Capitulo 1

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Olá, aqui é a Luuh. Eu queria agradecer por todos que querem ler esta história. Não é uma trilogia conhecida, até porque foi eu e a minha amiga Uiuma Alves que criamos essa história. Temos nosso sonho de sermos escritores e termos uma trilogia famosa. Não é obrigatório, mas por favor, comentem, queremos saber o que estão achando da história. Obrigada, um beijão. Amo todos vocês.


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O cheiro de madeira molhada invadia meu quarto nesta manhã de domingo, o céu estava coberto por nuvens brancas que não deixavam nenhuma luz do sol passar por entre elas. Podia ver pela janela minha mãe colhendo legumes da horta, era muita sorte algum legume brotar do solo nesta época de chuva, mas tivemos muita sorte.

Meu pai morreu alguns anos atrás, ele caiu de um edifício enquanto limpava as janelas do 25º andar, foi um acontecimento horrível para nossa família, sofremos tanto pela perda quanto pelo dinheiro, enfrentamos muitas dificuldades e chegamos há passar semanas sem jantar, pois não havia dinheiro nem frutas na horta para nos alimentar.

O sustento da casa era tirado das frutas, legumes e do leite que as vacas produziam, minha mãe ia vender na feira como todos os outros vizinhos e voltava só à noite, enquanto eu limpava a casa e cuidava dos animais.

Na cidade de Roulx, a partir da menarca, a mulher não podia mais usar calças nem shorts, apenas vestidos. Mulheres de famílias ricas usavam vestidos extremamente bonitos e mais sofisticados, eu não fazia parte dessa população. Nossos vestidos eram bem simples e ficavam logo desbotados apenas por andar na rua suja da floresta e pelo quintal com terra molhada e vários animais para nos sujar, infelizmente não tínhamos dinheiro para gastar em vestidos.

Quando desci as escadas da varanda e encontrei minha mãe em pé na horta vi o que eu nunca havia percebido antes: Cansaço. Mamãe aparentava ser mais velha do que realmente era, havia rugas em seu rosto. Seu vestido verde desbotado que combinava com suas luvas de plástico pretas ia até os pés onde estava coberto por lama.

- Catherine venha cá. - Me chama.

Ela se levanta e imediatamente se abaixa para pegar o pano que caiu de sua cesta.

- Sim?

- Colha laranjas da laranjeira, vou me sentar.

A laranjeira ficava perto da horta, era grande e estava repleta de laranjas maduras esperando para serem colhidas, fui em direção do banco e ajudei mamãe a se sentar e logo depois fui colher a tal laranja.

- Tudo bem com a senhora?

- Sim, sim... Está sabendo da nova?

- O que?

Peguei cinco laranjas e entreguei a cesta de frutas da mamãe e assim pude me sentar ao seu lado. O vento frio fazia minha pele congelar, mas eu me recusava a ir embora.

- A filha da rainha foi encontrada.

A filha da rainha. A menina que sumiu quando era bebê e agora é herdeira de uma fortuna.

- Porque ainda não foi apresentada?

- Não sabem onde está, sabem quem ela é, mas não onde está.

- Quem será que é?

- O nome dela é Sophia Catarina, eles revelaram pelo menos o nome. Aquele povo insignificante quer colocar todos da cidade á procura da herdeira, temos coisas para nos preocupar, eles nem vem nos ajudar e querem que nós os ajude. - bufa - Eu não vou procurar ninguém.

- Mamãe não diga isso alto! Se eu alguém escutar, a senhora pode ser açoitada.

- Prefiro ser açoitada a viver nesta vida inútil.

- E irá me deixar sozinha?

Sua expressão carrancuda logo se suavizou, mas por um breve momento até voltar a ser o que era.

- Você sabe se virar.

- Não sei nem onde é a feira, a senhora nunca me deixa sair de casa.

- Porque não precisa.

- Como assim não preciso? Eu tenho que trabalhar!

Era um absurdo ela não me deixar ir trabalhar, eu já tinha 17 anos e estava preparada para o mundo.

- Eu sustento a casa! - Ela grita. - Você apenas limpa.

Encolho-me com medo, nunca ela gritou comigo e por uns tempos nem ir ao vizinho ela deixava.

- Você sabe que isso é um absurdo!

Não vou recuar agora, eu tenho que continuar, seguir em frente.

- Não me peça mais isso Catherine. - suspira, irritada. - Você nunca irá sair desta casa ou eu não me chamo Anelize Johnson!

Ela pega sua cesta e vai embora para cidade, provavelmente irá para feira. Suspiro. QUE INFERNO!!

Faz algumas horas que minha mãe saiu e estou sofrendo em silencio. Eu queria trabalhar, ter o meu dinheiro e poder comprar vestidos, ajuda-la a comprar as coisas para a casa, mas ela não me escuta. Sempre morei nesta casa velha, caindo aos pedaços e agora que podemos reverter à situação e deixar nossa vida melhorar minha mãe não quer. Não entendo o que tem de tão ruim lá fora.

Não vou mais ficar nesta casa, vou embora.

Pego uma mala que ficava guardada embaixo da minha cama, abro-a e guardo meus melhores vestidos, pego alguns sapatos e enrolo-os em um pano para não sujar as roupas. Sei que vou ferir o coração da minha mãe, mas é como ela disse: "É melhor que viver esta vida inútil". Lagrimas quentes escorrem por meu rosto, mas não as enxugo.

- Vou arrumar um emprego e voltar para pegar minha mãe. - consolo-me.

Meu peito doe e meus olhos já estão inchados, minha visão está embaçada e eu não consigo fechar a mala direito.

- Eu volto mãe... Eu prometo.

Pego a mala e saio do quarto, a cozinha-sala está limpa e a comida está no fogo, mais lágrimas quentes escorrem por todo o meu rosto enquanto ajeito o vestido. Abro a geladeira e pego um pote de mel e alguns pães do armário e guardo na bolsa e é quando escuto o portão sendo aberto.

Meu coração bate mais rápido e temo que seja minha mãe, as lágrimas secam e eu corro para a janela. Minha mãe entra e encosta o portão. Meu coração parece que vai sair pela boca e eu tento fazer alguma coisa, mas eu estou em pânico. Corro e escondo e a mala debaixo da cama e escondo a bolsa no guarda-roupas. Volto à janela e me assusto com o que vejo.

Minha mãe, esparramada no chão com três facões em sua costa e muito, muito sangue.


A Herdeira PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora