38 Paradise City - Guns N' Roses

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Pov. Richard.

Corremos com Noah, que nos salva dos tiros que um preso maluco disparava, dobramos o corredor, minhas pernas estavam cansando, mas eu não parava.

Do nada Thomas para, empaca. Olho para trás, sua pele empalideceu como um papel, como se tivesse visto uma assombração. Noah para olhando na direção de Thomas com a expressão preocupada.

Giro a cabeça, olhando em volta. Não havia nada, mas foi aí que eu me liguei, ele não vira nada, ele ouvira algo que eu e Noah não conseguimos escutar.

Agarro seu braço esquerdo e Noah o direito, arrastando-o pelos corredores. Toda hora eu fitava seu rosto. Sua expressão era indecifrável.

O que quer que seja que ele escutou, foi uma coisa chocante para deixá-lo assim. Puxando Thomas pelos desdobramentos do corredor, pelos passos ecoando como uma manada de elefantes, uma onda de policiais passaria por nós a qualquer momento.

Um jato verde criou um domo entre a gente, os policiais apareceram, não nos viram. Enquanto eles passam, encaro Noah, ele coloca o dedo na boca em sinal de silêncio, com um sorriso travesso.

Thomas trazia em seu rosto um olhar vazio, como uma máscara de cera em um museu. Os olhos azuis eram um mar revolto, uma tempestade capaz de afundar grandes embarcações. Fenrir não se encontrava presente no mundo, somente dentro da própria cabeça, aprisionado em seus pensamentos e eu não sabia o grau que ele se afundou.

Algo que pesou em meu estômago, como uma bigorna, me deixando preocupado.

Corremos por aqueles intermináveis corredores. Pelas barras das celas era audível os berros dos presos. Havia alguns rastros de sangue no chão. Depois de muito tempo chegamos perto do refeitório. Tudo vazio. Tudo quieto, nem parecia a mesma cadeia.

Tem alguma coisa errada.

Na portaria a mulher mexia nos computadores, olhando as câmeras.

– O que... vocês estão em horário de trabalho, não podem sair sem uma justificativa.

Noah solta o braço de Thomas parando na frente da mulher, seus olhos brilham como aurora boreal, junto com os anéis. O olhar da mulher parecia hipnotizado no dele, Cameron levanta a mão, fazendo movimentos com ela na frente dos olhos dela.

– Posso sair sim – profere o Elfo. – Você não vai se lembrar da gente, continuará a sua vida como se nada tivesse acontecido e apagará nossas filmagens da câmera.

– Eu não vou... não.

Noah a encarou, inclinando o pescoço para a esquerda.

– Vai sim...

– Vou sim...

– Agora – e estala os dedos na frente do rosto da mulher.

Um jato de luz aparece em seus olhos como na vez que ele a encantou para conseguirmos entrar. O domo se formou em nossa volta novamente e fomos até o caminhão de papai.

Noah destrancou o baú do caminhão e nós entramos, Thomas não estava nada bem, mas já aparentava algo menos pior do que antes. Entrego a troca de roupa para ele, Thomas observa e hesita relutante, como se seu subconsciente ainda permanecesse naquela prisão.

– Você está solto – esclareço.

Parece que só naquele momento ele percebeu isso.

Os olhos azuis me encaravam, refletindo tantas coisas ao mesmo tempo. Nunca na minha vida toda vi Thomas Fenrir tão perdido quanto naquele momento.

– O que te chocou tanto? – questiona Noah. – O que você ouviu?

– Em casa eu falo – seu tom era quase que irreconhecível.

Trocamos de roupa, eu não fiquei encarando, mas pela visão periférica era possível observar. O corpo de Thomas estava parcialmente desnutrido, ele perdera o abdômen trincado. Não exatamente esquelético, mas com um corpo mais magro do que quando começamos a treinar.

Ele se curvou quando foi colocar a blusa, pressionando a mão na barriga e fazendo um choramingo de cachorro.

– Tommy...? – eu e Noah o chamamos na mesma hora.

– Estou com fome – se vira olhando para nós, com seus caninos à mostra, seus olhos de Alpha brilhavam.

Meu rei me encarou, suplicante.

– Vamos comer – tento acalmá-lo. Ele ficou por um mês sem a proteína adequada, sem as calorias suficientes para um lobo.

A porta do baú se abre, era Papai.

– Filho... – chama não tirando os olhos de Thomas. – O que fizeram com você?

– Pai – a voz de Thomas tremia. Ele não brilhava mais como um rei, não ali. Não destruído daquele jeito. Não se parecendo como um cachorro de rua que foi açoitado. Derek Russell passou os braços em volta do corpo do filho adotivo, com medo de que se apertasse demais, Thomas se desfizesse em suas mãos.

Papai deixou que Thomas recuasse primeiro do abraço.

Quando Derek estacionou o caminhão no posto, nós descemos e na estrada da cidade entramos na traseira do fusca de Amélia Jones. Eu sentei no estofado macio e Thomas, agora transformado em lobo deitou-se, tomando o banco todo e repousando a cabeça em meu colo.

Pelo retrovisor, Amélia Jones usando um óculos de sol rosa em formato de coração me encarava.

Comecei a acariciar seus pelos negros, até a textura estava diferente, mal cuidada. Eles não brilhavam mais como antes, não. Agora pareciam com palha. Notei também suas costelas. Dava para perceber que Thomas não se sentia bem. Conforme meus dedos roçavam seus pelos eu conseguia sentir todos os seus ossos e aquilo me assustava.

– Nós estamos indo para casa, Tommy – prometi e ele me responde com um chiado baixo.

O Lobo SangrentoOnde histórias criam vida. Descubra agora