37 Another One Bites The Dust - Queen

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Pov. Thomas.

Thomas. Thomas. Cadê você. Thomas. Onde você está. Thomas. Thomas. Thomas.

Corro na direção da voz, passo por vários corredores que pareciam intermináveis, estavam maiores do que eu me lembrava, parece que quanto mais eu chegava perto, mais ela se distanciava. Chegava em um lugar, nada. Corria para o outro, nada. Fiquei desesperado, de onde a voz vinha, ele já não estava mais lá, provavelmente estava andando, o que prejudicava a localização.

Tinha vontade de berrar para Richard não se mover e ficar quieto num lugar, somente me chamando, mas ele não iria me escutar.

Richard, por favor, pare.

Facilite as coisas.

Aquela prisão parecia um labirinto cada vez me distanciando mais do meu objetivo, cada vez me distanciando mais dele. A angústia plantada em meu peito incha a cada segundo.

Esse lugar não era seguro.

Eu continuava correndo, mesmo vendo a curva que o corredor fazia poucos metros à frente, mas não diminuí o passo, não tinha o porquê, eu não me quebraria na parede. Quando resolvo virar, trombo num policial de cabelos negros.

Merda.

É por isso que tem que diminuir a velocidade em curvas – Miguel zombava de mim.

Acabamos caindo, o chão duro batendo contra minha costela, mesmo dolorido eu acabo me levanto. Dou a mão ao policial, prestando ajuda, não olhando em seus olhos para ele não me reconhecer como preso. Ele aceita a ajuda, olhando para o chão e se distanciando.

Agacho-me para pegar o molho de chave que havia caído no chão um pouco longe da onde eu me encontrava.

– Desculpe – sussurro levemente envergonhado.

– Não. – Bate as mãos na farda, limpando a poeira do chão. – A culpa foi minha

Sinto o cheiro do perfume amadeirado.

Aquela voz...

Levanto meu corpo no momento que erguia meu rosto, me deparando com o homem em minha frente, o qual eu tive receio de encarar a poucos segundos atrás. O sentimento de ter algo errado me dominou. Cabelos negros, traje policial com as botas polidas. Mas aqueles olhos. Os olhos âmbar...quando olhei naqueles olhos parecia que a rotação da terra havia parado e só existia o motivo de eu voltar para casa na minha frente e esse motivo sendo a pessoa perfeita.

Casa não se remete só ao lugar, mas às pessoas.

Lar, era isso que eu via no reflexo dos olhos âmbar.

– Rick – as palavras deixam minha boca, é inevitável.

Seus olhos estalam.

– Oh, Meu Deus – quase não tive tempo de respirar, meu irmão se jogou em minha direção me abraçando, meio que pulando em cima de mim – Oh Meu Deus...Tommy.

Sua voz, esse é o tom exato, esse é o timbre certo.

Seus braços em volta de mim me confortaram. Tudo o que eu passei nessas semanas desapareceu. Eu abraçava a esperança com força. Depois de um mês ele estava ali, na minha frente e veio para me salvar.

– Rick...

Sua respiração era pesada.

– Finalmente – ele saiu do abraço – não sabe o quanto eu esperava por esse momento.

Nos abraçamos novamente, meu irmão estava ali comigo, isso era reconfortante, era sinônimo de casa. Sinal de que eu voltaria para casa.

Minha vida tinha cores e o sol nunca mais nasceria quadrado.

– Vamos, temos que achar Noah.

– Noah está aqui?

Ele riu com os dentes brancos. A felicidade emanava de seus poros.

– Claro que está – esclarece –, todos estamos.

Sem hesitação fomos atrás do Elfo, agora eu contava os segundos para encarar Noah. Estava difícil, ele não dava sinal de vida, não falava nada. Eu não conseguia sentir seu cheiro no meio daqueles odores misturados.

Seguimos por aqueles corredores, guiando Rick pelos dobramentos, parecia uma eternidade para chegar em algum lugar.

Estamos andando em círculos?

Quando chegamos em um lugar mais amplo, meus pelos se arrepiam, o som chegou em mim antes de Rick entender o que estava acontecendo. Ouço um tiro, um homem cai em cima de mim e Richard nos fazendo abaixar, a bala afunda na parede e a cápsula cai no chão, tilintando como o sino de uma igreja no velho oeste.

– Corre!

– Noah? – ele também estava de cabelo preto.

– Não questiona, só corre!

Mais um tiro, corro e olho para trás. Asher era o atirador, e ele estava atirando com a mira em mim. Eu era seu alvo, como se fosse um caçador que avistou um cervo.

Não sou uma presa, caralho!

Outro estrondo e um berro.

– ASHER, NÃO! – Ezra grita.

– Ele nos traiu! – escuto.

É verdade, lide com isso!

Outro tiro e ouço o barulho da arma caindo no chão.

É, ele estava lidando bem com isso.

– Não vou deixar você matá-lo – a voz de Ezra arrepiou os meus pelos, ele sabia ser assustador.

Claro que sabia, ele matou o próprio filho.

– Por que não? – questionava Asher. – Ele é um traidor.

– Asher... – chamava Ezra com os dentes cerrados.

Viramos o corredor, não era mais possível de alguém acertar uma bala nas nossas costas, mas continuamos correndo, como se nossas vidas dependessem disso e elas dependiam.

– Mas... – Asher cospe as palavras com ódio. – Me dê um bom motivo, Smith!

– Porque... – Silêncio. Ezra hesita por um momento. Seu suspiro é tão alto que ouço com precisão.

– Olho por olho e morte por traição, Smith! – Asher parecia um animal raivoso.

Mesmo tendo hesitado, Ezra acaba dizendo:

– Ele é o filho da Katherine, Thomas é meu neto.

O Lobo SangrentoOnde histórias criam vida. Descubra agora