Eu não acreditava que o Malton estava na minha frente com as mesmas vestes do palácio que eu o vira usando antes. Ele estava mais forte, não. Ele estava normal, talvez fosse porque eu fiquei sem vê-lo.- Mas o que você está fazendo aqui? - Disse, chocado.
Ele se voltou para a porta, por um momento pensei que ia partir, mas ele apé as trancou-a e veio na minha direção. Vê-lo podia ser muito bom, mas eu estava com medo. A cada passo que ele dava eu dava um para trás até que as minhas costas bateram na parede e eu estava sem saída. Pensei que ele fosse chegar mais perto, aliás não isso que acontece em filmes? , mas ele ficou um pouco longe.
- Catherine. - Susurrou.
Foi gratificante ouvir meu nome sendo susurrado, foi inebriante. Ele levantou as maos para tocar-me mas eu imediatamente me afastei. Tinha medo que ele me machucasse outra vez.
- Não vou te machucar.
- Como posso acreditar em você depois do que você fez? - Pergunto. - Não há como .
Sentia meus olhos se encherem de lágrimas e se tornarem uma poça até algumas gotas escorrerem. Malton me olhava com uma expressão de culpa, surpresa, preocupação e arrependimento.
- Como sobreviveste?
- Era pra mim estar morta não é?! - Grito. - Eu venci! Estou viva!
E eu gritava, chorava, esperniava e me afastava dele.
- Você me queria morta. - Susurrei, as lágrimas me consumindo. - Porque me ajudar e depois me jogar no deserto?
Me virei para olha-lo mas só vi a sua expressão carrancuda.
- Eu tentei.
- Não! - Interrompo-o. - Você não tentou, você me deixou para morrer sem nenhum remorso. Eu confiava em ti, mas agora eu nem sei mais em quem confiar.
- Quem lhe ajudou? Como chegou aqui?
- Não te interessa.
- Você tem que sair daqui! É perigoso demais.
- Porque? Porque você tem medo que eu abra o bico? - Sugeri.
Nesse momento ele segurou meu braço com tanta força que eu achei que iria quebrar, ambos estávamos ofegantes e nossos rostos estavam tão próximos que eu podia sentir sua respiração.
- Pare de gritar como louca. - Susurrou. - Me escute.
- Solte . - Ordenei, indicando o meu braço.
Quando me soltou eu lancei o meu melhor olhar de nojo. Ele me enoja, agora eu sei mais do que ninguém. Ele me enoja.
- Você precisa dar o fora daqui, quando lhe acharem pode ser pior. Eu não vou estar lá para lhe ajudar sempre.
- Me ajudar?! - Eu ri. Realmente ri. - Como pode dizer que me ajudou? Você nunca me ajudou.
- Eu ajudei! - Ele gritou e eu me Encolhi. - Eu te dei água, eu te ajudei Catherine. Se eu não tivesse feito aquilo você não teria nem acordado. Eu te dei chances de viver!
Nesse momento a porta do salão se abriu e entrou dois guardas que eu não soube identificar. Eles deviam estar achando estranho me verem com um guarda e ainda verem que eu estava chorando.
- O que está acontecendo aqui? - Perguntou o guarda mais forte.
- Está tudo sob controle. - Disse Malton, mas o guarda não lhe deu ibope algum.
O guarda se virou para mim e me chamou, fui sem nem pestanejar. Minha cabeça estava um caco e eu precisava recoloca-la no lugar.
- Ele fez algo para a senhorita? - Perguntou-me o mais fraco enquanto me acompanhava para fora do salão.
- Não, eu estou bem.
- A senhorita está chorando.
- Eu já lhe disse que estou bem.
- Certo. Sou Mike. - Ele parou e estendeu a mão.
Me apressei em estender a minha em um simples aperto de mão , mas ele pegou a minha e tascou um beijo. Eu gostei de ser tratada como uma dama de verdade e logo percebi que estava sorrindo como uma idiota.
- Consegui lhe colocar um sorriso no rosto. - Ele riu. - Aliás, belo sorriso.
- Ah... Você conhece o Tommy?
- Tommy? O carteiro?
- Sim,sim. Esse mesmo. Sabe onde ele está?
- Porque a senhorita deseja falar com ele?
- Preciso... Esclarecer algumas coisas. - Sorri.
- Acredito que não será possível. Ele está em uma reunião com os membros da justiça da cidade.- Aié...
- Perdão?
Eu costumava dizer " Aié " , era como se dissese " É mesmo. " , mas nunca me entendiam.
- Tudo bem, obrigada.
E eu segui para a cozinha, mas fui interrompida.
- Senhorita! - Chamou-me Mike.
Me virei para vê-lo e tive o desprazer dever Malton e o outro guarda saindo do salão. Nem ouvi direito o que Mike me perguntava, meus olhos eram puxados pelo o de Malton.
- Você está bem?
Sai de meu transe com as mãos de Mike na minha frente, balançando. Eu ri.
- Sim, eu estou.
- Me esqueci de perguntar seu nome.
- Catherine.
E fui para a cozinha, deixando todos para trás.
Ao chegar na cozinha vi algumas mulheres preparando o jantar, outras limpando o assoalho e algumas lavando louça. Tudo corria tao depressa e era muita coisa para fazer.
- Ande! Ande! - Disse a governanta. - Pegue logo essa maldita bandeja e leve-a para os aposentos do rei.
Peguei a bandeja e sai, logo me dei conta de que não sabia onde era os seus aposentos, mas achei um guarda muito gentil que me levou até lá.
Dois guardas vigiavam os aposentos do rei, um em cada lado da porta. Ao passar eles me olharam e depois voltaram a se postar como estátuas da liberdade.
Os aposentos do rei era grande como duas salas bem grandes e espaçosas, quase tudo era cor de vinho e brilhava como um lustre de diamantes, aliás havia um lustre de diamantes que centralizava o quarto.
Só havia um homem sentado á escrivaninha e esse provavelmente seria o rei. Ele tinha uma aparência cansada, cabelos brancos e grisalhos. Não consegui ver sua face, pois estava de costas.
- Deixe na mesinha. - Ordenou-me.
Sua voz era grossa e ao mesmo tempo gentil. Aparentava ser um homem bom.
Olhei para as mil mesinhas que ali estavam, que diabos era a mesa?
- A que tem a flor vermelha da minha esposa. - Explicou-me.
Era uma mesa mais alta que as outras e pendiam retratos em cima dela, assim como um espelho. Ao deixar a bandeja vi que eu não estava tão suja, apesar de ter passado o pano em meu rosto, eu ainda continuava a mesma de sempre. Rosto de menina.
- Dê uma olhada no meu closet e pegue um moletom, estou com frio. - Ordenou.
Entrei no closet , era grande e havia muitas roupas. Seus moletons estavam pendurados em cabides. Peguei um azul aveludado e sai.
Quando o rei se virou para pegar o moleton da minha mão deixou que caísse sua xícara de chá e me olhou com espanto.
Meu peito bateu mais forte. O que será que fiz de errado?
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A Herdeira Perdida
Storie d'amoreA vida de Catherine Alonzo muda no dia em que matam sua mãe e fica entre a vida e a morte. Jogada no deserto sem ajuda alguma ela tenta sobreviver e com a ajuda de um homem ela consegue chegar a cidade e percebe que é a herdeira de uma fortuna que...