Mamãe era uma Fênix e nunca nos contara, ou deixara aparecer.
Fizemos um tipo de audiência sobrenatural, mais a caçadora. Todos estavam presentes, sentados ao redor da mesa da copa, feita de madeira de carvalho escuro. Eu no canto, onde era o lugar de vovô Melliornny, a cadeira do chefe da casa, com Richard à minha direita, onde fora um dia lugar do meu pai, e Noah à minha esquerda, no de tio Órion. Emma e Narbeus se sentavam do lado dos seus respectivos parentes e a Caçadora de frente para mim, onde eu podia observar todos os seus movimentos. A cadeira sempre vazia, um lugar que nunca tinha sido ocupado até hoje. Ali era onde minha falecida avó, Safira Fenrir, se sentava.
Não foi fácil chegar em um acordo, mas todos concordaram que o mal teria que ser derrotado pela raiz e para isso precisaríamos de toda ajuda possível. Não éramos amigos, somente pessoas com um inimigo em comum, fazendo uma trégua com a finalidade de todos acabarmos vivos. Éramos apenas pessoas com o mesmo adversário, que haviam demorado horrores para chegar em um consenso, puramente para promover nossos interesses e autopreservação.
Discutimos todas as informações importantes, o que todos sabiam e o que precisaria ser feito. No meio houve tiração de farpas e muito deboche, ameaças e sarcasmo além da conta. Eu diria que estava parecendo um bando de crianças birrentas.
O Assassino estava muito bem escondido, não sabíamos quem era e nem por onde procurar, só que ficara muito tempo enfraquecido e agora se fortalecia a cada morte que causava.
Todos escutamos Narbeus, que era a pessoa mais velha e sábia quando o assunto se tratava de seres sobrenaturais.
– Um feiticeiro não faz magia sem ervas ou fogueira. Não uma magia tão pesada quanto essa, usufruir da necromancia e sacrifícios requer muito estudo e combinações de substâncias naturais. O estoque não dura para sempre, ele pode ter um canteiro em algum lugar onde as cultiva.
Narbeus massageou a têmpora.
– Fiquem de olho em acônito, verbena e beladona, ninguém que cultiva isso em casa pretende apenas ter um canteiro bonitinho. E ele precisa de um esconderijo, não faz magia sem livros antigos, um grimório é sempre necessário junto com um caldeirão.
Provavelmente o Assassino tinha uma cabana na floresta, em algum lugar da rodovia 27.
– Em nenhuma hipótese permitam que ele entre no bunker. Além disso, crianças, sabemos quando será o próximo ataque.
Todos ficaram mais mudos do que já estavam.
– Um feitiço como esse exige um evento natural, mas uma vez escolhido, ele deverá permanecer até o feitiço se tornar completo, pode ser mudança das estações, auroras boreais, estrela-cadente, eclipses, ou até mesmo...
– Ao completar uma Lua Cheia.
Todas as mortes foram em Lua Cheia, na noite do apagão e na noite do encontro. Tudo fazia sentido.
– Exato, Pequeno Fenrir. Um ciclo se fecha.
– Um ciclo se abre – completo.
– Assim sucessivamente – diz Noah.
– Há um padrão – começa Amélia. – Primeira Lua Cheia, rodovia 27, duas pessoas mortas, na casa dos 20.
– Ontem, segunda Lua Cheia, também na rodovia 27 e mais duas pessoas mortas na mesma faixa etária – comento.
– Eles são perfeccionistas, gostam de tudo exatamente do mesmo jeito, é assim que podemos pegá-lo. Como o modus operandi de um Serial Killer.
Narbeus nos instruiu ao longo dos dias, pegou mais pesado nos treinos e parte deles agora era rondar a floresta que cobria a rodovia. Passávamos a noite em claro caminhando pela mata, procurando pistas, qualquer coisa que nos levaria ao feiticeiro.
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O Lobo Sangrento
WerewolfPara todas obcecadas por um moreno sarcástico, este livro é um presente para vocês. Mas deixo um aviso: o charme que sabe roubar uma cena está no melhor amigo ruivo gostoso. Preparem-se para se apaixonar por mais um bad boy misterioso com um passado...