Capitulo 42

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Saímos do celeiro após alguns minutos. Nem olhei para trás, não iria suportar ver aquilo novamente, não iria conseguir... Nem fui capaz de ver quando Tommy o colocou de volta no saco preto. Ele não merecia uma morte deste jeito, ele era bom. Mesmo depois de morto eu ainda acreditava que ele era uma pessoa boa. Será que digo isso por ter lhe amado? Será porque...

- Cath. - Chamou-me Tommy.

Virei-me e a vi em pé diante da grande árvore que tinha ao lado do celeiro. Ele estava com as roupas sujas de lama e ainda se podia ver o sangue no seu pescoço. Dante escolheu meus amigos para machucar, para me machucar, machucar a todos nós.

- Você está bem? - Pergunto. - O que houve depois que desmaiei?

- Estou bem, só as costas que doem. E... Não houve guerra.

- Como assim? Como não?

- Eles tinham uma carta na manga. Ele pegou sua mãe.

- O quê?! - Exclamo. - Como deixaram que isso acontecesse?

- Por isso que Malton morreu. Ele quis impedir mas falhou. Ele sabia que você viria me salvar e quando não estava vendo seu pai na batalha ele concluiu que estivesse tentando invadir o território dele e mandou cinco homens por algum lugar escondido e conseguiram entrar no palácio.

Eu sabia. Ele era bom. Morreu tentando salvar a minha mãe, a sua rainha.

- E onde está Dante agora? - Pergunto.

- Dante morreu Cath. Quem está com a sua mãe é o Adam.

- Ah Meu Deus! E agora? Onde estão estão os outros do meu reino?

- Se renderam, mas ele não tem sede pelo trono como Dante, ele quer apenas se vingar por você ter dado um pé na bunda dele.

- E o que sugira que eu faça? Não posso enfrentar um exército sozinha, sou só uma e eles são muitos.

Abaixei a cabeça e me sentei na grama. Eu sei o que ele quer fazer, ja que meu pai está morto ele quer que eu veja minha mãe morrer. Ele não vai matá-la enquanto eu não
estiver lá.

- Não irão te matar. - Diz Tommy enquanto coloca a mãos nos meus ombros e massageia levemente. Isso me acalma um pouco. - Eles irão te deixar entrar sem pestanejar.

- Mas não irão deixá-lo entrar...

Ele se calou.

Após alguns segundos eu tive uma ideia.

- Você disse que o Adam entrou por um caminho escondido no castelo? - Perguntei ao me levantar.

- Sim.

- Eu sei onde é .

*-----*

Ficava na floresta atrás de uma árvore pintada de vermelho nas raízes, aquela era a passagem de segurança do rei caso houvesse alguma ocasião perigosa, Mas felizmente ela nunca foi usada. Admiro-me que Adam saiba onde fica, talvez Dante tenha passado o mapa do castelo para ele.

Chegamos em poucos minutos ao nosso destino, não temos armas nem roupa adequada para a ocasião, mas não estou nem ai. Afinal, estou na minha casa mesmo. Puxo a alavanca e uma passagem se abre no chão, revelando uma escadinha de mármore.

- Acha que é seguro? - Pergunto.

Tommy desce primeiro com cautela. Após alguns segundos de espera, ele deu sinal verde e logo eu desci. Lá embaixo tinha cheiro de álcool e óleo, tinham castiçais iluminando o túnel de barro. Tommy pegou um pedaço de madeira enrolado com folhas para que queimassem, colocou no fogo e seguimos caminho ouvindo apenas a nossa respiração.

Ao fim do túnel, vimos a porta. O encarei.

- Você consegue. - Disse ele. - Irei dar um jeito de entrar.

- Obrigada por salvar minha vida Tommy. Caso aconteça algo comigo...

- Hey, pare. Nada vai acontecer. Eu prometi não te abandonar. Lembra?

Ele colocou as mãos no meu rosto e soluçei. Me encarou por alguns segundos antes de colar os lábios nos meus. Por um segundo, fiquei inerte. Mas depois correspondi, fazia um bom tempo que ele não me beijava, não me protegia, não falava comigo e agora estávamos nos beijando. Seus lábios macios me beijaram com ternura e sua lingua passeava em minha boca, quando ambas se encontraram me agarrei nele com uma força inacreditável, como se ele fosse um pedaço de mim. Eu precisava descarregar a emoções e me beijar foi uma ótima ideia. Ele segurou minha cintura com mais força e deslizou sua mão para o meu cabelo, fiz o mesmo. Nos beijamos até ficar sem ar. Nos separamos co a respiração ofegante e nos encaramos.

- Senti falta... disso. - Disse ele entre arfadas.

- Eu também.

Dei-lhe um selinho e segui caminho.

Eu estava pronta.


A Herdeira PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora