18 Starboy ( Feat. Daft Punk) - The Weeknd

3 1 0
                                    

Voltei para o hospital com Richard, na porta avisto o Loiro, havia esquecido completamente que Noah tinha se embrenhado na mata sozinho atrás do bruxo. Sua calça tinha um rasgo do joelho ao meio da coxa, seu cabelo cheio de pequenas folhas alaranjadas e galhos totalmente embaraçados. O coração batia com mais frequência que o normal, exalava ansiedade de seus poros, os dedos batiam incansavelmente no braço perto de um ralado de cinco centímetros. Quando Noah olhou para nós, pude ver o alívio em seus olhos, mas também vejo um filete de sangue escorrendo em seu rosto. Um corte na bochecha.

Ele manca até nós jogando-se em nossos braços, nos abraçando.

– Graças a Deus – pronuncia num suspiro pesado, seu corpo tremia.

– Sua perna... – comenta Rick.

– Uma torção, só isso.

Richard fez aquela cara de que não gostou muito, como a feição de uma mãe quando um filho diz que fez algo, não tão ruim, mas também que não seria totalmente correto. Tipo um " Mamãe, colei pra passar de ano".

Olhei em volta, duas viaturas ainda permaneciam estacionadas no estacionamento e o carro do "pai" de Kana também.

Kana...

– Vão cuidar desta perna – ordeno aos dois, com os olhos brilhando, ambos me encararam assustados por isso não ser muito comum. O ruivo protestaria como sempre, mas só com um olhar de morte ele já entendeu que não era hora para isso e que eu estava certo.

Lembro-me do porquê eu estava ali, entro no prédio do hospital abrindo a porta com força, deixando Noah aos cuidados de Richard.

Avistei seu "pai" no corredor, Andrew Mcdownlley, ele comprava uma garrafa d'água, destampa o objeto, sinto o cheiro uma de preocupação vinda dele. Obviamente eles deveriam agir dessa forma, a família que pegou Kana para um intercâmbio, preocupados com o que os verdadeiros pais dela fariam.

– Andrew? – o homem se vira, me olhou de cima a baixo com uma expressão ilegível.

– Thomas... – me encarava. – Disseram que você a trouxe nos braços.

– Como ela está?

– Estável, vamos – me convida para ir ao quarto do hospital. – Celina está com ela.

Ele me guia até o quarto com a palma da mão em minhas costas, talvez tentando me confortar, chegamos na frente do quarto de número 13, eu nem havia reparado no número quando tudo aconteceu, estava tão inerte em salvá-la.

Tão desesperado com a chance consideravelmente alta em perdê-la.

Seus dedos longos tocaram na maçaneta, Kana disse que ele era pianista na igreja, por isso os dedos eram longos e esguios. Eu não frequentava igrejas e não sabia que ele fazia isso, mas também como iria saber? Nem em Ridgeville era, a igreja que participavam ficava em outra cidade. Iam todos os domingos para lá e Kana normalmente se juntava a eles.

Mesmo criada na cultura japonesa, ela gostava de frequentar esses lugares santos, dizia que lhe trazia calma de espírito, independente de qual religião era. Eu não fui criado na igreja, nem pelos meus pais e nem por Emma, mas eles sempre me ensinaram uma coisa, há alguém superior olhando tudo e zelando por todos, e eu acredito nisso, acredito em tudo, mesmo sem ter pisado em uma igreja em meus poucos dezessete anos. Quando você entra no mundo sobrenatural, entende que qualquer lenda tem um fundo de verdade, e é melhor prevenir do que remediar.

Eu sabia que tinha algo amenizando as minhas quedas.

Com o barulho da maçaneta se virando, Andrew empurra a porta devagar para não fazer barulho, lá dentro sua mulher, ajoelhada no chão com um terço, feito de madeira, a representação da crucificação pendia balançando, enrolado em suas mãos (que juntas seguravam a mão direita de Kana), rezava baixinho e eu conseguia ouvir:

O Lobo SangrentoOnde histórias criam vida. Descubra agora