Pov. Thomas.
Acordo com um barulho ensurdecedor de ferro rangendo e vozes altas que faziam minha cabeça latejar. Abro os olhos observando o teto branco acima de mim. Meu primeiro pensamento do dia é: onde estou? Então lembro-me onde estou e o segundo pensamento do dia é: eu estou na cadeia.
Bateu vontade de chorar, mas tenho que ser forte, essa era minha vida agora. Sento-me no beliche, olhando para baixo. Dando de cara com o velho com quem eu dividia a cela.
– A Bela Adormecida acordou! – comenta Ezra. – Já ia puxar seu pé!
Que empolgação, mas também não é todo dia que você divide uma cela com um Serial Killer.
A porta da cela estava aberta, vejo pessoas circulando de um lado para o outro nos corredores, umas vestindo laranja, outras, uniforme policial, desço e vou até a pia lavando meu rosto. Até o cheiro da água me fazia querer vomitar.
Sinto uma mão em meu ombro.
– Vamos tomar café, Loki Jr.
– Estou vendo que já arranjou apelido para mim – comento andando ao lado dele.
– Loki Jr não é tão ruim.
Sinceramente eu estava pouco me fudendo para esse apelido.
– Me chame como quiser – digo.
Ele hesita por um momento.
– Loki Jr – sorri para mim.
– Sim? – Dou um sorriso de volta, forçado, totalmente falso. Alguém estava sendo gentil comigo, isso era bom, acho que se passar 30 anos na cadeia, ou você fica uma pessoa horrível, ou você fica arrependido do que fez. Eu deveria ser amigável com ele, arrumar um aliado.
– Duas coisas, não confie nas pessoas e fique perto de mim.
Caminhamos por uma maré laranja, viramos algumas vezes nos corredores e entramos em um salão enorme, onde tinha várias mesas. Pessoas de todos os tipos, tamanhos e etnias estavam ali. A cadeia não tinha preconceito com ninguém, aceitava todo mundo.
Sigo Ezra, entrando na fila do café da manhã, que era servido em bandejas, quando chegou a minha vez, a moça que trabalhava me olhou com uma cara feia.
– Para você, Novato – me entregava a bandeja enquanto sorria com desdém, pouco impressionada que um garoto tão bonito estivesse preso.
Segui Ezra entre as gangues até uma mesa com três pessoas, dois homens e uma mulher. Era estranho uma mulher estar ali, prisões eram separadas por gênero. Que merda ela havia feito?
– Gente, esse é o Loki Jr – o velho me apresentou aos seus amigos. Eles eram seus amigos? Bom, parecia que sim.
– É Thomas Fenrir – completo.
– Por isso do apelido, faz todo sentido. Eu gostei – comentou um dos homens. Ele devia ter uns 20 e poucos anos, tinha a pele escura e usava óculos. – Sou Asher Meyer.
– Jayden Wilson – disse o homem forte, cheio de tatuagens e careca.
Então olhei para a única figura feminina daquele grupo.
– Waverly Ogden – a mulher se apresentava, seus cabelos eram curtos e lisos. – Sente-se, garoto.
Sento-me à mesa e encaro minha comida, suco de abacaxi, leite semidesnatado, ovos mexidos, 1 fatia de pão integral com uma porção de margarina, 1 xícara de mingau e café. Muito doce, inclusive.
– Fui preso por hackear um caixa eletrônico – comenta Asher tentando puxar assunto – após ter envenenado o segurança.
– E eu, bem...eu participava de briga de rua, clubes clandestinos, matei meu oponente no ringue quando a polícia chegou – conta Jayden.
– E você? – pergunto à mulher.
– Eu contrabandeava drogas do México – esclarece. – Ah e por matar algumas pessoas no processo.
Psicopatas, incendiários, ladrões, sociopatas, bandidos, estupradores, mafiosos. Aquele refeitório estava lotado de cabo a rabo com todos os tipos possíveis de criminosos e lá estava eu, sentado à mesa com um grupo de assassinos. Uma coisa que eu jamais imaginei que fosse fazer, mas de certa forma eu também pertencia aquele lugar, ou pelo menos a cadeira que eu estava sentado me esperou por muito tempo. Eu era tão assassino quanto qualquer um ali.
Thomas Fenrir não era santinho. Eu tirei duas vidas inocentes.
Eu sou um assassino.
Jayden pigarreou.
– Tem que saber de algumas coisas, garoto, começando pelas gangues.
Ele apontou com o olhar para a mesa atrás de nós.
– Ali temos bandidos normais, presos por furto e assalto. Mais adiante, na mesa colada na parede esquerda estão os criminosos sexuais, em hipótese alguma fique perto deles, é muito fácil os outros te foderem só porque você chegou perto daquela mesa.
Quem com ferro fere, com ferro será ferido. Ditado de cadeia.
– Aquele sentado sozinho é o psicopata mais perigoso daqui, os outros estão infiltrados nos outros grupos. Incendiários são mais tranquilos, nós interagimos com eles frequentemente em troca de informações e contrabando de cigarros.
– Já entendi que é para ficar longe.
– Thomas – Ezra me chamou atenção. Todos os outros do grupo olharam para ele. – Tem a gangue mafiosa de traficantes. Aquela perto da porta. Pelo seu bem, não chegue perto deles e nem exista se possível. Me prometa.
Concordo com a cabeça.
– Vai ter que aprender a sobreviver aqui dentro do jeito certo.
Seus olhos traziam um aviso.
– Preso por quê? – perguntava Asher, mudando de assunto.
– Pode confiar neles – afirma Ezra me tranquilizando – não precisa ser durão.
Apertei a colher.
– Estou sendo acusado de matar seis pessoas – comento cutucando a comida – o Serial Killer de Ridgeville, mas fui preso por engano.
Eles param de comer por um segundo, me encarando com pena.
– Coitadinho – comentou a mulher. – Garoto, você não devia estar aqui, vai ter seu psicológico abalado à toa.
Waverly pegou minha mão, apertando-a de maneira maternal, tentando me reconfortar. Seus dedos eram gelados e finos.
– Devemos colocá-lo no plano – cochicha Ezra para Asher.
Por mais que a curiosidade me atiçasse eu não perguntaria que plano era esse. Eu não era burro, Ezra falou em uma altura que um humano normal não escutaria de onde eu estava, mas não significava que deixaria esse assunto de lado, ficarei atento a todos os detalhes que eles falarem daqui para frente.
– Ele só tem 17 anos, Asher – completa o velho. O Hacker concorda com a cabeça.
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O Lobo Sangrento
WerewolfPara todas obcecadas por um moreno sarcástico, este livro é um presente para vocês. Mas deixo um aviso: o charme que sabe roubar uma cena está no melhor amigo ruivo gostoso. Preparem-se para se apaixonar por mais um bad boy misterioso com um passado...