41 Natural - Imagine Dragons

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Pov. Thomas.

Nunca achei que dirigir moto fosse tão gostoso assim, sentir o vento em minha roupa, era como correr de quatro patas, mas sem cansar.

O Sol já havia nascido, já estávamos na Carolina do Sul, quase perto de Ridgeville, quando do nada a moto simplesmente morre no meio da rodovia. A pista estava vazia, floresta de ambos os lados.

Richard desceu da moto e eu fiz o mesmo. Me agacho, o tanque de combustível tinha um furo e só continha ar. Sem nada, completamente vazio, a gasolina escorreu enquanto andávamos.

Isso me deixou com raiva, quase chegando em casa e uma coisa dessa acontece, não dava para tudo estar certo, não?

Ah, mas que caralho!

Bufo e meto o pé na motocicleta, ela voa e cai do outro lado da pista fazendo um barulho horrível.

– QUEIMA LOGO ESSA MERDA, RICHARD!

– Ei, calma!

– Calma? Calma o caralho! – Vocifero. – Queima logo! Temos que encobrir os rastros, ou você empurrará essa lata velha até o Lake Moultrie?

A Fênix se irrita, seus olhos ardem em chamas, ele mexe os dedos e fagulhas aparecem em sua mão. Seus olhos se dirigem para o veículo caído na pista, que de uma hora para outra incendeia sozinho.

– Satisfeito? – sua voz era fria.

– Estou.

Suas magníficas asas flamejantes aparecem. Richard as abre, se abaixa pegando impulso e sobe com uma única batida que solta uma lufada quente, como um anjo vingador ele subiu ao céu.

Planava no ar me esperando, encaro a floresta por um momento. Nunca na vida a mata verde me foi tão convidativa. Começo a correr, quando chego nas árvores me transformo em um lobo preto como a noite mais escura do ano.

Os cheiros, os sons, tudo me dominava. Eu estava no meu devido habitat novamente. Como era bom ser lobo de novo. A sensação das minhas patas nuas pisando na terra macia e úmida.

Como era bom escutar o canto dos pássaros, os ruídos dos esquilos. A brisa fria do outono passa entre meus pelos, como fadas soprando cantigas. Com a brisa, vem o cheiro de presa, em algum lugar daquela floresta, ali por perto tinha um cervo, todos os meus sentidos me disseram isso.

Não hesito, corro em sua direção.

Desvio de árvores, amasso a grama, pulo por cima de troncos caídos, piso em folhas secas, farejo o ar, o cheiro estava ficando mais forte, minhas orelhas pontudas captam o mastigar do animal.

O vejo na minha frente comendo grama, quando ele percebe minha presença já é tarde demais. Eu já mordera e quebrara seu pescoço.

Rasgo a pele e começo devorar a carne. Finalmente, carne. Ataco o corpo do animal, estava esfomeado, com cãibras no estômago. Só precisava me esbaldar em calorias.

Deliciava-me, mas depois de um tempo, quando acabei com toda a carne, passei a lamber os ossos. Literalmente como um cachorro.

Escuto Richard pousar, batendo as botas no chão, quebrando as folhas laranjas. Olho para cima e ele estava lá, parado me vendo terminar de comer. Levantei e passei a língua por fora da minha boca.

– Precisa de um banho – comenta Rick.

Suspiro.

– O quê? – Sento-me em sua frente e ele passa a mão nos pelos negros da cabeça. – Vamos, eles já chegaram, Noah trancou os portões com magia.

Caminho como lobo ao lado de meu irmão, por uns bons minutos até que chegamos no bunker de Noah.

Me transformo em homem novamente.

Ajudo-o abrir a porta do bunker, era mais pesada do que me lembrava, desci primeiro, em seguida veio Rick trancando a porta pelo lado de dentro. Acendeu sua mão iluminando o local.

– Descobrimos que tem uma passagem secreta que dá no carvalho – comenta o Ruivo.

– É, eu sei. Li isso no diário – parecia uma eternidade que eu não lia aquele diário, o qual passei boa parte da vida tentando abrir. Mas é o que dizem, depois que você consegue as coisas, a vontade que você tinha por elas passa rápido.

Chegamos na parte onde tinha as estantes. Rick puxou um livro específico e a estante se abriu. Uma passagem secreta, a Fênix foi na frente e eu o segui, a estante voltou para o lugar. Entramos num corredor onde tochas encantadas queimavam, elas estavam ali acesas havia muito tempo.

Depois de muito andar, tinha uma escada de ferro para subir. Rick foi primeiro e eu o segui. A escada dava no grande carvalho da minha propriedade, no qual o barco de Kristopher Fenrir era guardado. O meu barco pirata... eu tinha algumas lembranças dele. Brincando com Stella e papai, usando espadas de madeira. Mas depois da tragédia nunca mais subi lá. E muito tempo se passou desde então.

Eu estava em casa...

Eu estava em casa...

EU ESTAVA EM CASA...

Me transformo em lobo novamente e corro pelas minhas terras, uivo. Uivo o mais alto que consigo, para que todos soubessem que voltei.

Thomas Fenrir está de volta, porra!

Quanto mais eu andava, mais chegava perto da mansão, passei perto do mausoléu e agora estava parado como homem novamente, admirando meu lindo e glorioso Camaro preto.

– Um dia, quando for mais velho, você pode ter um desse filho. – Foi isso que meu pai me disse, uma das vezes que fomos visitar a empresa.

De relance vi uma caminhonete vermelha, mas eu a ignorei.

Andei até a porta, abri e Madalaine pulou em meus braços, vi os olhos âmbar de minha mãe se enchendo de lágrimas. Abracei minha família, todos juntos. Mamãe, papai, Maddy e Rick.

Tomei um banho no meu chuveiro, água quentinha, shampoo e sabonetes apropriados, vesti as minhas roupas. Mamãe estava me mimando, fazendo um monte de comida e não parava de me abraçar. Sentei na cozinha, vendo-a mexer nas panelas. Então tive a chance de perguntar:

– Por que nunca me falou nada sobre a família de minha mãe?

Richard ficou apoiado no batente da cozinha com os pratos na mão. Noah entrou na cozinha para levar as panelas. Nós íamos jantar na copa e eles disseram que precisavam me contar algo.

– Ah querido... Eu, seu pai e Órion a achamos caída no meio da floresta, a trouxemos para cá, estava muito machucada, seus avós cuidaram dela. – Consegui ver a nostalgia em seu olhar. – Devia ter uns 16 pra 17 anos, estava fugindo do pai que matara a mãe e o irmão dela, simplesmente por ser um Alpha. Sua mãe não falava muito dele, até que ele veio meses depois tentar acabar com que havia começado. Ele tentou matar sua mãe, mas nós estávamos do lado dela a defendendo, mas Ezra não acabou saindo sem sangue, ele matou sua outra avó, Saphira.

– Eu não a conheci...

– Sua avó era maravilhosa. – Mamãe sorri. – Por que a pergunta do nada, filho?

Olho para meus amigos que estavam escutando a história junto comigo.

– Porque o cara com quem compartilhei cela era Ezra Smith, meu avô.

O Lobo SangrentoOnde histórias criam vida. Descubra agora