Pov. Thomas.
Já havia se passado mais de uma semana que eu estava trancafiado naquela prisão. Li vários livros de Ezra e percebi que a maioria dos que ele tinha eram de alguma mitologia. Greco-romana, nórdica, celta, asteca, inca. O velho era professor de história com mestrado em mitologias antigas. O cara era muito inteligente, mas foi burro o suficiente para estar preso.
Minha refeição continuava fraca de proteína, teve momentos que senti meu estômago colar nas costas. Dava-me água na boca só de pensar em um cervo bem grande e gordo comendo grama no meio do meu quintal.
As vezes quando passava a mão no rosto, estando frustrado com alguma coisa, sentia minha barba rala já estava aparente. Eu não raspei mais desde que saí de casa. Não era permitido lâminas de barbear nas mãos dos presos.
Percebi que meus novos quatro colegas, se é assim que posso chamá-los, não falaram nada de plano perto de mim e se falaram longe não pude distinguir as vozes.
Isso me deixou um pouco incomodado. Eu queria saber o que estavam tramando e se isso me colocaria em perigo.
Todos os dias eu treinava na cela, o máximo que conseguia para tentar manter a minha forma e minha força. Em algumas noites sonhei com Rick. Um Richard de mil anos atrás, e nas outras noites com as lembranças de Miguel Juarez. Certa noite tive um sonho tão quente com sua rainha que acabei acordando todo suado. Ezra não demonstrou, mas eu sabia que ele estava acordado.
Miguel foi um rei péssimo antes de ter sua rainha, a qual o colocou no eixo. Seu príncipe era uma graça de criança, por mais que algumas vezes fosse meio cruel, mas o que mais essa criança poderia ser? Foi criada como o centro da terra, mimado. Interpretar o papel de pai me deu mais vontade de ter filhos, vi com meus próprios olhos a experiência e quero presenciá-la de verdade.
Saio da minha cela sozinho para almoçar, o corredor estava vazio, todos deveriam estar comendo. Começo a andar e escuto passos atrás de mim. Um pressentimento ruim me invade, uma pulga atrás da orelha. Sinto o cheiro de raiva e vingança misturados com os odores da prisão.
Eu já sabia quem estava atrás de mim, ele vinha me cobrar.
– Novato – Knox chamou com raiva, ele não estava sozinho.
Eu estava quase na porta do refeitório quando paro, vejo meus quatro colegas na mesa e eles me olharam me chamando para entrar, mas meu senso de briga estava ativado. Desejava a adrenalina. Dou meia volta e olho para trás. Knox e os outros dois do mesmo dia estava lá, não dá tempo de recuar sou pego de surpresa levando um soco no queixo, o que me faz grunhir e gemer de dor.
Aquele soco tinha me desnorteado, minha visão pretejou. Quando recuperei a vista, eu estava no chão com Knox me chutando e uma roda de presos se tinha se formado em volta de nós. Os quatro tentavam passar para me ajudar, mas a multidão não dava passagem.
– Briga!
– Briga!
– Briga!
Vibravam as pessoas se divertindo. Knox era respeitado e era assim que ele recebia respeito. No terceiro chute agarrei sua perna antes dela chegar na minha costela. Vi em sua expressão que ele não estava esperando, pude ver um flash de medo passando em seu rosto por um milissegundo.
Passei a perna por baixo pela qual ele se equilibrava.
Knox caiu, passei a mão em meu rosto e vi o sangue escarlate, estava saindo da minha boca e do meu nariz.
Levantei-me e pisei em seu braço com força. Escutei seus ossos se quebrarem, subi em cima de seu tórax e soquei seu rosto algumas vezes enquanto ele tentava me tirar de cima e inutilmente impedir os golpes.
Seus dois amigos me puxaram para cima.
– Lutar de pé? – debocho sorrindo como um psicopata louco por sangue. – Achei que fossem animais e não homens para lutarem assim.
Eles vêm para cima de mim. Desvio dos socos e chutes e dou joelhadas na coluna do primeiro, o segundo me puxa tentando me dar uma mata leão.
– Até parece que sou um leão – digo com tom sarcástico.
Piso em seu pé e quando ele solta dou uma cotovelada em seu maxilar, que o faz ficar desnorteado e o chuto no meio das suas pernas, o fazendo cair de joelhos urrando de dor.
Chego perto do seu ouvido cochichando bem baixinho:
– Não sou um leão, pero soy un rey – minha voz era fria o suficiente para fazê-lo tremer..
Quando me viro, Knox estava de pé e ele agarrou com a mão do braço ileso, apertando meu pescoço, sorri e peguei seu pulso o virando, escutando as torções. Tirando sua mão de mim, a puxo para baixo e dou uma joelhada em seu queixo o que o fez cair.
– Se curvando perante seu Rei, muito bem – sorrio.
Dou um basta naquilo, parando. Todos estão em silêncio, apenas nos encarando. Sangue respingado pintava o chão. Os três estão caídos com respirações pesadas e precárias, quando olho para a multidão, todos estão assustados e surpresos.
O silêncio era mórbido.
Eles passaram a entender o porquê eu fui preso.
Meus quatro amigos estão parados. Jayden e Asher ainda permaneciam de queixo caído, já Waverly está com os olhos estalados e Ezra...Ezra está sorrindo como se visse o filho andando de bicicleta pela primeira vez.
Arrumo a gola da blusa e passo a mão pelo tecido amassado tentando arrumar, mas as manchas de sangue são impossíveis de limpar. Os policiais gritavam tentando passar, eles viram tudo.
Olhei para meus amigos.
– Estão esperando o quê? – pergunto como se aquela briga fosse meramente insignificante. – Vamos almoçar, estou com fome.
Enquanto eu me aproximo, a multidão me dá passagem. Os policiais olham para mim surpresos, um hesita em falar comigo em algum momento, mas continua andando para socorrer os caídos.
Ninguém entra na minha frente na fila. Peguei a comida e me sentei na mesa como se nada tivesse acontecido, meus amigos ainda tentavam absorver o ocorrido.
– Como... – Jayden tentava achar as palavras – Garoto... como fez isso?
– Ah, eu treinava luta com meu irmão – esclareço, me lembrando das lutas com Rick e Noah. Mas isso é bem mais antigo que lutar com os dois, meus conhecimentos guardados são da época em que o pai de Miguel Juarez fez com que ele aprendesse a lutar junto ao seu exército.
– Esse é o meu Loki Jr – Ezra batia a mão de leve em minhas costas sorrindo.
– Você é muito foda, Garoto! – Waverly me elogia.
– Eu não dava nada para você até hoje de manhã – comenta Asher.
– Está na hora de contarmos para ele – diz Ezra. – Precisam de mais provação que essa?
– Contar o quê? – me faço de sonso. Sabia que era o plano.
– Estamos tentando fugir daqui – diz Waverly. – Pensando em te incluir no plano, pois você é inocente.
– E qual é o plano?
– Dia 20 vai haver transferência de policiais, eles fazem isso a cada oito meses – explica Asher – já percebeu que às 10 da noite eles trocam de turno, não é? Então, será essa a hora de agir.
Asher continua contando o plano e, enquanto como, presto atenção em cada palavra, formulando o plano na minha cabeça. Um policial chega e me leva para a ala médica.
A doutora limpa meu nariz com gaze e me oferece um analgésico.
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O Lobo Sangrento
WerewolfPara todas obcecadas por um moreno sarcástico, este livro é um presente para vocês. Mas deixo um aviso: o charme que sabe roubar uma cena está no melhor amigo ruivo gostoso. Preparem-se para se apaixonar por mais um bad boy misterioso com um passado...