Capitulo 17

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E lá estava eu, sentada em uma cadeira no meio da sala e deixando os técnicos do laboratório pegarem fios de cabelo, saliva etc..

Meu coração batia rápido.

Tommy sempre ficava comigo e lá estava ele, do outro lado da sala, lindo como um príncipe. A rainha e o rei estavam sentados em outras cadeiras e algumas outras pessoas estavam ali.

Eu sabia que Malton estava no quarto, sentia a presença dele. Após eu te-lo defendido, ganhou o mesmo cargo de Tommy: Guarda Real da Princesa. Eu tinha que aguentar ele todos os dias, mas ele havia se afastado.

Tommy ficava na frente do meu quarto e Malton do lado de fora, em baixo da sacada. Eu não sabia como era que eu iria conviver com ele sob o mesmo teto.

Nunca tive algum tipo de remorso ou algum ódio pelo Malton, eu tinha que reconhecer que ele me ajudou, mas agora eu queria descobrir o porque de fazerem aquilo comigo. Ninguém no palácio sabe o que eu passei, não contei pra ninguém, mas podia sair fofocas de dentro da sala de reunião.

- O resultado sairá amanhã. Foi um prazer. - Disse o técnico antes de colocar o algodão dentro da maleta.

O rei se levantou e cumprimentou o rapaz.

- Perfeito. Obrigada por vir.

Uma empregada acompanhou o rapaz até a porta enquanto o rei falava com alguns guardas. Tommy saiu e levou consigo alguns medicamentos e os guardas seguiram-no , menos o Malton.

- Malton irá levá-la para conhecer o jardim. - Disse o rei.

Imediatamente me levantei.

- Não quero , muito obrigada. Prefiro me deitar, não estou passando muito bem.

O rei se aproximou de mim e segurou meu braço bem forte.

- Filha minha não passa o dia no quarto. - Disse rispidamente. - Você é a princesa, não vai governar um país dentro de um quarto.

Ele me soltou e esperou a minha reação. Eu não tinha coragem de contraria-lo então apenas aceitei, assim ele se retirou com sua esposa.

- Vamos? - Perguntou-me Malton.

Ele se aproximou para pegareu braço, mas eu desviei.

- Não me toque.

Ele Riu e colocou as mãos pra cima em sinal de redenção. Seguimos para o jardim, ele na frente e eu atrás, como dois estranhos.

- Você não precisa ficar sem falar comigo. - Comentou.

Não Respondi.

Entramos em um labirinto. Porque sempre nesses castelos tem um labirinto? Entramos por tantos becos que eu nem sabia, mas onde estava. As folhas eram verdes, bem verdinhas e pareciam ser bem cuidadas.

Meu vestido enganchou em um galho e eu me abaixei para ajeita- lo, quando me levantei Malton estava tao perto de mim que eu podia sentir sua respiração. Ficamos parados por alguns minutos, apenas se observando, até eu me afastar e ele me puxar e colar o meu corpo nas paredes cobertas por grama do labirinto.

- Me desculpe. - Disse. - Eu sei que o que eu fiz com você foi errado, mas agora você está no lugar certo.

Suas mãos estavam segurando meus braços, me impedindo de fugir e cada pedaçinho de pele do meu braço formigava. Eu ainda tinha medo do toque dele.

- Me solte. - Pedi.

Ele me olhou e não me soltou, depois Riu e abaixou a cabeça.

- Agora. Mandei me soltar!

- Não grite.

- Saia de perto de mim, o que você fez foi crime. Se eu tivesse contado que você me machucou nem estaria aqui comigo. Estaria preso.

- Obrigado.

Ele me soltou e eu pude soltar o ar que eu segurava e nem sabia. Ficamos nos olhando por alguns minutos até eu quebrar o silêncio.

- Não me diga que aqui é o jardim.

- Quero conversar com você.

- Já está conversando.

Ele se sentou na grama e ficou me observando. Eu me sentia encurralada, então sai de perto em direção o castelo.

- Você não vai achar a saída. - Gritou.

E novamente o medo me consumiu e eu estava implorando por uma saída, toda vez que eu andava, voltava para o mesmo lugar. Lágrimas caiam e eu já estava ficando desesperada e Malton só ria. Fui até ele e praticamente Gritei.

- Para! Pare de rir de mim como seu eu fosse um fantoche de circo que faz palhaçadas para os outros. - Cada vez mais , sentia as lágrimas descerem. - Para Malton.

Fechei os olhos, tentando me acalmar.

- Desculpa, eu não sabia que você ia ficar assim. - Disse ele, roçando seus braços com os meus. - Não é pra tanto.

- Saia.

- Você tem... Medo de mim?

Fiquei calada.

- Eu te ajudei Cath. Eu não te fiz mal.

- Fez! - Gritei. - Você me feriu de todos os jeitos possíveis.

Ele me puxou para um abraço e invés de ficar paralisada, eu relaxei. Seus braços me envolveram e de repente senti seus labios nos meus.

Nos beijamos com carinho e ternura, sua boca ia em um ritmo lento e sensual, e eu já estava perdida em seus braços. Sua mão na minha cintura se apertou mais e eu senti minha costa escostarem na parede, meus braços subiram para os seus cabelos e então eu me dei conta de que eu estava tendo um lance com Tommy e eu não podia me aproximar desse jeito de Malton, então o afastei.

Sai correndo para onde quer que fosse, mas em outro beco Malton me achou e ele se jogou em mim, o que fez nós dois cairmos no chão.

- É aquele carteiro de quinta não é? - Perguntou.

Tentei me afastar, mas o corpo de Malton era muito pesado e deixava minhas pernas presas, tentei arranha-lo mas ele prendeu as minhas mãos para cima.

Ambos estávamos ofegando.

- Deixe ele fora disso.

- Você o ama?

- O que?

- Você ama o carteiro?! - Gritou .

- Não te interessa.

Ele disfarçou, mas dava pra perceber a mágoa em seu olhar.

- Você nunca poderá ficar com ele. Você sabe disso não sabe?

- Que seja. Se você sabe dele, então deve saber que também não posso ficar com você.

Ele suspirou .

- Então você queria?

- Saia de cima de mim.

- Não.

- SAIA!! - Gritei.

Dois guardas apareceram e tiraram o Malton de cima de mim.

- O que está havendo aqui?

Perguntou um enquanto me levantava.

- Está tudo bem Alteza?

Eu Funguei e assenti.

- Eu me assustei, Malton apenas me ajudou a se levantar.

Malton me olhava como se ainda esperasse pela resposta que eu evidentemente nao iria dar a ele.

Segui com os guardas em direção ao palácio e deixei Malton para tras. Ele não nos seguiu, apenas ficou.

Eu havia magoado ele?

Esperei que ele viesse, mas ele não veio.

E durante toda aquela tarde eu não tirei o Malton e nem o seu beijo da minha cabeça .

A Herdeira PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora