Capitulo 41

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Dante deu sua risada sarcástica enquanto observa meu desespero. Acorrentada ao chão eu não tinha forças para me levantar, ver seu pai morrer é a coisa mais horrível do mundo. Eu queria procurar minha mãe, não sei mais o que fazer. Como irei ajudar essas pessoas? Eu não sirvo para ser rainha. Meu reino será um desastre.

- Eu o derrotei minha querida prima. - Disse, exalando puro êxtase.

Senti as mãos de Tommy nas minhas costas e tossi. Algo chamou minha atenção e antes que eu percebesse Malton tinha enfiado uma vara de ferro no peito de Dante, o fazendo cair no chão com os olhos assustados e as veias aparecendo. Meus olhos se ajustaram diante daquele horror.

Isso foi errado.

A frota de Dante se revoltou. Avançaram com suas armas e começaram a atacar com suas flechas de fogo, Malton sumiu no meio da multidão e eu estava sendo puxada para dentro da floresta, eu não me sentia mais. Não sentia nada, nem o brilho das cores, nem o céu e muito o menos o sangue derramado.

As lágrimas deixavam meus olhos embaçados. Eu precisava ver minha mãe.

- Tommy... - Murmurei.

Meu corpo foi lançado no chão e eu pude ver o rosto de Levionour. Onde está o Tommy?

Ele me deu um pisão e eu apaguei. Simplesmente apaguei. Sem preocupações, sem inibição. Não me lembro de nada depois disso, é como se a minha mente estivesse morta, é como se não existisse.

     *-----*

A dor na cabeça é dolorosa. Minhas pálpebras estão dormentes e eu não sinto os pés nem as mãos. Sinto um cheiro de mofo, chão molhado, lama, esgoto. Abro meus olhos com cuidado e me reparo com uma versão cabeça para baixo de um repugnante celeiro abandonado. O feno está podre e há resto de acessórios de animais no chão e sem falar no cheiro de merda.

Estou presa. Minhas mãos estão presas em algemas igualmente aos meus pés e sinto o sangue escorrer para a minha cabeça. Jeito triste de morrer.

Sei que a batalha não terminou pois ouço ainda as espadas se chocando, os gritos agudos... O cheiro da morte.
 
Tento me soltar mas não me consigo. Tenho que ficar calma ou vou morrer. Sei que não estou aqui por muito tempo porque as algemas ainda não marcaram meu pulso e sei que tenho meia hora antes de morrer.

Ouço passos e a porta sendo aberta.

- Olha quem acordou... - Disse ele.

Adam. Meu ex-noivo. Psicopata Ambulante.

- Você acha que com a morte de Dante vocês iriam se salvar? Ele não era o único líder. Você errou. Você só comete erros. Agora está aí prestes a morrer.

Permaneci calada embora a vontade de falar seja grande. Tenho que me acalmar.

- Antes de você morrer nós vamos brincar um pouco. - Diz e ri.

De repente um saco preto é jogado no chão bem na minha frente, bem embaixo da minha cabeça para ser mais exato. Congelo.
Ele ri e abre o zíper revelando um corpo banhado por sangue. Ele tira primeiro o peitoral e vejo o resto do corpo dentro do saco.  Encarou o rosto do morto.

Malton.

O ar me falta quando ele joga o resto do corpo como se fosse lixo. Braços para um lado, pernas para o outro. Ah meu Deus!

- Não... - Murmuro.

- Não... - Me imita.

As lagrimas começam a sair. Desesperadamente, como águas escorrendo pela cachoeira. Malton não. Desse jeito não. Fecho os olhos para não ver seu corpo totalmente esquartejado.

- Sinta o cheiro da morte minha jovem.

Sinto a mão. Que nojo! Ele está esfregando uma mão em mim, a mão de Malton. Sinto o cheiro de sangue e o sinto escorrer pelo meu rosto.

- Está com nojo? - Pergunta e ri. - A morte é uma das coisas mais belas que existem.

E ele é jogado. Abro os olhos e vejo Tommy o socando. As cores estão se apagando, estou morrendo. O sangue chegou ao cérebro.

- Estou aqui meu bem. - Diz Tommy enquanto sinto meu corpo tocar o chão.

Ele me abraça e eu estou protegida. Me sinto protegida mas me entrego a um pranto sem fim.

- Eu sei. - Conforta-me.

- Assim não...

Pelos Deuses!

A Herdeira PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora