Emma entrou por aquela maldita porta de ferro, com os olhos marejados e vermelhos, sabendo que não seria possível me tirar dali desta vez. Isso doía maia em mim do que nela. Ela veio me dar um abraço e o policial a barrou, segurando seu braço, impedindo-a de tocar em mim.
A Xerife não daria o braço a torcer.
Não para um monstro.
– Se está pensando que vou matar a minha mãe, você está muito enganado, não farei mal a ela, pode sair, por favor.
Ele hesitou por um momento.
– Por favor – ela pediu, ele xingou baixinho, mas saiu.
Emma me abraçou com força, envolvendo-me, afundei o rosto em seu pescoço, onde os cabelos ruivos faziam cócegas na minha pele, ali pude chorar em seus braços aconchegantes de mãe, como uma criança que perdeu um brinquedo favorito, a liberdade.
Parecia que veneno corroía meu coração, e o sangue infectado navegava em minhas artérias.
– Mãe, eu quero ir para casa.
– Você não pode, meu amor – ela chorava comigo, meus ombros chacoalhavam.
– Por que essas coisas só acontecem comigo?
Emma deu um sorriso amarelo.
– Ah, Filho... você nasceu com essa condição, Tommy, eu me lembro até hoje como foi – suas mãos percorriam meus cabelos de ébano. – Derek foi trabalhar e como Richard era pequeno, eu sempre ia para a mansão quando ele viajava. Quinta-feira de noite resolvemos fazer um churrasquinho, passou da meia-noite, seu tio Órion disse que ia cuidar das crianças, então subi com ele colocando Rick para dormir, Stella era uma graça.
"Quando voltei para fora, já era sexta-feira, olhei para os céus, aquela noite era de lua nova, mas a lua estava estranha, ela não parecia estar se escondendo, parecia que estava voltando a ser cheia."
"Comentei isso com sua família e nós ficamos observando a lua. E quando o relógio do escritório de seu avô badalou informando ser uma hora da manhã, do dia 13 de julho, a Lua estava Cheia no céu."
"No exato momento a bolsa da sua mãe estourou e as contrações começaram, lembro-me dela dizendo que não ia sair dali, rugia e grunhia de dor, ameaçando de morte quem a fizesse levantar dali."
"Seu pai correu, trazendo travesseiros para deixá-la confortável. Quando olhei novamente para o céu, a Lua não estava mais branca, ela, rapidamente, avermelhou-se, como se estivesse sangrando."
"Demorou demais, sua mãe já não tinha mais forças, achamos que ela não iria resistir, então eu peguei a mão dela e olhei no fundo de seus olhos amarelos de beta, eu sabia que naquele momento eu também estava com os olhos brilhantes, a chama tomou conta de mim naquela hora."
"– De novo – falei com convicção, passando toda a minha confiança e determinação para minha melhor amiga naquele momento e as 2 e 55 da manhã, eu peguei você em meus braços."
Uma lágrima escorria por sua bochecha sardenta.
– Virei sua madrinha e prometi para Katherine que se alguma coisa acontecesse com ela eu iria cuidar de você, – sua voz falha – mas falhei, não consegui te tirar daqui, descumpri minha promessa.
Escuto a porta se abrir com um rangido, vejo três pessoas que conheço muito bem, Kana veio correndo me abraçar e me beijar, se jogando no meu colo, seguida por Richard muito bravo.
– Saí, ele é meu – esbravejou a Fênix, estava irritadiço, ele me abraçou, senti seu desespero, ele não estava se controlando, quando olhou em meus olhos vi a chama, ela queria consumi-lo por completo. Noah passou o braço pelo meu ombro, abraçando nós dois.
Todos podiam dizer que Richard Russell era esquentado, que não se controlava, que a raiva o dominava, amava uma briga, suas emoções eram fortes e impulsivas, mas ninguém poderia negar que eu era a sua calmaria no meio da tempestade.
Mais tarde, quando as papeladas ficaram prontas, Derek trouxe Maddy para se despedir de mim, Kana me deu um beijo após a polícia ter registrado seu depoimento novamente. Mamãe me deu um abraço. Só ficamos eu, Rick e Noah.
– Tomarei conta dela – diz Noah se referindo à Kana.
– Mamãe vai se mudar para a mansão de vez – comenta Rick.
– Ótimo.
– Nós vamos arquitetar um plano para te tirar de lá – começa Noah. – Uma fuga, no dia anterior à Lua Cheia, blindarei a mansão.
O abracei forte, Cameron passou os braços em minha volta, não querendo me soltar, como se aliviasse o aperto seria tarde demais para me trazer de volta.
Eles estavam com medo por mim.
– Aguente firme.
– Tommy... – Richard estava chorando. – Ah, Tommy...
Me abraçou forte, chorou em meus braços, abri o braço direito para que Noah também entrasse. Eu precisava sobreviver, eu precisava voltar para eles.
– Daremos um jeito – esclareço – preciso que sejam fortes por mim. E você, Esquentadinho, juízo, não queime ninguém.
Ele sorriu ainda chorando.
– Cuide dele, Noah, até eu voltar.
Ficaram comigo até o camburão chegar, todos estavam distraídos e vejo Noah em ação pegando meus documentos e outras coisas da mesa de um policial.
Me colocaram lá dentro, ainda algemado, o espaço era maior que o banco detrás de uma viatura, mas muito mais difícil de escapar e esse não era o plano. Me levaram para um presídio, que não me disseram onde. Só sei que fui tratado como um animal durante a viagem e não sabia se havia passado minutos ou horas.
Eu poderia estar em qualquer lugar do país. Na penitenciária de Ridgeville ou em Alcatraz.
Quando finalmente saí do camburão, me deparo com uma grande construção branca e ouço alguém dizer "Atlanta". Se eu estava em Atlanta, aquela era a United States Penitentiary Atlanta. Me pergunto o porquê de ter parado lá, sendo que tinha um presídio em casa.
Juddy Wayne e seus contatos.
Noah havia confiscado minha jaqueta que tinha ficado no Camaro, graças a Deus, pois se a fuga desse certo, eu não conseguiria pegar mais pertences, eu não estava com as minhas coisas de valor, as roupas que usava não me fariam falta. Não é como se eu não pudesse comprar uma calça jeans e uma blusa de banda.
O rapaz que trabalhava no setor de entrada de prisioneiros verificou se eu não estava com nada, nenhuma droga, nenhuma arma, me revistou inteiro, passou a mão em lugares onde ninguém havia tocado.
Me fez ficar nu e trocar de roupa na sua frente, uma parte de mim odiou isso, não era um dia comum para mim ficar totalmente sem roupa na frente de alguma pessoa. A última vez que alguém me viu nu, foi minha mãe me dando banho quando criança. No máximo Rick e Noah me vendo só de cueca box enquanto eu trocava de roupa, ou saindo da piscina na casa dos Cameron.
E puta merda, que roupa horrível, aquele traje laranja, eu não entendia muito de moda, mas pelo menos eu sabia que aquela cor não estava na minha cartela. Richard diria que não realçava minha beleza, igual fez alguns anos atrás, no auge dos meus treze anos eu ganhei uma camisa laranja do Acampamento Meio-Sangue e eu entendi muito bem o porquê Nico di Angelo nunca a usava, eu também preferia uma camisa preta com caveira.
– Você está parecendo um defunto, Tommy.
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O Lobo Sangrento
WerewolfPara todas obcecadas por um moreno sarcástico, este livro é um presente para vocês. Mas deixo um aviso: o charme que sabe roubar uma cena está no melhor amigo ruivo gostoso. Preparem-se para se apaixonar por mais um bad boy misterioso com um passado...