Minha garganta estava seca e olhos grudados, era impossível abrir os olhos. Senti algo molhado na garganta e imediatamente me sentei e comecei a cuspir água e a tossir, minha garganta estava doendo e a dor em minha cabeça já não era tanta. Consegui abrir os olhos e um homem estava parado à minha frente.
Ele era alto, cabelos castanhos e olhos incrivelmente pretos como carvão, usava uma camisa branca e uma calça preta, forte e aparência jovial.
Levei um susto e imediatamente me afastei, esperava ver Malton na minha frente e não aquele homem estranho.
Eu estava em uma cabana feita com panos que pendiam como se fossem desabar encima de nós dois, a areia era lisa e branca, muito vento batia e fazia a cabana inchar.
- Ahm... Tudo bem, moça?
Perguntou o estranho. Sua voz era grossa, mas bem normal, não parecia com as dos outros homens.
- Malton?
Esperava encontrar Malton ali comigo, naquele lugar, mas cada vez em que eu o procurava, ele não estava lá.
- E-eu me chamo Tommy.
- Quem é você? - Perguntei, assustada. - Onde estou?
Comecei a chorar como uma criança, meus vestidos estavam sujos de terra e eu estava extremamente suja.
- Eu... Encontrei você caída embaixo de uma árvore. De onde você é?
Mas do que este homem falava?
Me levantei com um pouco de dificuldade e sai da cabana. Me deparei com um monte de areia e poucos cactos, estávamos em baixo de uma caverna rochosa e nenhum carro ou casa estava por perto.
- Qual o seu nome? Cadê o Malton?
Eu não sei porque, mas eu queria o Malton. O que aconteceu com ele? Lagrimas escorriam por todo o meu rosto e sentia cada gota quente cair nos meus ombros. Passei a gritar como uma louca em um local deserto onde não haveria nenhuma ajuda.
Malton! Malton!
O homem veio até mim e me sacudiu.
- Para! Acalme-se.
Eu tossi e me encolhi no chão, tudo era uma visão borrada, eu só chorava e chorava. Porque Malton me deixou? Porque me jogaram aqui? Eu vou morrer! Torrada no sol quente, carbonizada com a luz do sol. Era um jeito horrível de morrer! Onde está Deus? Porque não me ajudas?
- Olhe, escute. Eu lhe encontrei caída no chão, você estava desacordada, eu quero ajudar. Qual o seu nome? - a voz do homem era um borrão em meus ouvidos, conseguia entender bem pouco.
- Catherine. - Susurrei.
- Como veio parar aqui no deserto senhorita Catherine?
- Se eu soubesse já estaria bem longe daqui.
Meu estômago roncava, mas a dor em meu peito era o suficiente para esquecer a tal fome. Lembrei-me do corpo da minha mãe jogado no quintal, chorei novamente e meu peito parecia que ia se rasgar, eu respirava com dificuldade e o mundo em volta de mim parecia que ia explodir.
Briguei com ela! Antes da morte, minha mãe e eu brigamos e ela estava com raiva de mim. Oh mamãe! Porque?
- Onde está Deus nessas horas? - Balbuciei enquanto chorava abertamente.
- Eu tenho que seguir viagem, não posso ficar aqui srta. - Disse o homem.
- Quem é você?
- Eu me chamo Tommy. Sou carteiro da cidade de Roulx. Você é de lá? - Perguntou-me.
- Estamos muito longe?
- Não muito. Perdoe-me perguntar, mas... O que fizeram com a senhorita?
- O quê?- Seu rosto, está machucado.
Meu peito subiu e desceu novamente, cada batida do meu coração parecia dilacerar minha pele, me agarrei ao meu próprio vestido e lutei para não lembrar, mas a memória voltou, ela sempre volta quer você queira ou não.A morte da minha mãe, os homens me atacando, a dor em meu rosto, a pressão da corda em minhas mãos, o panico e o medo, o sangue em meu rosto, a ajuda e o desprezo de Malton. O que eu fiz de tao grave?
Me virei e vi Tommy com a mochila nas costas indo embora. Como assim? Ele não pode me deixar, lutei para correr, mas minhas pernas não ajudavam.
- Ei! Ei! Tommy! Por favor...
O rapaz se voltou para mim e me olhou como se eu fosse um inseto.
- Não posso ficar lhe consolando, me desculpe.
E se virou novamente, continuei andando e consegui ao menos lhe puxar pelo braço.
- Você vai ter coragem de me deixar sozinha no meio do nada?
- Eu tentei conversar, mas você não para de berrar.
- Eu acabei de acordar no deserto com um homem totalmente estranho! O que quer que eu faça? Você não sabe nada do que eu passei.
- E porque não me conta? Pare de chorar e me conte.- Me leve até a cidade.
- Nunca lhe vi lá, mora lá mesmo?
- Moro.
- Tudo bem, eu te levo. Coma um pouco.
Ele me entregou duas barras de cereais sabor amendoim, eu não sabia se podia confiar nele, mas era a única opção que eu tinha.
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A Herdeira Perdida
RomanceA vida de Catherine Alonzo muda no dia em que matam sua mãe e fica entre a vida e a morte. Jogada no deserto sem ajuda alguma ela tenta sobreviver e com a ajuda de um homem ela consegue chegar a cidade e percebe que é a herdeira de uma fortuna que...