21 Play With Fire (Feat.Yacht Money) - Sam Tinnesz

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Olho em volta e não vejo ninguém além deles, nem cheiro, nada. Isso era muito estranho, um pouco suspeito, porque normalmente eles não se desgrudavam.

– O que estão fazendo no meio da rua no horário de recolhimento? – pergunto metros longe deles. Mantendo uma distância segura.

Vinicius ri sarcástico.

– O que você faz na rua essa hora, Fenrir?

Sinto a adrenalina no ar, lentamente começaram a se aproximar, me provocando, querendo briga.

Querendo brincar com a coisa errada. Brincando com fogo.

– Ouviu o que estão dizendo por aí? – questiona Rogers.

– Não, você não disse o quê – curto e grosso.

– Que o Serial Killer está fazendo magia negra – esclarece o asiático.

– E o que devo responder? Legal? – debocho. – Apenas acho que como ele tá fazendo magia negra, e a Xerife esclareceu que o horário de recolhimento era para proteger as pessoas. Então por que raios vocês estão aqui? Eu respondo, são dois engraçadinhos e burros querendo adrenalina que não deveriam provar.

Cruzo os braços contra o peito.

– Engraçado, não é? – Vinícius supunha. – Sabe o que também é engraçado? Que por algum motivo, os assassinatos acontecem em Lua Cheia.

Merda.

Foi aí que percebi onde ele queria chegar, ele sabia o que eu era, isso me deixou tenso, Miguel começou a se revirar dentro de mim.

– Vai que isso faz parte do ritual – falo jogando as palavras no ar.

– Sabe o que também é engraçado e um pouco intrigante, Fenrir? – começa Alexei. – Que só a sua namorada sobreviveu e que você a achou – coloca o dedo no meu peito, tive que me controlar para não jogá-lo no chão onde ele deveria estar – e sabe o que mais? Que a gente viu vocês três horas antes de tudo acontecer andando a pé.

Merda, estão me incriminando.

Meu álibi...

Que álibi?

– Lobisomem – Alexei cospe com convicção.

– Não sei do que está falando – rio tentando me acalmar – eles não existem. Não é mais uma criancinha para acreditar nessas merdas.

Jovi suspira, assobiando.

– Acho que você se esqueceu do dia do banheiro, quando me ameaçou, com aqueles olhos vermelhos, garras afiadas, caninos pontiagudos e sotaque espanhol.

Droga.

– Você fica cheirando cocaína e depois fica vendo duendes, se liga drogado.

Senti minha boca arder, eu ainda me mantinha em pé, mas com o lábio inferior sangrando. Jovi havia me dado um soco na cara, mas o tiro dele saiu pela culatra. Me controlei muito para permanecer onde estava, mas não pude evitar meus olhos, pisquei voltando ao normal.

– Eu não matei ninguém – grunhi entre dentes.

– Certeza? – questiona Rogers. – Porque é o que está parecendo, você é o único sobrenatural aqui, todas as evidências apontam para você e além de que seus amigos podem ter te acobertado. Soube que só vocês descreveram o assassino, que ele era negro e alto, mas poderia ser uma história combinada, porque Kana disse não ter visto nada do assassino, só uma capa preta que cobria um corpo masculino alto. Ou ela tenha medo o suficiente de você para mentir.

Juarez corre dentro de mim me fazendo grunhir.

– Assassino – Jovi me empurra, eu rosno.

– Serial Killer – Rogers me empurra para outro lado.

Sinto meus olhos brilharem, a raiva subir à cabeça, as unhas formigarem e meus caninos já aumentados. Eles estavam cara a cara com o monstro que provocaram.

– Aberração, acha que pode viver?

Alexei encosta as mãos em mim e eu o jogo no chão rosnando. Vinicius me puxa, protegendo o amigo, enquanto o asiático me passa uma rasteira, me levanto e jogo Jovi no chão.

– Assassino – eu estava cego de raiva, com um dos joelhos sobre o peito do garoto, Alexei vinha atrás de mim e eu lhe dei uma cotovelada na costela, fazendo-o cair. Quando meu instinto animalesco toma conta de mim, e eu percebo que Miguel Juarez estava no comando, levantando a mão com as garras à mostra para arranhar a minha presa, uma luz é jogada na minha cara, o que me faz parar e olhar em direção a ela.

Eu estava completamente fodido.

Foi aí que percebi meu erro, era a viatura da Xerife, seus olhos estavam estalados ao me verem assim através do vidro, eu estava ferrado, era o monstro que procuravam. Naquele momento, eu também percebi quem era o assassino.

Tudo fazia sentido.

Negro, alto... Anthony não estava ali, talvez para não ficar tão perto de mim ao ponto de eu reconhecer o cheiro e, como a própria Xerife disse, todos os que forem achados na rua seriam suspeitos.

Para não ter risco de ser pego por suas mentiras pela polícia, ele não acompanhou seus amigos e armou para mim. Vivendo bem debaixo do meu nariz. Em algum momento me lembro das conversas sobre os planos, que os rituais desse tipo só poderiam ser finalizados pelo sacrifício sobrenatural, e tudo começou depois que Vinícius me viu no banheiro.

Anthony Baker era o Feiticeiro, tudo se encaixava.

O Lobo SangrentoOnde histórias criam vida. Descubra agora