40 It's My Life - Bon Jovi

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Pov. Thomas.

Olho para a tela do celular de Rick. Eram quase 4 da manhã.

Minha ficha ainda não tinha caído.

Meu pai saiu do caminhão, pegando chaves de rodas e um macaco para trocar o pneu furado. Muito provavelmente sujando a roupa limpa de graxa e machucando as mãos de um homem que era dono de uma das mais renomadas empresas de moda do país.

O barulho da rodovia assediava meus ouvidos. Motores de diferentes veículos roncavam, junto aos pneus que cantavam em sintonia com o asfalto. O guincho de freios nas curvas, tendo que desacelerar a velocidade para não causarem um acidente. Mas é claro que nem todos pensam assim.

Algo se mistura com o canto matinal dos pássaros.

Sirenes.

Minha espinha gelou, a adrenalina percorreu todo o meu corpo, dizendo-me perigo. Só de imaginar luzes azuis e vermelhas juntas fazia meus pelos arrepiarem.

Rick recebeu outra mensagem. O toque me fez pular igual um gato assustado.

Meu irmão semicerrou os olhos.

– Noah acabou de dizer que um policial mandou pará-los, revistando-os.

– Policiais?

Que grande merda.

Rick – meu irmão começa a recitar as palavras digitadas de Noah. – Tá tendo outro comando. Um policial parou o fusca revistando tudo, consegui ouvir pelo rádio que tem uma carga de drogas nessa pista e eles acham que pode estar no caminhão. Vão parar vocês.

– Merda.

Tento pensar, mas nenhuma ideia passa pela minha cabeça. Só há uma grande quantidade de angústia apertando o meu peito.

Eu não posso voltar para aquele lugar.

Eu não vou voltar para lá.

– Thomas...

Encaro os olhos âmbar, tentando entrar no eixo.

Richard ergueu o indicador da direita, enquanto segurava o aparelho telefone na mão esquerda.

– Subam na moto, quando os policiais abrirem a traseira e forem revistar, vou esconder vocês em um domo. – Richard suspira risonho. – Manda o Thomas mostrar o quão rápido um virgem pode ser.

Por reflexo bato minha mão no ombro de Richard.

– Ei – ele reclama. – Não fui eu quem disse que...

– Cala a boca.

Richard revira os olhos.

– É meio óbvio que você nunca...

– Cala a boca.

– Você exala virgindade...

– Eu mandei calar a porra da boca, não entendeu, General? – meus dentes rangem.

A Fênix cruza os braços, com cara de deboche.

– Eu irei me abster, tá legal?

Rosno.

– Falta quanto para chegarmos em casa?

– 157 quilômetros .

Bufo.

Rodeio a moto, como se fosse um cavalo, montei no banco. Não era uma motocicleta grande, meus pés chegavam com facilidade no chão. Deparo-me com meu reflexo no retrovisor.

Quem é você?

O que aconteceu comigo?

Que merda.

Meu pulso fica frouxo, acelerando. O motor ronca como um dragão adormecido.

Agora – Rick profere as palavras de Noah.

Ele sobe na garupa, luzes verdes entram pela fresta do baú e nos envolve como um cobertor.

– Que a Santa Lua Cheia nos proteja – digo.

Escuto vozes distorcidas e passos. Um puxão. A porta se abre revelando dois policiais. Uma mulher e um cara. Ele apontava para nós com a lanterna, ambos tinham suas pupilas verdes como jade.

A mulher sobe e analisa o interior do caminhão. Passando do nosso lado.

– Ele disse que não vai aguentar muito tempo – sussurra Rick.

– Ouviu isso, Jane? – o policial pergunta.

Engulo seco.

– Merda, Thomas. Agora!

Acelero a moto, o pneu desliza bambeando, tenho que me equilibrar para nos mantermos em pé e não ralarmos a cara no asfalto na minha primeira tentativa de andar de moto. Seria trágico e humilhante da minha parte.

Saltamos do baú do caminhão. Tudo passou a ser um filme gravado em câmera lenta em uma lente com filtro retrô. A roda da frente gira no ar, o vento bate em meu rosto, junto ao medo de cair. Seguro firme o guidão enquanto Richard aperta minha cintura. O pneu bate no asfalto, deixando marcas no piche.

Finalmente começo a dirigir na estrada. Éramos dois caras numa moto. Completamente vestidos de preto e usando capacete. Aos poucos o domo de luz foi se apagando, como um lanterna velha que quando a bateria começa ficar escassa.

Deslizava cortando os carros na pista, provavelmente provocando medo em muitas pessoas.

Será que aqueles dois malucos vão me assaltar?

Oh, meu Deus!

Eles podem se machucar.

Acelero a moto, que empina. Richard segura com força em mim, a adrenalina relampeava por minhas veias. Era como uma droga que eu estava em abstinência. A sensação foi satisfatória.

Poderia dizer até...prazerosa.

Já para Richard, eu sentia seu coração bater contra as minhas costas. O medo exalado por seus poros invadia meu nariz.

– Está com medo de voar? – provoco gargalhando. – Você tem asas!

Ouço um som impaciente que deixa sua garganta me fazendo rir mais ainda.

O Lobo SangrentoOnde histórias criam vida. Descubra agora