Capitulo 35

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O dia estava nublado, as nuvens brincavam no céu, se transformando em formatos diferentes. Todos se acomodaram no seu lugar. É verdade, vamos ser massacrados.

Ao olhar pela janela, percebi que eles estavam em maior número, nossos homens sofreram algum tipo de armadilha, a maioria estavam sem movimentos nas pernas, mas claro que colocamos-os no topo do castelo onde podiam trabalhar com as flechas e não serem inúteis nesta guerra.

Eu não sabia onde estava a garota principal, tanto nesta guerra quanto no meu coração, ela havia sumido. Procurei-o em seu quarto, que é o local onde mais fica, na sala de música, na cozinha e nos demais lugares mas não a encontrei. Não pude deixar de pensar que foi sequestrada, mas logo recebi a notícia de que ela havia saído para procurar o Malton.

Malton.

O que ela viu nele? Eu sou uma pessoa muito melhor. Eu a amo, sempre a amei e sempre vou amar, mesmo que ela não me queira. Nunca vou amar uma pessoa como eu a amei. Sinto falta do seu sorriso, seu olhar, tudo. Mas quero a Catherine, a menina que conheci no deserto com roupas sujas e cabelo bagunçado, não a Sophia, aquela menina exibida e querendo se transformar em rainha à todo custo. Como o dinheiro pode mudar uma pessoa tão rápido? Porquê a pessoa se torna uma pessoa tão ruim quando está com muito dinheiro? Mas isso não importa para mim, vou a querer porque eu sei que Catherine ainda está viva em algum lugar naquele corpo.

Entrei na sala do pai dela com um certo receio, sentia uma pressão horrível quando estava diante dele. Sua expressão se tornava em uma carranca quando me encarava e o ar ficava mais pesado. Ele estava segurando uma pilha de papéis e olhando para os soldados se alinhando na grama verde e se organizando para a guerra, já que o outro exército resolveu descansar e nos dar algum tipo de chance.

- Mandou me chamar senhor? - Perguntei ao abrir a porta.

Ele me encarou com a expressão carrancuda que eu sempre via quando lhe dirigia a palavra. Fechei a porta e me portei como um bom guarda na sua frente.

- Onde está Sophia? - Perguntou e desviou o olhar de volta para a janela.

Essa é uma boa pergunta...

- Eu não sei, senhor.

Ele iria ficar furioso, eu sei. Recebi seu olhar de desprezo e carregado de desprezo, mas ele não gritou nem me humilhou, como sempre fazia, apenas largou os papéis em cima da mesa e esperou uma resposta de mim.

Fiquei sem reação.

- Você não a procurou? - Perguntou com a voz sub carregada.

- Procurei, mas não a encontrei. Recebi uma informação que dizia que ela havia saído para encontrar o guarda Malton.

- Sim, ela foi. - Respondeu. - A mais de três horas.

- Mas... - Gaguejei.

Mike adentrou a sala correndo e, praticamente, se jogou em cima do rei e não se importou com o olhar de confusão e escárnio dele.

- Majestade. - Disse Mike, com a voz alterada por conta da respiração ofegante. - Sua filha... - Susurrou.

- Minha filha? Minha filha o que? - Instingou o rei.

- Está lá. - Disse Mike ao apontar para o exército inimigo se aproximando. - No pilotão da frente, vestida com armadura e tudo.

A cor drenou do meu rosto. Não acredito que ela resolveu se rebelar contra o pai, mas porque? Como assim? Faz tanto tempo que nós não conversamos que nem teria como eu responder a essas perguntas.

- O que? - Perguntou o rei ao se voltar para a janela. - Não é minha filha seu idiota, você está maluco?

- N-não senhor, eu tenho certeza absoluta.

O rei se postou com uma expressão furiosa e saiu da sala abrindo a porta com fúria. Saímos e nos preparamos para receber suas ordens quando chegamos no centro do exército.

Nunca pensei que a veria do outro lado, na linha inimiga. Com toda a certeza, ela seria a primeira morrer nesta batalha. Ela é uma garota muito delicada, uma mulher de colocar flores nos cabelos e não uma armadura. Ela não tinha o maior jeito no esgrime quanto mais em uma batalha verdadeira.

- Precisamos nos concentrar, termos consciência no que estamos fazendo. Não preciso de mais trabalhadores, então matem todos. - Disse o rei ao pegar sua espada brilhante.

- Mas senhor... E a princesa? - Perguntou um dos homens.

Foi a primeira vez em que vi o rei desconcertado, ele demorou alguns segundos para responder.

- Você está surdo? Eu disse " matem todos". - Disse e montou em seu cavalo, saindo de perto de nós.

- Quem vai ter coragem de matar aquela garota, assim, na cara dura? - Perguntou outro homem.

- Eu não. - Murmurou alguns.

- Eu mato. - Murmurou outros.

- Não vou deixar ninguém matá-la. - Falei, tomado por adrenalina.

Recebi os olhares de todos e fiquei mais nervoso, mas não deixei que percebessem.

- Ah claro. Tens coragem de nos deixar e entrar no território inimigo para salva-la? - Perguntou alum homem.

- Tenho. - Suspirei. - E é isso que vou fazer.

Tornei a andar, em direção a eles, tomado por adrenalina. Não vou deixar que ninguém mate a minha amada, minha flor, a flor mais linda que já vi, mais linda até que a flor que fiquei encantado no deserto. Ela é a rosa mais linda que brotou em meu jardim, não posso perdê-la.

Senti um puxão e quando me virei, Garrett estava com as mãos segurando meu braço.

- Onde você pensa que está indo? - Perguntou.

- Me solte.

Me soltei em um puxão e novamente fui puxado para trás, encontrei o olhar do rei por debaixo da armadura. Retirei meu capacete e o joguei no chão, ignorando seu desprezado olhar.

- Vou salvar a mulher que amo. - Respondi e segui meu caminho.

- Mas ela nos traiu! - Gritou Garrett.

Eu não respondi, mas sabia que era mentira. Tinha que ser mentira.




A Herdeira PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora