Capítulo 18

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Nathan

Paramos na frente da minha casa três minutos depois e, até agora, ela
não tentou fugir do carro, então estamos sentados em um silêncio quase
confortável.
Ela está segurando as alças da bolsa com um olhar distante e o corpo
visivelmente tenso. Sei que está perdida em pensamentos, ansiosa, então
deixo ela quieta por mais alguns minutos, sem interromper.
Mais um tempo se passa e seus lábios continuam tensionados, então
estico a mão e passo os dedos pela bochecha dela, de leve, e limpo a garganta
para chamar sua atenção. Brinco com uma mecha de seu cabelo, e Tasi se
vira para ouvir o que vou dizer.
- Quer brincar de casinha?
- O quê? - Ela parece confusa, o que faz sentido. Linhas aparecem em
sua testa quando ela me olha de um jeito estranho. - Casinha?
- Tipo quando era criança.
A careta se desfaz e os cantos da boca levantam um pouco.
- E como seria isso? Vamos fingir ser os pais dos meninos?
- Vamos esquecer o mundo lá fora até amanhã. Bom, se JJ te chamar de
mamãe, vou bater nele, mas fora isso... Como é aquela sua farsa
motivacional? Só energias positivas.
- Não é farsa! Eu sou uma pessoa positiva - insiste ela, mentindo para
nós dois. Ela bufa e cruza os braços, contrariada, mas não consegue mantero fingimento, e a expressão falsa de irritação se desfaz. - Você sempre foi
gentil assim? Não é bem o que eu esperava.
- É, minha mãe me criou assim. Se eu gosto de você, eu gosto de você.
Sempre fui assim, tudo ou nada.
Sinto um pouco de pânico ao pensar que Tasi pode entender errado o
que quis dizer depois de termos conversado sobre suas intenções, mas
felizmente ela ri.
- Eu imaginaria que, pelo seu status no campus, você teria comido
metade da Maple Hills até agora. Transar muito vem no pacote com o título
de capitão, não é?
- Já comi, sim. E, sim, vem mesmo.
Não sei bem se é a resposta que ela esperava, porque seus olhos se
arregalam, e ela me encara.
- Ah.
- Você está julgando minha vida sexual, Anastasia Allen? A rainha das
relações casuais? - O queixo dela cai e começa a gaguejar enquanto tenta
uma réplica, mas estou curtindo vê-la sem palavras e não lhe dou tempo
para responder. - Pegar pessoas e gostar de pessoas são coisas diferentes. Se
eu gosto de uma pessoa, quero ficar perto e conhecê-la melhor. Não é
sempre que quero algo a mais com alguém, então, quando quero, é uma
prioridade.
- Credo, que grudento - reclama ela, e suas bochechas ficam
vermelhas. Sua mão toca na maçaneta da porta e a outra segura a bolsa. -
Vamos entrar antes que as crianças toquem o terror.
É incrível quando seus melhores amigos gostam da pessoa com quem
você está saindo, mas nós mal acabamos de passar pela porta quando os
rapazes veem Anastasia atrás de mim e se transformam em golden
retrievers. Se não testemunhasse com meus próprios olhos, não teria
acreditado. Conheço esses caras há anos e nunca vi nenhum deles agir que
nem quando Tasi e Lola estão aqui.
Henry começa.
- O que você está fazendo aqui? Quer ver um filme com a gente? Vai
dormir aqui?Passando o braço pela minha cintura e se encostando em mim, ela sorri
para mim antes de olhar de volta para Henry.
- Nathan me sequestrou porque quer brincar de casinha.
- Você pode me chamar de papi quando quiser, Tasi - grita JJ do sofá.
- Sobe. - Eu a empurro com o quadril escada acima. - Para de
palhaçada, Johal. Ela não te quer.
JJ bufa alto.
- Não acredito nisso. Todo mundo me quer.
Henry faz uma careta quando Tasi começa a subir as escadas e resmunga:
- Eu não te quero, JJ.
Estar com Tasi quando ela está sóbria é meu novo hobby favorito.
Eu amo conversar com ela. Parece óbvio, mas amo ouvi-la mergulhar
completamente em uma história. A forma como segura uma risada quando
comenta algo que Lo disse, ou o sorriso triste quando fala de Seattle. Sua
imitação da treinadora Brady com um sotaque russo me faz rachar de rir
mesmo que seja a vigésima vez que ouço.
Ela tem opiniões e interesses e, por trás do comportamento competitivo e
absurdamente organizado, é apenas uma mulher que quer ser bem-sucedida.
Isso faz eu me sentir péssimo por tê-la julgado como dramática, porque,
vamos ser sinceros, ela tem, sim, seus momentos, mas no fim das contas é
uma questão de compromisso e medo.
Outra descoberta interessante que fiz sobre a Tasi sóbria é que, para
alguém que não gosta de pessoas grudentas, ela é bem grudenta.
Tipo, literalmente, ela não larga de mim.
Que nem um coala.
Ou um bicho preguiça.
Seu corpo inteiro está enroscado no meu. O rosto fica enfiado no meu
pescoço, o cabelo faz cócegas no meu nariz, as pernas envolvem minha
cintura e minha única opção é equilibrar o notebook na bunda dela, então,
com uma das mãos, pesquiso um site de fantasias e, com a outra, faço
carinho nas costas dela.Por mais que eu queira que ela não se sinta mal, especialmente porque
Aaron está puto por minha causa, fico feliz por ela estar aqui e não me
mantendo afastado.
- Você tem alguma gordura no corpo? - bufa ela, se esfregando em
mim até envolver minha cintura e se sentar para ficarmos cara a cara. -
Parece que estou deitada no chão. Você é completamente plano.
Fecho o notebook, coloco-o no chão e dou atenção para a bela mulher
em cima de mim.
Minha camiseta está imensa nela, outra coisa que eu amo. É estranho, eu
sei. Isso me faz pensar se existe uma justificativa psicológica para o fato de
vê-la usando minhas roupas me deixar tão excitado.
- Desculpa se o corpo pelo qual me esforço tanto não serve como
colchão para você. - Passo o polegar pelo seu lábio inferior, e, quando ela
mordisca a ponta, com uma expressão cruel no rosto, todo o sangue do meu
corpo vai para o meu pau. - Mas tenho certeza de que você tem outros
motivos para gostar do meu corpo.
Os quadris dela se esfregam na ereção que luta para escapar da cueca e eu
juro por Deus, um movimento ínfimo, e essa mulher vai me deixar doido.
- Sabe o que eu quero? - ela me provoca, traçando com o dedo cada
músculo abdominal até meu umbigo.
- Me conta, Anastasia, o que você quer?
- Comida. - Ela ri, se deitando de novo no meu peito, apoiada nos
antebraços. - Estou morrendo de fome.
Tentei fazer ela escolher algo para comer desde quando chegamos. Tem
sido uma tarefa impossível, talvez a mais frustrante da minha vida.
Sugeri pedirmos comida. Sugeri que eu cozinhasse. Sugeri comprar algo
para nós. Todas as sugestões foram recebidas com um resmungo e um
balançar de cabeça. Então tento de novo, me inclinando para beijar a ponta
do nariz dela porque está fofa demais.
- Hambúrguer?
- Muitas calorias.
- Pizza?
- Calorias.Estou prestes a sugerir comida tailandesa pela milésima vez quando o
celular dela toca.
- Desculpa, preciso atender... Oi, Ry. - Ela afasta o celular, e o rosto
dele preenche a tela.
Ótimo.
- E aí? - acrescenta ela, empolgada.
- Ei, acabei de buscar a Liv no ensaio e encontrei a Lo. Ela disse que
Aaron tá te irritando e queria saber como você tá. - Estou tentando não
olhar para o celular dela por cima do meu ombro, porque não sei se estou
aparecendo nesse ângulo. - Vamos pro Kenny's comer asinhas de frango,
quer ir?
Ouço um barulho de leve no fundo, e ele ri.
- Liv mandou um oi; aparentemente eu sou muito alto e estou tapando
ela.
- Oi, Olivia! Pois é, Aaron está sendo um poço de doçura como sempre,
mas tudo bem. Só está estressado porque acha que estou sendo irresponsável
com... as coisas.
Eu. Eu sou "as coisas".
- E ele sempre fica irritado quando chega na época de competição, mas
acho que ele vai ficar de boa no dia, e isso é tudo que importa. Eu adoraria
comer no Kenny's, mas não dá. Obrigada de qualquer maneira.
- Eu sugeri asinha de frango e você disse que não - resmungo
baixinho.
Ela revira os olhos pra mim e responde baixo:
- Calorias.
- Você disse "calorias"? - diz Ryan em um tom sério. - Ele está
tentando controlar o que você come de novo? Espera... quem está aí com
você?
- Estou com Nathan - diz ela, esticando o celular para o lado, de forma
que ele consiga vê-la deitada em cima do meu peito nu. - E ninguém está
controlando nada, nem começa. As seccionais são em duas semanas, Ryan.
Nem todo mundo pode viver à base de gordura saturada e carboidratos.Para minha surpresa, quando olho para o celular dela e aceno com a
cabeça, Ryan está com um sorriso imenso no rosto.
- Bom saber que você seguiu meu conselho, Allen. Não quero atrapalhar
a noite de vocês. Tchau, gente! Avisem se quiserem encontrar com a gente.
Tasi desliga e coloca o celular de lado sem falar nada.
- Que conselho você seguiu?
- Hum? Ah, ele... Ryan disse que eu deveria parar de ser tão dura
contigo e te dar uma chance. Disse que você era um cara legal e que eu
deveria parar de ser teimosa.
Eu sempre disse o quanto gosto do Ryan. Sempre disse que ele era um
cara legal e sábio, que todo mundo deveria ouvir. Retiro tudo de ruim que
disse antes.
- Depois disse que eu deveria transar com você, pela ciência, e Lo
concordou.
Eu gosto dos amigos da Anastasia. Gente boa demais.
- Então você está me dando uma chance?
Estou pronto para o que vier. Ela ainda está aqui na minha cama. Não
importa o que diga. Eu entendo seus limites e fico feliz de estar onde estou
agora.
- Sim, acho que sim. Mas, se você não me der comida logo, vou ficar
furiosa de tanta fome e sei lá o que vou dizer ou fazer com você.
- Vou pedir comida do Kenny's. Você quer asinha de frango, então vai
comer asinha de frango.
Ela enfia a cara no meu peito e resmunga besteiras sobre engordar.
- Ah, cala a boca, Anastasia. - Dou uma risada e me encolho quando
ela bate nas minhas costelas por ter mandado ela calar a boca de novo. -
Calorias não existem em realidades alternativas. É uma refeição apenas, e
você queima centenas de calorias extras por dia. Ok?
Ela brinca com as pontas do cabelo, ansiosa. Finalmente, faz que sim.
- Ok.
- Não precisamos falar sobre isso agora, mas eu quero saber o que o
Ryan quis dizer dessa história do Aaron controlar o que você come. Então, o
que quer que eu peça?Uma hora depois, estou com uma mulher bem mais feliz ao meu lado.
Depois de um pote gigante de asinhas e batata frita com queijo, ela está
com um sorriso radiante no rosto e me olhando como se eu tivesse criado o
Sol. Só fiz o pedido e fui buscar na porta, mas é o suficiente para ela.
Henry não sabia para onde olhar quando ela passou por ele a caminho da
cozinha vestindo a minha camiseta. Ninguém sabia para onde olhar quando
ela literalmente gemeu quando deu a primeira mordida. JJ ficou
boquiaberto, mas até ele achou por bem ficar quieto; melhor assim, porque
temos jogo no sábado e não quero perder um zagueiro.
Mas nada impede Henry e sua expressão preocupada. Ele tem tentado
não falar a primeira coisa que vem à sua mente, mas nem sempre tem
sucesso.
Tasi morde outra asinha, e o cenho dele franze ainda mais.
- Eu sei que vou ter que ouvir você fazer esse barulho mais tarde, Tasi.
Não parece justo ter que ouvir durante o jantar também.
- Cacete, Hen - grita JJ, cuspindo a bebida na ilha da cozinha.
Tasi fica com a boca aberta e nem eu sei como ela vai reagir. Essa é minha
deixa para tirá-la de perto dos meus amigos. Quando ela termina de comer e
lavar as mãos, arrasto-a para o quarto.
Assim que que fecho a porta, ela me empurra contra a porta, abraça meu
pescoço e puxa meu rosto para perto do dela.
O corpo macio de Tasi se molda ao meu, e ela afunda os dedos no meu
cabelo.
- Por que a pressa? - pergunto enquanto tiro a calça de moletom,
porque não sou idiota de ficar fazendo mil perguntas quando ela me beija
assim.
- Henry disse que eu faço barulho quando gozo, então quero transar
antes de ele ir dormir.
Meu Deus.
Essa não estava sequer na lista de respostas que achei que ela poderia dar.
Minha mão desliza pelo material leve da camiseta que ela ainda está
vestindo e entra no meio das suas pernas, e dedilho o lado de fora dacalcinha. Ela se esfrega nos meus dedos, buscando a pressão, e aperta meus
braços enquanto a língua busca a minha.
Seus barulhos e movimentos me deixam louco. Gemendo e tremendo,
sua respiração ficando mais pesada quando beijo seu pescoço e agarro a
parte de trás das coxas para enroscá-la no meu quadril, nos afastando da
porta.
Estou desesperado para estar dentro nela. Só consigo pensar nisso desde
sábado. O quadril dela se movendo contra o meu, o arrepio se espalhando
por mim.
- E se eu gostar de quando você faz barulho?
- Então faz algo pra me fazer gritar, Hawkins.
Eu a coloco de pé, seguro as laterais da calcinha e puxo até os tornozelos,
após ela concordar com a cabeça. A camiseta é a próxima, e ela fica nua,
coxas se tocando, as bochechas rosadas e olhos brilhando. Ela é a mulher
mais sexy que já vi na vida, e acho que não sabe disso. Deixo-a em pé ali e
me jogo na cama de costas.
- O que você está fazendo? - Ela coloca as mãos na cintura e inclina a
cabeça, confusa.
- Estou esperando você vir aqui e sentar na minha cara, Anastasia. O
que acha que estou fazendo?
Eu amo brincar de casinha.

Quebrando o Gelo- Hannah GraceOnde histórias criam vida. Descubra agora