Capitulo 14

333 31 0
                                    

O palácio começou a ficar agitado. Muitos guardas entravam e saíam da sala de reunião do rei e algumas criadas passavam correndo para levar os cafés em uma tentativa de saber o que estava acontecendo.

Os boatos foram se espalhando pelo castelo e chegou na cozinha, que era onde eu estava.

- Dizem que encontraram a princesa e o rei quer ela imediatamente com ele. - Diz uma criada.

- A rainha chora a todo tempo. - Diz outra criada. - Ela não acredita que seja verdade.

- Também. Olha o tempo que eles procuram por ela. - Diz outra.

Todas estavam curiosas e algumas falavam que a rainha só sabia chorar em vez de fazer alguma coisa a respeito. Eu não tinha ideia de quem era a garota, mas o que mais me preocupava foi o modo que o rei me olhou nesta manhã.

Já estava de tarde, a última luz do sol entrava pelas grandes janelas do castelo e eu me sentia cada vez mais sozinha.

Mas em que diabos se meteu o Tommy?

E o.. Malton ?

Com toda essa correria eu nem tive tempo de pensar em Malton. Eu ainda podia confiar nele?

Eu nao sabia.

Sentada a mesa da cozinha, eu chorava em silêncio, como uma menininha abandonada e eu era exatamente isso. Apesar de ser adulta eu me sentia tão criança.

- Srta. - Disse um guarda que apareceu na porta.

Me levantei e ajeitei o vestido. Ele era diferente dos outros, era baixo e tinha o cabelo preto e olhos castanhos claros, uma expressão facial esquisita e usava óculos grandes e redondos.

- Deseja alguma coisa?

Disfarcei um pouco a voz e enxuguei as lágrimas do meu rosto.

- Venha comigo.

Ele saiu e eu o segui.

Entramos em um quarto grande e quadrado, tinha paredes azuis e sofás verdes. Quadros de ouro com a antiga família real pendiam nas paredes assim como as lundas samambaias.

Seguimos ate um armário e eu não estava entendendo nada. Ele abriu um guarda roupa de madeira e retirou algumas roupas, depois abriu a gaveta de sapatos e chamou a criada.

Uma mulher de cabelos escuros e olhos claros entrou na sala. Eles cochicharam e depois o guarda saiu.

- Oi.

Ela sorriu logo após que o guarda saiu, fechando a porta atrás de si.

- Pode me dizer o que eu estou fazendo aqui?
Sei que fui grossa, mas não era a minha intenção.

A mulher apontou para o banco e mandou eu me sentar, todo tempo sorrindo. Qual o problema dela?

Ela remexeu no guarda roupa e retirou um vestido roxo com pedras verdes. Ele era tomara que caia, mas logo percebi que ele tinha uma camada transparente que encobria os ombros e seguiam ate a mão onde fazia uma luva. Ele era lindo, todo rodado e muito tufado.

- Me chamo Lize.

Ela sorri.

- Catherine.

- Catherine? Ah! Eu pensei... - Ela pareceu um pouco desconcertada, mas logo voltou a sua expressão "sorriso" - Deixe pra lá. Posso chama-la de Cath?

E foi a minha vez de sorrir.

- Claro Lize.

Ela estendeu o vestido para mim e de voltou para a área de sapatos.

- Esses vestidos são maravilhosos, mas mandaram eu escolher um que não seja muito... - Ela parecia procurar alguma palavra, mas não encontrou. - Você me entendeu. - Sorriu.

- É pra mim lavar ele? Como se lava um vestido deste?

É claro que precisaria de muito cuidado para lavar, essas pedras poderiam sair se lavasse de qualquer jeito.

- Claro que não bobinha. Se vista. Ande logo.

Am?

- Como assim?

- Eu não tenho permissão para lhe falar nada, só me pediram para lhe falar que depois daqui é para seguir para a sala de reunião.

Fui ate o vestiário e fechei a cortina, vesti o vestido. Ele ficou lindo em mim, parecia uma moça da grande sociedade.

Eu sei que é difícil, mas tenho que aprender a aceitar a realidade. E a realidade é que eu não sou uma moça da grande sociedade.

Quando sai do vestiário, Lize estava segurando um sapato cor verde-esmeralda e ela sorriu ao me ver.

- Você está completamente estonteante! Oh.. Vão ficar tão impressionados.

Ela se aproximou e me puxou pelo braço, me sentou no banco e começou a calçar-me os sapatos que eram de salto médio.

- Eu ainda não entendi porque eu estou usando essa roupa.

- Logo, logo você vai entender.

E ela me puxou para um banco que ficava em frente á um espelho com vários brilhos e uma mesa cheia de pentes e perfumes.

Meu cabelo ficou solto e encaracolado como ele é. Lize colocou uma presilha em formato de borboleta que brilhava sob a luz da lâmpada e me passou um perfume adocicado. Depois fez uma maquiagem leve e passou um batom cor de vinho e minha boca ficou atraente.

- Você está pronta. Michael está esperando por você na porta.

- Mas...

E ela me empurrou em direção a porta.

Mike estava lá fora e me olhou dos pés a cabeça quando eu sai.

- Está muito elegante Cath.. Am.. Srta.

Porque ele estava me tratando assim ?

- Pode me explicar o que esta havendo ?

- Não. Me siga.

Fomos em direção a sala de reunião e vários guardas estavam na porta, quando me viram fizeram reverência e eu estava totaente confusa e com a testa vincada.

- Boa Sorte.

- Do que está falando Mike?

- É muito difícil de acreditar. - Ele ri.

- O que?

- Entre. Vá

Ele me empurrou em direção a porta e eu vacilei ao entrar, só tive que entrar assim que as portas foram abertas revelando meu outro eu do outro lado, que chorava abertamente.

A Herdeira PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora