Capítulo 9

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Anastasia
A possibilidade de eu entrar em combustão espontânea é real.
A voz de Nate é apenas um sussurro quando ele sugere testar aquela
teoria, mas sinto cada sílaba tocar minha pele, e um arrepio percorre meu
pescoço e peito. Estou lutando contra meu próprio corpo desde que ele
colocou os braços nas laterais da minha cabeça e se aproximou.
Ele mal tocou em mim, e estou quase me derretendo na frente dele.
Não sei se é a proximidade, pura adrenalina ou a tequila, mas perco toda
a razão e pressiono a boca na dele.
Ele não perde tempo e enfia a mão no meu cabelo sob a curva do
pescoço, segurando firme. A mão livre desliza pelo meu corpo e aperta
minha bunda, me fazendo gemer.
Nate está por todo o meu corpo de uma vez só; eu só me seguro nele e
aproveito cada toque, e quando a boca dele viaja para meu pescoço,
chupando e mordendo, estou praticamente sem ar.
Quando viemos para cá, não achei que isso poderia acontecer, juro. É que
ele está tão lindo de terno e foi tão fofo vê-lo andando de um lado para o
outro da festa se certificando de que tudo estava indo bem. E, porra, como
ele é gostoso. Cabelo escuro, olhos quase pretos, e músculos e mais
músculos.
Ele fica de joelhos na minha frente, puxa a gravata-borboleta e abre os
botões da gola da camisa. Com o cabelo bagunçado, graças às minhas mãos,e o rosto vermelho, ele me encara. Suas mãos deslizam dos meus tornozelos
até os joelhos, descem de novo e, sim, estou quase derretendo.
— Tem certeza de que quer isso?
— Você tem papel e caneta para eu desenhar um mapa?
Estou fazendo piada. Por quê? Por que acho o jeito incrédulo como ele me
olha agora tão engraçado? E excitante?
— Eu não brinco quando se trata de consentimento, Anastasia — diz ele
com a voz calma enquanto se inclina para beijar a parte interna do meu
joelho.
— Tenho certeza.
Não sei como tenho essa certeza. Tenho certeza de que não deveria ter
certeza. Não deveria gostar de como ele está colocando meu joelho sobre o
ombro. Tenho certeza total que não deveria gostar da língua dele passando
pela minha coxa.
Ele puxa o tecido do vestido para o lado e, quando o vesti hoje, não foi
assim que imaginei que a noite terminaria. Ouço um gemido de satisfação
quando ele se aproxima de onde minhas coxas se encontram e percebe que
não estou usando calcinha.
A espera está me matando. Sei que ele está fazendo isso de propósito,
cada vez mais perto, mas sem fazer nada de fato.
Estou prestes a abrir a boca para mandá-lo ir mais rápido quando sua
língua toca minhas dobras e circula meu clitóris. Um gemido alto e
desesperado ressoa pelo quarto. Nem percebo que fui eu quem gemeu até
sentir os ombros do idiota se mexerem com sua risada.
Dedos deslizam pela parte de trás das minhas coxas até não terem mais
para onde ir. Suas mãos imensas apertam minha bunda, ao mesmo tempo
que ele me chupa e me faz sentir como se estivesse flutuando.
Estou acabada. Só consigo me contorcer, tremer e gemer. Merda. Nem
preciso ver seu rosto para saber que ele está todo convencido; nem
conseguiria fazer isso — ele está enfiado no meio das minhas pernas.
Passo as mãos pelo cabelo dele para me apoiar em algo, e ele solta um
gemido do fundo da garganta. Sinto as borboletas em meu estômago se
multiplicarem.Quero dizer algo inteligente, provocá-lo. Não posso lhe dar a satisfação
de saber que me deixou assim em poucos minutos.
Uma de suas mãos se afasta da minha bunda e, quando olho para baixo,
vejo olhos castanhos me encarando. Eles continuam focados em mim
enquanto Nate enfia dois dedos e encontra meu ponto G em dois segundos e
meio.
Já era.
Ele acelera o ritmo enquanto mete os dedos em mim, o ritmo em perfeita
sincronia com a língua, e se não estivesse apoiando meu corpo inteiro na sua
boca, eu já teria caído no chão.
A sensação cresce, minhas mãos puxando o cabelo dele com força em
meio aos gemidos, meus saltos cravando-se cada vez mais nos músculos das
costas dele enquanto tento me mover para cavalgar em seus dedos.
— Nathan… — gemo. Meu corpo está tão tensionado que mal consigo
respirar. — Nathan, eu vou goz…
Nem consigo terminar a palavra quando sou invadida por espasmos no
corpo inteiro, então grito, tudo vibra e pulsa enquanto me aperto contra ele,
me contorcendo, meu corpo tomado pelo prazer e calor.
Ele tira os dedos e a boca, se afasta para olhar melhor para mim, e com a
expressão mais arrogante que já vi na vida, coloca os dedos na própria boca
e os chupa sem quebrar contato visual.
Cacete.
A festa foi há alguns dias, e, desde então, todo dia aprendo algo novo
sobre mim.
Isso é natural, tendo em vista o que aconteceu.
A primeira coisa que aprendi foi que sei correr muito bem de salto;
aprendi isso quando saí correndo do quarto de Nate. Aprendi que não sei ser
discreta, mesmo quando estou ativamente tentando evitar alguém. Também
aprendi que seria uma criminosa terrível: seria pega rapidinho. Estou muito
paranoica e nervosa, e por isso meu instinto é acordar com um pulo,
assustada, quando ouço alguém batendo na porta do meu quarto.O braço de Ryan está ao redor da minha cintura, a cabeça enfiada no meu
pescoço, e seu gemido de irritação faz minha pele vibrar.
— Faz ela parar.
Só uma pessoa nessa casa tem autoconfiança suficiente para bater assim
na porta de alguém tão cedo.
— O que você quer, Lola?
— Vocês estão trepando ou posso entrar?
Eu e Ryan nem transamos ontem à noite, a gente viu um filme e dormiu.
Concordamos que os benefícios da nossa amizade acabaram porque ele ia
pedir para namorar sério com Olivia. Não fico chateada, porque sabia que ia
acabar em algum momento. Fico feliz por ter ganhado um grande amigo de
uma situação maravilhosa.
Ryan se afasta de mim e deita de costas, bufando.
— Se estivéssemos transando, você teria cortado o clima.
— Ok, vou entrar. Esconde o pau, Rothwell.
Lola entra, apoiando duas caixas em seu quadril, e se joga na cama. Ela
faz um movimento dramático para cobrir os olhos quando vê o peito nu de
Ryan.
Ele olha para mim, incrédulo, e puxa o edredom para se cobrir. Com ou
sem benefícios, eu usaria uma foto do corpo de Ryan como papel de parede
se pudesse. Lola é ridícula.
— Como está meu não casal favorito hoje? — pergunta ela, empolgada, e
joga uma caixa em cima de mim. — Temos presentes!
Ryan boceja e mantém o corpo coberto enquanto se espreguiça.
— Eu estaria melhor se tivesse me acordado com café da manhã em vez
de uma dor de cabeça.
A coisa favorita de Ryan quando dorme aqui é o fato de Lola fazer o café
da manhã. Fofo, né?
Lo faz um som de reprovação.
— Ninguém gosta de drama, Rothwell.
— De quem são os presentes? — pergunto, observando meu nome na
caixa em letras garrafais.— Nate. — Ela toca no celular e o som de uma chamada de vídeo
começa. — Temos que abri-los em uma chamada de vídeo.
Chamada de vídeo?
— Lo, espe…
— Bom dia — diz Robbie. — Você está linda hoje.
— Tem gente ouvindo — resmungo antes que eles comecem a fazer sexo
pelo telefone.
— Aqui também — responde ele. Lola fica de costas para mim e Ryan.
Ela levanta o celular para enquadrar nós três na tela.
Robbie faz a mesma coisa e mostra que Nate e JJ estão ao lado dele,
aparentemente comendo cereal. JJ levanta os olhos da tigela, olha para a
câmera e se engasga. Nate levanta o olhar também — a expressão dele é
neutra. Robbie o ignora e fala mais alto.
— Abram seus presentes agora.
— Aqui, Rothwell — diz Lo, se virando para entregar o celular para Ryan.
— Seja útil e filme aqui.
Parece que se passaram horas desde que Lo entrou no quarto e,
finalmente, abro a caixa. É estranho abrir um presente que supostamente é
de Nathan quando estou sentada na cama com Ryan. Não tenho motivo para
achar isso estranho, mas é o que sinto.
Ah, espera aí, talvez seja porque estou evitando Nate desde que ele fez o
melhor oral que já me fizeram na vida cinco dias atrás, e a primeira vez que
ele me vê depois disso, estou na cama com alguém. Talvez seja por isso.
Coloco as mãos dentro da caixa e tiro o presente de lá: uma camisa do
uniforme do time de hóquei, o Titans.
Lo dá um grito empolgado, segurando uma camisa idêntica. Nas costas
está escrito Mitchell, e quando viro a minha, vejo que Allen está escrito em
letras brancas e garrafais.
— Valeu, Nate!
— Fui informado de que era isso que precisava fazer para vocês
receberem ordens minhas. Bem-vindas ao time.
Está na cara que o coitado do calouro que estava na porta na festa de
Robbie repassou a mensagem.— Experimentem — diz Ryan por trás da câmera. — Não acredito que
estou na cama com duas estrelas do hóquei. Que sorte a minha.
— Poderiam ser três se tivesse me avisado antes — diz JJ, rindo.
— Cala a boca, seu otário, tá falando da minha garota.
Lo pisca para mim antes de colocar a camisa. Nós duas já lemos e
assistimos a romances bons e ruins o suficiente para saber que amamos
quando os caras dizem minha.
— Eu amei.
— Temos que ir pro treino. Falo contigo depois, ok? — diz Robbie.
— Claro, tchau.
— Tchau, pessoal — adicionamos eu e Ryan.
Pouco antes de Ryan desligar a chamada, ouvimos Henry dizer:
— Era Anastasia? Achei que ela estava evitando você, Nathan.
Eu consigo me segurar para não reagir ao comentário de Nate, com
exceção do grito intenso e longo que solto dentro da minha cabeça, mas isso
não impede que dois pares de olhos se virem para mim. Foi engraçado
quando Lola e Ryan se viraram para mim ao mesmo tempo, mas agora que
se passaram alguns instantes, está um pouco estranho.
— Está escondendo alguma coisa? — diz Lo com seu tom mais sério
possível.
O que acontece em Vegas fica em Vegas é um lema que deve ser levado a
sério. Sei que tecnicamente foi uma festa temática de Las Vegas em Maple
Hills, mas as regras deveriam valer mesmo assim. Eu deveria ter o direito de
ser um pouco irresponsável e safada sem que meus amigos soubessem.
Infelizmente, para mim, os guardiões de segredos de Las Vegas não
conhecem Lola.
— Conta agora ou vou ligar para ele e perguntar.
Me afundo na cama, cobrindo a cabeça com o edredom para não verem
minha cara.
— ElemechupounafestadoRobbieeeusaicorrendo.
— Quê? — dizem ao mesmo tempo.
Eu bufo e seguro o cobertor com força quando Ryan tenta puxá-lo. Ele é
mais forte do que eu, então desisto.— Ele me chupou na festa do Robbie, blá-blá-blá. — Os dois prendem a
respiração, Lola genuinamente e Ryan imitando seu gesto dramático, mas eu
os ignoro. — Foi um acidente, um momento de fraqueza, e estou evitando o
Nate desde então.
— Não vem com essa de blá-blá-blá. Faz quase uma semana! — grita
Lola, agitando os braços de um jeito exagerado. Ela se vira para Ryan: —
Você sabia disso?
— Não, tive um encontro com a Liv no sábado, então não fui à festa —
diz ele, ignorando o jeito como o rosto dela se contorce ao ouvir o nome de
Olivia. — Mas estou curioso para saber como duas pessoas fazem sexo oral
por acidente, Tasi. Compartilhe com o resto do grupo.
— Seu idiota — resmungo, batendo nele com um travesseiro. — Fui usar
o banheiro dele. Nathan estava tentando me fazer admitir que eu queria ser
amiga dele, então perguntou se precisava ficar de joelhos e implorar.
— Clássico — diz Lola, revirando os olhos.
— Ele disse que eu estava apenas fingindo que o odiava.
— É, qualquer boa pegação começa desse jeito — responde Lola de novo,
com um tom sarcástico, fazendo uma careta. — Pula pra parte interessante.
— Bom, quando ele perguntou se precisava ficar de joelhos, fui sincera.
Disse que a única situação em que quero ver um homem de joelhos na
minha frente é quando a cabeça dele está no meio das minhas pernas.
Lola não consegue respirar de tanto rir, e Ryan está do mesmo jeito. Fico
surpresa por Aaron ainda não ter aparecido, porque aí teríamos uma cena
maravilhosa.
— Vocês são terríveis — resmungo, batendo de novo nos dois com um
travesseiro. — Enfim, ele entendeu isso como um convite. Falou pra eu pedir
com jeitinho, e ficou todo, “eu não brinco quando se trata de consentimento,
Anastasia”, todo sexy e misterioso, e, tipo, eu gritei tanto que quase fiquei
sem voz.
— Entendeu isso como um convite? — repete Ryan, boquiaberto. — Tasi,
você praticamente pediu pra sentar na cara dele.
— Não pedi, não!É claro que não. Estava apenas afirmando que não gostava de ver um
homem implorando na minha frente. Não sei como isso poderia ser malinterpretado.
De qualquer forma, eu culpo Ryan por tudo isso. Se ele estivesse lá
quando Lola sumiu com Robbie, teria alguém para me impedir de fazer
besteira com jogadores de hóquei gostosos.
— Anastasia. — Ele segura meu rosto com as mãos para eu olhar apenas
para ele, não para Lola, que está enxugando as lágrimas de tanto rir. — Se
uma mulher me diz que a única situação em que quer me ver de joelhos é se
eu enfiar a cara no meio das pernas dela, eu vou fazer alguma coisa. Se fosse
eu, também te beijaria.
— Bom, tecnicamente — murmuro, me afastando —, pra ser
completamente sincera, eu beijei ele.
— Sua safada — diz Lola, feliz da vida. — Não acredito que não ia contar
pra gente! — Ela dirige o olhar para Ryan, fazendo uma careta de novo. —
Bom, pra mim. Vocês dois são estranhos. Não sei sobre o que vocês
conversam, mas não acredito que não ia me contar!
— Não vai acontecer de novo, Lols, então pode ficar calma.
Ryan resmunga ao meu lado e esconde o rosto entre as mãos.
— Tasi, você sabe que eu te amo, mas você tem que parar de ser tão
teimosa. Hawkins é um cara legal. Você pode transar com ele ou não, mas
desde quando evita as pessoas com quem fica?
— Você definitivamente deveria transar com ele — diz Lo, mais
empolgada do que imaginei.
— Concordo. Pelo menos uma vez, Tasi. Pela ciência.
Uma estudante de teatro e um de literatura, as pessoas menos de exatas
que conheço, olham para mim ao mesmo tempo, sincronizados, e dizem:
— Pela ciência.

Quebrando o Gelo- Hannah GraceOnde histórias criam vida. Descubra agora