eu ofego — e eu cuidarei de você também.
Ele dá um beijo em meus lábios e rola para fora da cama.
— Segure esse pensamento — diz ele enquanto veste a cueca.
— Tenho que estar no rinque em quinze minutos.
Viro de bruços e apoio o queixo nos braços enquanto o observo se movimentar pela sala.
—Conseguir marcar um gol com essa coisa pode ser um problema — eu digo, olhando para sua ereção muito proeminente.
Ele balança as sobrancelhas para mim.
— Tem certeza que não quer uma boca que ajude? Eu faço um trabalho rápido para você — digo.
Ele veste o moletom, caminha até a cama, se inclina e dá um beijo em meus lábios.
— Vou te dizer uma coisa: vamos fazer um boquete de vitória depois do jogo.
Estendo minha mão atrás dele e aperto sua bunda.
— É melhor você vencer, então.
— Feito. — Ele me dá outro beijo antes de se endireitar. — Eu tenho que correr.
Você ainda vem, certo?
Diga não.
Eu concordo. — Sim, estou indo.
Ele pega as chaves, tira uma do chaveiro e joga para mim. Eu pego, olho para ele e depois olho para ele.
— Vamos para minha casa mais tarde — diz ele. — Sua cama é uma merda.
— Isso é… Você não precisa me dar uma chave. Posso apenas esperar lá fora em algum lugar.
Ele me envia um olhar engraçado. — Ou  você pode usar a chave e entrar.
—Mas...
—É uma discussão inútil. Basta usar a chave.
—Eu não acho...
— Não é grande coisa — diz ele, ainda infinitamente calmo. — É apenas a porra de uma chave.
E então ele sai pela porta e eu estou sozinho.
Com a chave da casa dele.
Certo.
Está bem.
Apenas uma maldita chave.
Meus olhos pousam nas flores novamente.
Tudo bem também.
Porque essas são apenas malditas flores.
E estou simplesmente calmo.
E essa coisa?
É fodidamente casual.

.....

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