Chego em casa estressado, jogo minha mochila no corredor e subo correndo para o terceiro andar, empurro uma porta que não era aberta há anos, ao passar por ela dava para um cômodo iluminação fraca por conta da janela localizada no alto, o teto era triangular devido ao telhado. Da última vez que estive lá, meu pai ainda era vivo.
Fico na frente de um saco de pancadas vermelho e empoeirado. A raiva sobe à cabeça enraizando em meu peito como uma doença, começo o socar de qualquer jeito e com ódio, sentindo a dor se infiltrar em meu sistema nervoso. A cada soco, o baque surdo ecoava pelas paredes.
Estava com ódio de tudo, ódio de mim, ódio de me mostrar para Kana, ódio de Vinicius Jovi, e principalmente, ódio de Miguel Juarez.
– Por que de mim? – ouço a voz que me arrepiava.
Giro a cabeça, procurando pelo cômodo e meus olhos chegam em um espelho manchado de tão velho.
– Por que será, não é mesmo? – cuspo sarcasmo. – Cansei de ser seu fantoche!
Ele me encara com os olhos vermelhos.
– E eu cansei de você viver como uma presa! – dizia rispidamente. Ele andou aprendendo inglês com a minha convivência. – O que fez hoje foi libertador, mostrou sua verdadeira face, eu sei que você se sentiu bem mostrando quem era o Alpha.
De fato, quando eu levantei Jovi pela camisa, ameaçando-o, foi um sentimento quase arrebatador, como se o peso sobre meus ombros estivesse exaurido por um breve momento.
– É, mas olha no que deu! Kana me acha um monstro!
Ouço uma risada cínica.
– Acidentes acontecem.
Revirei os olhos debochando.
– Você nasceu para ser Alpha, não eu.
– Tomás, comece agir como foi destinado!
– Ah, é?
– Será respeitado se mostrar porte, se não será tratado como um lixo... e sabe muito bem como é isso.
Miguel havia pego na ferida. Afundando uma faca banhada à prata.
– E o que tenho que fazer? – pergunto cansado.
– Libertar seu verdadeiro eu, não a mim, e sim você – dizia Juarez. – Libertar o verdadeiro Tomás, aqueles que só os mais próximos conhecem. Na escola, você foi brilhante.
Suspiro.
– Eu me senti bem.
– Eu sei! Seja quem sempre foi destinado para ser...
Miguel some do espelho e só vejo meu reflexo. Um Thomas cansado do mundo do jeito que estava.
– Ser o Alpha... – Suspiro reorganizando os pensamentos. – Como vou me aceitar se eu nem sei as minhas origens! E por que diabos se chamou de rei?
– Soy un rey. Era, no caso.
Surpreendo-me com essa afirmação, a curiosidade bateu à porta, mas não perguntaria, meu orgulho não fez questão de abrir a porta, pois ainda sentia ódio dele. Volto a socar o saco, mas não como antes, com ódio, mas sim com liberdade, tentando deixar o meu eu ser livre e ser, simplesmente, eu. Mais uma vez os ecos soavam e eu me empolgava dando mais e mais socos, a adrenalina corria pelas minhas veias misturando-se com a dor.
Naquele momento eu me senti mais eu do que havia me sentido a vida inteira, era satisfatório.
Assusto com um barulho repentino, chuto o saco que saí do gancho e acaba se chocando contra a parede de madeira escura.
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O Lobo Sangrento
Hombres LoboPara todas obcecadas por um moreno sarcástico, este livro é um presente para vocês. Mas deixo um aviso: o charme que sabe roubar uma cena está no melhor amigo ruivo gostoso. Preparem-se para se apaixonar por mais um bad boy misterioso com um passado...