16 Can't Hold Us (Feat.Ray Dalton) - Macklemore & Ryan Lewis

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A majestosa Lua Cheia finalmente iluminaria o céu e esta noite pegaríamos o Serial Killer.

Nossa vestimenta era composta por uma única cor discreta o suficiente para entrarmos na floresta sem chamarmos a atenção. Preto. Os agasalhos eram bem quentes, já que enfrentamos a madrugada gélida de outono longe de um teto. Noah carregava consigo seus anéis verdes, Richard pegou um dos machados com lâminas afiadas na cabana. Amélia se prontificou em ficar alerta caso precisássemos dela, uma única mensagem de texto faria com que a velha viesse correndo até nós.

Descemos as escadas já trocados. Nós encontramos Amélia e Narbeus na copa olhando mapas e revendo as pistas. Emma e Derek resolveram pernoitar na mansão para manter Maddy em segurança, os dois tentavam distraí-la jogando um jogo de tabuleiro.

Repassamos tudo outra vez. Estava na hora, começaria a escurecer em 15 minutos. Juarez se mantinha inquieto, ansioso, não tomei acônito aquela manhã para não me prejudicar agora.

Eu e Rick abraçamos nossa família, Noah foi ouvir Narbeus e só olhei Amélia de longe com um aceno de cabeça. Os dois já aguardavam na porta e eu passei pelo piano, meus dedos percorreram as teclas frias e empoeiradas.

Stella, cuide deles, disse em uma prece silenciosa.

Senti uma brisa suave em meu rosto com seu perfume e sorrindo deixei a casa.

Deixamos a propriedade, talvez o destino fosse a nossa morte naquela noite. Logo entramos na floresta, a rodovia que chegava na estrada pavimentada da minha propriedade é a 27, mas era a 27 localizada no Sul de Ridgeville, as mortes aconteceram uma no norte da rodovia e outra mais perto da cidade., ao centro dela.

Me transformei em lobo e Rick acendeu sua mão, fomos assim procurar o assassino, nunca afastando demais das margens da rodovia, 12 metros para dentro da mata, onde ninguém nos veria e teríamos uma boa visão dupla, da pista e da floresta.

Noah colocou em nossos sapatos um feitiço silenciador, pisávamos em galhos e folhas secas, nenhum mínimo barulho era emitido. O céu escureceu, pude ver surgindo entre as copas das árvores, que já não eram mais pinheiros, o luar.

O cheiro da mata estava calmo, não havia nenhum vestígio de fumaça ou sangue, só o leve aroma de flores e plantas, seivas e pólen. Sentindo o sereno começar a cair em minha pelagem de ébano. Pude distinguir animais noturnos, o som característico de corujas, guinchos de morceguinhos, coaxo de sapo, grilos.

Passando por um conjunto de vaga-lumes, que deixavam o clima agradável. Os barulhos da rodovia eram mais audíveis a Noah e Rick, carros dirigindo em alta velocidade, o som inconfundível de caminhões, estava tudo sob controle.

Caminhamos tranquilamente no meio da mata, com os treinos, aquilo se tornou fichinha para nós. O pressentimento de algo ruim acontecer era óbvio, mas não aparentava estar tão perto assim.

Nada havia aparecido, entramos na cidade e indo direto ao Carter 's Fast Stop, o posto de gasolina vermelho com loja de conveniência. Entramos e o sino da porta anunciou nossa chegada, tínhamos que ser rápidos.

Peguei um pacote de batata chips grande e um copo de café, Noah encheu os braços de Doritos e Coca, já Richard foi atrás de um energético, nós ficamos esperando na fila do caixa. Vinicius e sua gangue estavam lá.

Para nossa infelicidade.

Um dia de paz, Senhor. É pedir muito?

– Ué, cadê suas cores, Russell? – zombava Anthony.

Rick bufou ao meu lado.

– Acho que o Fenrir os levou para o mal caminho – completava Alexei.

Jovi estava quieto, só me olhava sem dizer nada, cheirando a medo.

– Parecem que foram num funeral – Anthony ria.

– Chega – Vinicius cochichou.

Os dois o olharam com cara de dúvida.

– Como assim, Vini?

– Eu disse já chega – pronunciou mais alto.

– Mas...

– Chega!

Foi a nossa vez de passar a compra, Rick pagou com meu cartão black e Noah colocou as compras na sacola, quando nos direcionamos para a porta, passei no meio do grupo, trombando em um deles e rosnei no pé da orelha de Jovi, baixinho o suficiente para só ele ouvir, saí da loja e começamos a caminhar na rodovia novamente.

Voltamos com a caminhada no meio da floresta, agora na parte norte, enquanto comíamos as besteiras que compramos. Estávamos parecendo crianças no cinema quando comem o salgadinho na cena silenciosa.

Rondamos a parte norte da rodovia, tudo normal, só o clima que havia mudado, a temperatura caíra dois graus, a floresta agora jazia silenciosa, muda, isso podia ser um alerta. Senti meu bolso vibrar, Amélia havia mandado mensagem:

Amélia: Alguma coisa?

Eu: Ainda nada... alguma coisa por aí?

Amélia: Não, está tudo quieto, estou rondando a propriedade de hora em hora para me certificar.

Eu: Ok.

Eles me olharam, balancei a cabeça em negação, olhei o relógio na tela do celular.

10:58 p.m.

Chegamos no fim da rodovia, não havia acontecido merda nenhuma ainda, isso me deixava preocupado. Saímos da floresta e deixamos a sacola com as embalagens em uma das placas de trânsito para o caminhão de lixo pegar depois.

A Lua estava no meio do céu, redonda e robusta, pairava acima das nossas cabeças. Andamos às margens da rodovia, menos movimentada agora, passava um ou dois carros a cada 10 minutos mais ou menos.

Já estava entediante, eu chutava pedrinhas no meu caminho, Rick brincava com sua chama e Noah movimentava suas mãos fazendo pequenos feitiços, como o de levantar os galhos no meio da pista e jogá-los para dentro da floresta, devolvendo-os à natureza.

Chutei a pedrinha um pouco longe demais, passou um carro prata com o farol alto quase nos cegando, quando minha visão voltou ao normal vejo uma coisa 100 metros à frente. Um carro parado, metade no acostamento e metade na grama, o cheiro de queimado me atinge, o motor fundiu, isso pode acontecer com qualquer um em uma mera quarta-feira às duas da tarde de um feriado.

Chegando mais perto, vi que aquele não era qualquer carro, não tinha ninguém lá dentro, o aroma corporal era recente, as pegadas ainda estavam na grama, desesperado procurei por vestígios em todo o carro e todos eles davam para a mata, todas davam para a mesma pessoa, pegadas pequenas, perfume inconfundivelmente doce, o carro sendo um Ônix branco, anúncio com minhas palavras perplexas:

– Kana...

O Lobo SangrentoOnde histórias criam vida. Descubra agora