Capitulo 7

397 33 0
                                    

Os cabelos dela eram vermelhos como fogo e combinavam com seus olhos azuis claros, tinha um rosto de menina meiga, seus olhos chamavam a atenção de qualquer pessoa, mas eles me puxavam como um imã.

Ao vê-la chorar naquela cadeira, totalmente amarrada e sendo torturada por Gilson, tive pena. Não suportaria vê-la sofrer novamente, foi quase um sacrifício deixa-la no deserto, sem comida e água. Essas horas ela já podia estar morta e eu sentia falta daquele olhar que implorava por ajuda. Tentei ajuda-la, mas não havia como. As ordens eram claras: A garota tem que morrer.

No começo, tentei ajudar, mas eu iria ser açoitado se desobedesse as ordens. Aquela menina sofreu a vida toda, ela podia ter tido um berço de ouro, mas a vida lhe proporcionou um de madeira velha.

Ela era muito bonita, qualquer um se apaixonaria. Aquela garota chamou-me a atenção, não foi como amor a primeira vista, mas definitivamente senti alguma coisa.

- Matem-na! Aquela bastarda é um perigo para a cidade! - Essas foram umas de suas palavras.

Nunca entendi o porque de uma jovem tão bela e inocente fosse ser um perigo para a sociedade, na verdade nunca entendi nada que saiu da boca daquele povo.

Gilson e Robson morreram naquele dia apenas porque eu queria salva-la. Matei dois soldados, se é que eles eram soldados. Sempre lembro das palavras da minha mãe.

- Ser um soldado é servir ao governo e não desobedecê-lo. Ser um soldado não é matar inocentes e sim salvá-los.

Eu era um soldado? Eu fiz a coisa certa? Não. Eu nunca faço a coisa certa, se o rei descobrisse eu seria morto, junto com os outros envolvidos.

Ao deitarem-na sobre a areia quente do deserto pensei em como ela sobreviveria, não havia nenhum sinal de vida ali, eu agradeceria á Deus se ela voltasse para a cidade sã e salva, se é que existia um Deus.

Uma inocente! Eu deixei que matassem uma inocente que vale ouro. Eu não presto! Eu não presto! Eu não presto!

- Soldado. - Disse o comandante atrás de mim.

O comandante era um homem de meia idade com cabelos grisalhos e muitas rugas ao redor dos olhos. Imediatamente, me levantei e ajeitei a postura.

- Sim?

- Está tudo bem?

- Sim.

- Realmente, como um amigo. Está tudo bem Malton?

Suspiro.

- Sim, senhor. Precisa de mim?

- Vigie a ala leste do castelo, há movimentações por lá.

- Sim, senhor.

E segui para a ala leste do castelo, trabalhar para a familia real era uma profissão que todos queriam e devia ser bem representada.

A Herdeira PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora