14 Dream On - Aerosmith

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Demoraria um bom tempo até a próxima Lua Cheia, com isso todos concordamos em ficar de boa, mas alerta, pois poderia acontecer outros assassinatos em algum momento. O Feiticeiro nos surpreenderia nos surpreender e isso não estava em nossos planos, tínhamos que ter cuidado.

Era uma tarde de sábado, eu, Rick e Noah estávamos no meu quarto de boa. O Ruivo repousava largado no puff com a guitarra de chamas em mãos, fazendo um som fraquinho, um curto e singelo dedilhado. Já o Elfo permanecia sentado em minha bateria, apenas treinando, fazendo alguns exercícios que professores passam para iniciantes nas primeiras aulas de música. Eu poderia dizer que assim ele estava apenas descansando.

Já eu me mantinha deitado na cama com minha querida Relâmpago em mãos, dedilhava suas cordas, minha mente vazia navegava por um limbo branco, até que Rick começou a tocar Livin' on a Prayer do Bon Jovi. Noah o seguia e eu fui no embalo, nos dedicamos no instrumental, deixando de lado a parte vocal.

Eu estava me animando, adorava essa música, não só por ter meu nome em sua letra, mas pela história que ela contava, o casal que vivia por uma prece. Noah sorria com as baquetas em suas mãos, amávamos isso, a sensação de tocar uma música como essa de cor, era magnífico.

Relaxante.

– Livin' On a Prayer... – gritou Rick, sua voz era gostosa de ouvir.

Meus dedos começaram a agir quase sozinhos quando chegou na parte do solo da guitarra, que dominei, quis por um momento fazer graça, uma coisa difícil, um completo improviso, nem sei como consegui realizar tal feito. Cada corda era pressionada com uma pressão diferente, com os olhos fechados, apenas apreciando a coisa nova que criei.

Quando terminei, continuei tocando normal, com a partitura já tatuada em meu cérebro, só estranhei que não ouvia mais a outra guitarra nem a bateria. Abri os olhos, me deparando com os dois encarando-me incrédulos.

– O que foi isso? – Noah ainda com queixo caído.

– Pode repetir? – Rick pedia, era quase uma súplica. – Por favor, diz que pode repetir, porque isso tinha que ter sido gravado.

Respiro fundo, volto ao solo de guitarra da música do Bon Jovi, um pouco ansioso, eu poderia errar, poderia fazer diferente, poderia fazer uma merd registrada em câmera. Mas tudo bem, eu não estava de frente para uma plateia que esperava que eu me saísse bem. Eu tinha apenas meus dois melhores amigos na minha frente, que não dariam a mínima se eu tocasse uma nota errada.

Mudo o dedilhado de uma hora para a outra, aquilo se tornou tão fluido, não precisava fazer tanto esforço, por mais que parecesse que meus dedos iam se embaralhar nas cordas. Termino no exato momento que os meninos desligaram a câmera. Suas caras ainda eram de choque.

Rick escutou umas três vezes tentando repetir, mas não passava da primeira sequência de notas. Até Noah que nem tocava guitarra tentou, mas falhou miseravelmente. Tentei ensiná-los, mas devagar, prestando atenção, eu também não conseguia, só rápido, e nesse ritmo era impossível de ser ensinado.

Aquele tinha se tornado o meu solo de guitarra, em todos os shows, em um momento que eu achava oportuno, enfiava o solo em algum lugar, fazendo a festa caindo de joelhos e dedilhando as cordas da guitarra tão rápido que as pessoas ficam hipnotizadas, pedindo por mais. O público vibrava todas as vezes que eu termino de tocar.

Meu solo trouxe mais sucesso para o bar, o que fez Abby criar um instagram para mim. Agora com o intuito de trazer mais clientes, eu e os meninos tivemos que começar a performar, andando no meio das pessoas. Certa vez Richard subiu em cima da mesa cantando um rock romântico.

. . .

Tive outro sonho com Katenira Keller, as memórias de Miguel ficavam cada vez mais vívidas, era como se eu estivesse presente em séculos que nem meu ascendente mais distante Kristopher, viveu.

A coroa de rubis foi colocada acima de meus cabelos, me tornando rei. Muitos me chamavam de cruel, por mais que eu fosse um bom rei na administração do reino e do povo. Mas era compreensível, meu povo estava certo, eu era realmente cruel, trucidava meus inimigos, os torturava para tirar informações, do meu povo eu punia quem desobedecesse, não havia ninguém que não abaixasse a cabeça para mim, eu era um Alpha de nascença e tinha herdado a coroa de meu pai, que morreu de repente.

Em certo dia, sai para cavalgar com meus guardas, meu irmão de 14 anos e meu General, cavalgavam ao meu lado. Eu ensinava meu irmãozinho a caçar, mostrando a ele como empunhar um arco quando algo se mexeu no arbusto, mandei somente com sinais ele levantar o arco, ele ficou a posto, estava assustado, nunca na vida tinha matado uma presa, mesmo ele sendo um jovem lobisomem.

De repente, o que chacoalhava os arbustos saiu do meio da mata. Uma linda mulher, seus olhos me encantaram desde o exato momento em que os encarei. Ela trazia consigo um pacotinho em suas mãos ensanguentadas, um bebê. Elaempunhava uma faca, assustada, suas roupas completamente ensanguentadas e rasgadas, tentou ser agressiva com meus homens, mas acabou desmaiando de exaustão nos braços do meu General, peguei a criança de seus braços antes que algo de ruim acontecesse.

Era um menino recém nascido, lindo igual a mãe. Quanto àqueles olhos me fitaram, aqueles olhos de cores diferentes, eles desbloquearam algo em mim. Nunca pensei em ter filhos. Eu era jovem e acabara de subir ao poder, nem esposa ainda não tinha, mas foi ali, naquele instante eu ansiei por uma família. Desejei aquela criança que estava em meus braços sendo o meu único príncipe herdeiro.

Quando chegamos ao castelo, lhe dei banho com uma serva me instruindo, o presenteei com roupas novas e mandei que fizessem brinquedos para ele, já para sua mãe, mandei que minhas criadas dessem do bom e do melhor para ela e que meu General guardasse a porta de seu quarto.

Uma tarde me dissera que ela havia acordado, eu estava brincando com o bebê no jardim, o ensinando que acônito era perigoso, como se ele fosse entender isso. Fui até seu quarto, ela tentou me atacar, meu General já havia me avisado, algo que precisava ver com meus próprios olhos, rosnando Katenira brilhou os olhos, então eu tive certeza. Era uma loba, e isso por si só já era muito raro, no mundo existiam pouquíssimas lobisomens fêmeas, mas não era apenas uma loba qualquer.

– Por onde esse poder se escondeu durante meses? – Pousei a mão em seu rosto delicado. A primeira exigência que eu fiz quando tornei-me rei, foi ordenar que meus soldados procurassem a Delta, a primeira lobisomem mulher do mundo, a qual tinha os olhos brilhando em lilás. – Meus soldados sempre a rastrearam, mas então desapareceu.

Então ela me agrediu e foi nesse momento que eu me apaixonei completamente por aquela mulher louca e suicida.

Deixei o garoto com ela, dias se passaram, semanas e depois meses, quando vimos, finalmente ela tinha se apaixonado por mim e o seu filho agora me chamava de pai. Ela já tinha este posto por ser uma lenda, mas tornei Katenira Keller de fato a Rainha dos Lobos.

Descobri que no Diário Fenrir tem uma pequena parte que fala sobre grandes lendas. A Rainha dos Lobos era uma Delta, única. Nunca no mundo houve outra igual a ela, foi algo além do sobrenatural.

Um Alpha a mordeu em uma briga e depois ela o matou sob a luz da Lua Cheia, isso fez com que sua condição que era para ser Ômega, tornar-se Alpha no mesmo instante, só ela no mundo inteiro poderia ser assim, parecia que o universo escolhia sobrenaturais a dedo para se diferenciarem.

Eu nasci Alpha, era muito raro, um em um bilhão, mas não único como Katenira Keller foi um dia.

A única Delta que pisou na face da terra.

– Ela era meu sueño, depois que a mataram, nunca mais fui o mesmo – dizia Juarez com sotaque espanhol – meu hijo, infelizmente o abandonei, me fechei e deixei o reino virar um caos, ele fugiu, queria seguir os passos da mãe antes de se tornar rainha, e eu não durei muito tiempo depués disso. Definhei em meu trono, após perder meu General na última guerra que participei.

O Lobo SangrentoOnde histórias criam vida. Descubra agora