O dia estava lindo, mas não pude aproveitar do meu modo porque tive coisas mais importantes para fazer, tipo ir em outra cidade para saber de uma possível rebelião de alguns povoados distantes, tudo ocorreu bem, mas não era isso que preocupava meu pai e sim algo, mais grave. Quando chegamos ele nao falou coisa alguma e partiu para sua biblioteca, levando seus ajudantes consigo. Ficou lá por umas três horas dem pedir nada. Algo muito ruim estava acontecendo.
Bati na porta com receio, na verdade nunca conversei muito com o meu pai e nem a minha mãe. Tão diferentes da minha mãe Anelize, que Deus a tenha.
Um homem de cabelos escuros e roupa escura abriu a porta e fez uma reverência ao me ver, sorri para ele e adentrei a biblioteca. Ela tinha cheiro de hortelã e vários livros empilhados, móveis rústicos, mas muito bem cuidados. Meu pai me encarou com a testa escreparda, talvez não imagine o porque de eu estar ali.
- Preciso de um minutinho com o senhor. - Falei.
- Estou ocupado, muito ocupado. - Disse e se virou para um homem pequeno e magrelo. - Chame minha esposa e diga a ela que a quero aqui imediatamente.
- Sim senhor. - Disse o homem e se foi.
Continuei a observá-lo mexer nos papéis que estavam em cima da escrivaninha, quando ele me encarou, suspirou e me mandou sentar na poltrona de couro que estava na sua frente.
- Prossiga Sophia. - Disse ao me observar sentar.
Virei-me para os guardas e os demais na sala, ainda bem que entenderam meu olhar de " cai fora" . Todos saíram.
- O que está acontecendo? - Perguntei.
- Acontecendo? A que você se refere? - Disse meu pai ao tomar um gole da sua água.
Brinquei com as canetas que estavam em cima da mesa onde se encontrava algumas revistas.
- Você está trancado com esses homens aqui a tanto tempo e depois mandou chamar a mamãe. Quero saber o que ta acontecendo.
- Isso não é assunto seu.
- Um dia serei a rainha deste povo e exijo saber.
- Você está certa. Certa em dizer que "um dia" - Fez aspas com os dedos - você irá ser a rainha mas isso significa que você ainda não é e este rei sou eu, portanto me deixe trabalhar e caia fora daqui.
Arquiei a sobrancelha e soltei uma gargalhada. Não acredito que levei uma patada do meu pai.
- Papai, querido. Eu sei que tem alguns povos se rebeliando contra nós, mas está tudo bem até agora. Mas sei que não é isso que está lhe deixando assim.
Ele nem teve tempo de falar algo a respeito, mamãe adentrou a sala usando um vestido curto e florido que combinavam com a presilha do seu cabelo.
- Oi meu amor. - Disse enquanto fechava a porta e se deparou comigo na sala. - Oi filha, o que ta fazendo aqui?
Encarei meu pai.
- Eu precisava falar com você. - Disse meu pai dando um selinho na minha mãe.
- Diga.
Ele me encarou, acho que estou sobrando.
- Não vou sair daqui até você me dizer tudo o que quero saber . - Falei.
- O que você quer saber? - Perguntou mamãe.
- O que está deixando ele preocupado.
- Não é nada Sophia, apenas trabalho. - Disse ele.
Papai voltou a mexer na papelada e minha mãe se sentou ao meu lado.
- Tudo bem? - Perguntou. - Fiquei sabendo do fim do noivado.
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A Herdeira Perdida
RomansA vida de Catherine Alonzo muda no dia em que matam sua mãe e fica entre a vida e a morte. Jogada no deserto sem ajuda alguma ela tenta sobreviver e com a ajuda de um homem ela consegue chegar a cidade e percebe que é a herdeira de uma fortuna que...