E lá estava eu, sentada em uma cadeira no meio da sala e deixando os técnicos do laboratório pegarem fios de cabelo, saliva etc..
Meu coração batia rápido.
Tommy sempre ficava comigo e lá estava ele, do outro lado da sala, lindo como um príncipe. A rainha e o rei estavam sentados em outras cadeiras e algumas outras pessoas estavam ali.
Eu sabia que Malton estava no quarto, sentia a presença dele. Após eu te-lo defendido, ganhou o mesmo cargo de Tommy: Guarda Real da Princesa. Eu tinha que aguentar ele todos os dias, mas ele havia se afastado.
Tommy ficava na frente do meu quarto e Malton do lado de fora, em baixo da sacada. Eu não sabia como era que eu iria conviver com ele sob o mesmo teto.
Nunca tive algum tipo de remorso ou algum ódio pelo Malton, eu tinha que reconhecer que ele me ajudou, mas agora eu queria descobrir o porque de fazerem aquilo comigo. Ninguém no palácio sabe o que eu passei, não contei pra ninguém, mas podia sair fofocas de dentro da sala de reunião.
- O resultado sairá amanhã. Foi um prazer. - Disse o técnico antes de colocar o algodão dentro da maleta.
O rei se levantou e cumprimentou o rapaz.
- Perfeito. Obrigada por vir.
Uma empregada acompanhou o rapaz até a porta enquanto o rei falava com alguns guardas. Tommy saiu e levou consigo alguns medicamentos e os guardas seguiram-no , menos o Malton.
- Malton irá levá-la para conhecer o jardim. - Disse o rei.
Imediatamente me levantei.
- Não quero , muito obrigada. Prefiro me deitar, não estou passando muito bem.
O rei se aproximou de mim e segurou meu braço bem forte.
- Filha minha não passa o dia no quarto. - Disse rispidamente. - Você é a princesa, não vai governar um país dentro de um quarto.
Ele me soltou e esperou a minha reação. Eu não tinha coragem de contraria-lo então apenas aceitei, assim ele se retirou com sua esposa.
- Vamos? - Perguntou-me Malton.
Ele se aproximou para pegareu braço, mas eu desviei.
- Não me toque.
Ele Riu e colocou as mãos pra cima em sinal de redenção. Seguimos para o jardim, ele na frente e eu atrás, como dois estranhos.
- Você não precisa ficar sem falar comigo. - Comentou.
Não Respondi.
Entramos em um labirinto. Porque sempre nesses castelos tem um labirinto? Entramos por tantos becos que eu nem sabia, mas onde estava. As folhas eram verdes, bem verdinhas e pareciam ser bem cuidadas.
Meu vestido enganchou em um galho e eu me abaixei para ajeita- lo, quando me levantei Malton estava tao perto de mim que eu podia sentir sua respiração. Ficamos parados por alguns minutos, apenas se observando, até eu me afastar e ele me puxar e colar o meu corpo nas paredes cobertas por grama do labirinto.
- Me desculpe. - Disse. - Eu sei que o que eu fiz com você foi errado, mas agora você está no lugar certo.
Suas mãos estavam segurando meus braços, me impedindo de fugir e cada pedaçinho de pele do meu braço formigava. Eu ainda tinha medo do toque dele.
- Me solte. - Pedi.
Ele me olhou e não me soltou, depois Riu e abaixou a cabeça.
- Agora. Mandei me soltar!
- Não grite.
- Saia de perto de mim, o que você fez foi crime. Se eu tivesse contado que você me machucou nem estaria aqui comigo. Estaria preso.
- Obrigado.
Ele me soltou e eu pude soltar o ar que eu segurava e nem sabia. Ficamos nos olhando por alguns minutos até eu quebrar o silêncio.
- Não me diga que aqui é o jardim.
- Quero conversar com você.
- Já está conversando.
Ele se sentou na grama e ficou me observando. Eu me sentia encurralada, então sai de perto em direção o castelo.
- Você não vai achar a saída. - Gritou.
E novamente o medo me consumiu e eu estava implorando por uma saída, toda vez que eu andava, voltava para o mesmo lugar. Lágrimas caiam e eu já estava ficando desesperada e Malton só ria. Fui até ele e praticamente Gritei.
- Para! Pare de rir de mim como seu eu fosse um fantoche de circo que faz palhaçadas para os outros. - Cada vez mais , sentia as lágrimas descerem. - Para Malton.
Fechei os olhos, tentando me acalmar.
- Desculpa, eu não sabia que você ia ficar assim. - Disse ele, roçando seus braços com os meus. - Não é pra tanto.
- Saia.
- Você tem... Medo de mim?
Fiquei calada.
- Eu te ajudei Cath. Eu não te fiz mal.
- Fez! - Gritei. - Você me feriu de todos os jeitos possíveis.
Ele me puxou para um abraço e invés de ficar paralisada, eu relaxei. Seus braços me envolveram e de repente senti seus labios nos meus.
Nos beijamos com carinho e ternura, sua boca ia em um ritmo lento e sensual, e eu já estava perdida em seus braços. Sua mão na minha cintura se apertou mais e eu senti minha costa escostarem na parede, meus braços subiram para os seus cabelos e então eu me dei conta de que eu estava tendo um lance com Tommy e eu não podia me aproximar desse jeito de Malton, então o afastei.
Sai correndo para onde quer que fosse, mas em outro beco Malton me achou e ele se jogou em mim, o que fez nós dois cairmos no chão.
- É aquele carteiro de quinta não é? - Perguntou.
Tentei me afastar, mas o corpo de Malton era muito pesado e deixava minhas pernas presas, tentei arranha-lo mas ele prendeu as minhas mãos para cima.
Ambos estávamos ofegando.
- Deixe ele fora disso.
- Você o ama?
- O que?
- Você ama o carteiro?! - Gritou .
- Não te interessa.
Ele disfarçou, mas dava pra perceber a mágoa em seu olhar.
- Você nunca poderá ficar com ele. Você sabe disso não sabe?
- Que seja. Se você sabe dele, então deve saber que também não posso ficar com você.
Ele suspirou .
- Então você queria?
- Saia de cima de mim.
- Não.
- SAIA!! - Gritei.
Dois guardas apareceram e tiraram o Malton de cima de mim.
- O que está havendo aqui?
Perguntou um enquanto me levantava.
- Está tudo bem Alteza?
Eu Funguei e assenti.
- Eu me assustei, Malton apenas me ajudou a se levantar.
Malton me olhava como se ainda esperasse pela resposta que eu evidentemente nao iria dar a ele.
Segui com os guardas em direção ao palácio e deixei Malton para tras. Ele não nos seguiu, apenas ficou.
Eu havia magoado ele?
Esperei que ele viesse, mas ele não veio.
E durante toda aquela tarde eu não tirei o Malton e nem o seu beijo da minha cabeça .
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A Herdeira Perdida
RomanceA vida de Catherine Alonzo muda no dia em que matam sua mãe e fica entre a vida e a morte. Jogada no deserto sem ajuda alguma ela tenta sobreviver e com a ajuda de um homem ela consegue chegar a cidade e percebe que é a herdeira de uma fortuna que...