1 Iris - Goo Goo Dolls

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Nunca pensei que eu acabaria daquela maneira. Primeiro dia de aula do último ano, um dia memorável, onde todos estão desesperados para enfim, se tornarem veteranos. O ano dos formandos, um grande dia para um estudante do terceiro ano, meio clichê. Mas eu não faço parte desse grupo de pessoas que estão animadas.

O único.

Sou Thomas Fenrir, um garoto de 17 anos, problemático, esquisito e órfão desde meus 10 anos. Meu primeiro dia de aula do último ano começou com minha ansiedade me acordando às 4:30 da manhã. Os pesadelos não melhoraram minha situação, desde então, estou acordado. Vi o sol nascer da janela do meu quarto, ouvi os primeiros cantos dos passarinhos e no momento, estou sentado no banquinho da minha bateria com as baquetas em mãos e meus pés nos pedais do bumbo e dos pratos.

A música me acalmava, até porque foi só o que me sobrou, principalmente se fosse rock ou algo parecido. Fui criado com sons de guitarra nas veias, na velha caminhonete de meu falecido pai tem um CD de rock que eu sabia de cor, por mais que eu não abrisse a caminhonete há anos.

Meus olhos se fecham, minhas mãos forçam as baquetas baterem no chimbal e na caixa em ritmos periódicos, meu pé esquerdo segurava firme o pedal do chimbal preso, enquanto meu pé direito seguia apertando e soltando o pedal do bumbo, conforme eu coordenava as baquetas.

As notas se harmonizam a partir do ritmo que eu exercia, me empolguei. O som estava muito alto, mas eu não ligava, estava acostumado com isso. Porém uma certa pessoinha se incomodava quando isso acontecia logo pela manhã, embora eu não me importasse com as horas.

– THOMAS! – esbravejava uma voz fina atrás de mim.

Paro de tocar e viro para trás, dando de cara com a garota que gritou comigo, de cabelos ruivos e ondulados até as costas. Ela tinha pequenas sardas que espalhavam-se acima do seu delicado nariz, as gélidas íris, de um tom azul elétrico, me encaravam, as sobrancelhas, de cobre dourado, quase se encontravam com sua expressão de raiva.

– Que hora você chegou? – questiono.

– Não importa – responde uma voz grossa que vinha do corredor.

– Vem tomar café logo, a mamãe fez bolo especialmente para você – responde a garota me puxando.

Levanto-me do banquinho da bateria, vou até o batente da porta esticando os braços e estalando minha coluna, desço as escadas e vou até a cozinha. Lá encontro um garoto de costas para mim, com cabelos vermelho-acobreados, ajeitados de maneira extremamente articulada, ele estava fazendo alguma coisa no balcão da minha cozinha, eu consegui ver a tensão em seus ombros largos por baixo do blazer vermelho vivo.

Sinto cheiro de café, meu estômago ronca, vou até o garoto ruivo e passo meu braço direito pelos seus ombros e vejo o que estava fazendo.

– Bom dia, irmão – digo olhando suas mãos, extremamente vermelhas e quentes segurando a chaleira.

Richard com aquelas íris em chamas me olha de cima a baixo, levantando a sobrancelha esquerda perfeitamente feita, seus lábios rosados e medianos formam uma linha de indignação. Mesmo com cara de bravo, ele era muito bonito, isso graças à sua genética, uma Fênix nunca seria feio.

– Aí, se a mamãe te visse descalço, sem camisa e com essas olheiras... – comenta, enquanto seus olhos voltam a cor normal de âmbar.

Rolei os olhos.

– É sério, Tommy, não anda dormindo direito, não é? – Rick questiona, colocando as mãos, que agora estavam mornas, em meu queixo, analisando minhas olheiras.

– E quando ele dormiu, Rick? – satiriza a garota abrindo minha geladeira.

– Madalaine, quantas vezes a mamãe já disse para não abrir a geladeira dos outros assim? – bufou o ruivo cruzando os braços.

O Lobo SangrentoOnde histórias criam vida. Descubra agora