Capitulo 38

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As tropas estavam prontas. Todos em seus devidos lugares, por conta da sabotagem ficamos sem alguns dos nossos melhores homens. Estou com medo, confesso. Mas não posso deixar o medo me abater, sou mais forte que ele e vou vencer está guerra, mesmo sabendo que a possibilidade disto acontecer é bem baixa.

Michael ainda não voltou e estou começando a ficar preocupado, minha filha... Será que ainda posso chama-la assim? Eu podia esperar tudo daquela garota, menos que ela se juntasse ao exército inimigo. Eu queria dar a vida que ela merecia, mas eu me fechei tanto nesses últimos anos onde estive sem ela que agora não sei como tratá-la, tenho medo de fazer algo errado e ela ir embora, me deixando sozinho novamente. Nesse caso, o medo me abate pois não tenho forças para vencê-lo.

- Senhor. - Diz Louis, guarda da lateral.

Não o encaro enquanto respondo.

- Sim.

- Estamos prontos.

- Não. Não estamos. Michael ainda não voltou.

- Mas senhor, e se ele estiver morto? - Pergunta.

Não.

- Vamos esperar mais um pouco.

Assim ele se vai.

Não tenho experiências em guerras, na verdade nunca participei de uma, apenas em duelos. Estou nervoso, confesso. Isso vai ser difícil, não vai ser algo fácil. Talvez eu possa ser massacrado, mas vou fazer de tudo para isso não se concretizar. Minha mulher está no quarto, trancada e sendo observada por cinco guardas. Todo cuidado é pouco. Não posso perdê-la, ela faz parte de mim. Um pedaço do meu coração, se eu perdê-la meu coração para de bater e eu vou ter uma morte súbita.

Percebo um alvoroço enquanto observo os lugares. Ao norte. Vários guardas se posicionam com suas lanças lançadas para frente e alguns homens gritam e fecham caminho, é como se estivesse alguém querendo passar. Guio meu cavalo até o lugar e passo entre os guardas.

Vejo uma tufa de cabelos vermelhos no chão e um rosto sujo de poeira. Minha filha. Vestida com um pedaço de vestido e uma armadura mecatrefe.

Desço do cavalo e me posiciono na sua frente, ela me encara com seus olhos cheios de lágrimas e, sentada ao chão, abaixa a cabeça quando me aproximo.

- Pai! - Exclama antes que eu diga alguma coisa.

- Como ousa me chamar de pai depois do que fez Sophia? - Pergunto com uma dor no peito.

- O Tommy... - Murmura.

Reviro os olhos.

Garret me olha como se pedisse minha permissão para matá-la, como ele teve a audácia? Balanço a cabeça em negação e ele abaixa a lança.

- Onde ele está? - Pergunto.

- Eu não queria traí-lo é que o Malton...

- Chega Sophia! Não tenho tempo para as suas aventuras de amor. Me diga onde está o Tommy.

- Lá. - Responde.

- Aonde?

- Refém.

Agora eu entendi tudo. Minha filha por um homem que a ama - eu acho -, um homem que sabe meus planos. Estamos perdidos.

Me viro para meu exército.

- Meu pai venceu várias guerras com poucos homens, mas não posso prometer que iremos ter a mesma sorte. Eu, como filho, temo em relação a está guerra, parece que tudo está definhando. Mas eu prometo que irei lutar até a morte pelo bem do meu povo, do povo que irá ser desta garota. - Aponto para Sophia que está se levantando. - Nós vamos vencer está batalha juntos. Como um clã!

Todos levantam as lanças em agradecimento e eu levo minha filha para o quarto, junto a mãe. Atravessamos o corredor sem trocar uma palavra, ainda estou chateado com ela. Não quero saber se Malton a levou, quero saber onde ele está. Será que ele foi outro a ir atrás dela para salvá-la?

Abro a porta com receio e vejo minha mulher parada em frente a janela, linda como sempre.

Será que vou ver esse rosto de novo?

Quando ela se vira para mim, eu lembro do nosso primeiro beijo, das nossas juras de amor em pleno momento de prazer e de como foi a nossa felicidade quando Sophia nasceu. Não quero perdê-la.

- Oi. - Murmuro.

Ela corre e abraça sua filha, para depois me arrebatar com um beijo. Ela está nervosa, eu posso sentir suas mãos tremendo e seu coração pulsando.

- Fique aqui! - Implora-me.

- Você sabe que eu não posso.

Eu lembro quando Sophia deu á acreditar que eu havia batido na sua mãe. Nunca. Nunca teria coragem de lhe arrancar um fio de cabelo, eu amo aquela mulher como se ela fosse um pedaço de ouro puro.

- Onde você estava? - Pergunta a Sophia. - Porque está suja?

- É uma longa história. - Responde. - O Dante está lá do outro lado fazendo refém o Tommy... - Ela também está nervosa. - O Mike... - Susurra. - Ele matou o Mike.

- O Dante?! - Pergunto.

Minha primeira reação foi espanto e depois raiva. Nunca pensei que meu sobrinho favorito fosse o motivo de todas as coisas ruins que aconteciam no palácio. Sempre foi ele. Agora tudo se encaixa.

- Eu também fiquei chocada. - Respondeu Sophia.

- E o Malton? - Pergunta minha mulher.

Mas que diabos essas mulheres querem com este homem?

- O Malton? - Pergunta Sophia.

- Sim - Respondemos em uníssono.

- Ele é.. - Engole. - Está ajudando o Dante.

Soltei uma gargalhada.

- O Malton? Não é possível, deve ser um engano. Ele sempre foi meu melhor homem, sempre mostrou lealdade. Não é possível. - Falei.

- Eu vou contar. - Disse Sophia antes de suspirar.

" Eu fui raptada quando minha mãe Anelize Johnson faleceu e um dos homens era Malton. No princípio ele meio que me salvou, mas ele se envolveu nesta sujeira e está sendo ameaçado. O senhor precisa salvá-lo. "

- O quê?! - Exclamei. - Salvá-lo? Ele não merece a salvação e eu não vou salvar ninguém.

- Mas pai.

- Eu não quero inimigos no meu palácio! Estou desapontado com Malton. E eu o declaro demitido.
- Senhor. - Disse Garret, atrás de mim. - Dante está do outro lado da linha de fronte e quer conversar com o senhor.

- Dante?

Revirei os olhos. A guerra acaba de começar.

A Herdeira PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora